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domingo, fevereiro 27, 2022

Guerra na Ucrânia: o que é o sistema de pagamentos Swift, que causa divisões sobre sanções à Rússia




O Swift foi criado em 1973, por bancos de vários países, para facilitar transações internacionais

Na quinta-feira do dia 24 de fevereiro, quando a Rússia deu início a uma invasão ao território da Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que líderes mundiais teriam "as mãos sujas de sangue" se não banissem a Rússia da rede de pagamentos Swift, fundamental para transações de valores ao redor do mundo.

"Eu não serei diplomático sobre isto. Todos que agora têm dúvidas de que a Rússia deveria ser banida do Swift precisam entender que o sangue de homens, mulheres e crianças ucranianos inocentes estará em suas mãos também", escreveu em sua página no Twitter.

Os ministros do Reino Unido, da Estônia, da Lituânia e da Letônia uniram-se a Kuleba em sua pressão para que o acesso russo ao sistema global de pagamentos fosse cortado, enquanto outros países europeus vinham sendo relutantes à medida.

No dia 26, União Europeia, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos anunciaram que o bloqueio aconteceria de fato.

"A medida vai garantir que esses bancos sejam desconectados do sistema financeiro internacional e prejudicar sua capacidade de operar em nível global", diz o texto do comunicado conjunto, que afirmava ainda que a implementação ocorreria "nos próximos dias".

Mas como essa sanção afetaria a Rússia? E por que sua adoção causa polêmica entre os países?

O que é o Swift?

Swift é uma artéria do sistema financeira global que permite a transferência rápida e fácil de dinheiro através de fronteiras. Seu nome significa Sociedade para Telecomunicação Financeira Mundial entre Bancos, na sigla em inglês.

Criado em 1973 e baseado na Bélgica, o Swift conecta 11 mil bancos e instituições em mais de 200 países. Não é, porém, um banco tradicional. É uma espécie de sistema de mensagens instantâneas que informa usuários quando pagamentos foram enviados e quando eles chegaram ao destino.

'Dmytro Kuleba disse que o Ocidente teria 'mãos sujas de sangue' se não banisse a Rússia do Swift'

Ele envia mais de 40 milhões de mensagens por dia, e trilhões de dólares passam de mão em mão entre empresas e governos. Acredita-se que mais de 1% dessas mensagens envolvam pagamentos russos.

Por que a pressão para banir a Rússia?

Expulsar a Rússia do sistema, usado por milhares de bancos, atingiria a rede bancária do país e seu acesso a recursos financeiros. Mas muitos governos temem que isso também prejudique suas próprias economias e empresas, conforme a compra e venda de petróleo e gás da Rússia fosse atingida, por exemplo.

O Reino Unido liderou as demandas para que o sistema fosse deligado na Rússia, embora o secretário da Defesa britânico tenha dito: "Infelizmente, o sistema Swift não está sob nosso controle. Não é uma decisão unilateral".

Acredita-se que a Alemanha fosse resistente à ideia. Na mesma linha, tanto o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, como o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disseram na sexta-feira (25/2) que a opção seria usada apenas como um último recurso.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou na quinta-feira que a retirada da Rússia do Swift não estava na mesa "pois neste momento não é uma posição que o resto da Europa deseja tomar", embora tenha dito que continuaria sendo uma possibilidade.

Quem controla o Swift?

O Swift foi criado por bancos americanos e europeus, que não queriam que uma única instituição desenvolvesse seu próprio sistema e tivesse um monopólio sobre essas transações.

Hoje a rede é de propriedade conjunta de mais de 2 mil bancos e instituições financeiras. É gerenciada pelo Banco Nacional da Bélgica, em parceria com grandes bancos centrais de várias partes do mundo — incluindo o americano Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, do Reino Unido.

'A economia russa, que já sofre com a queda do rublo, seria atingida com uma saída do Swift'

O Swift ajuda a tornar possível o comércio internacional seguro entre seus membros e supostamente não toma partido em disputas entre nações participantes.

O Irã, entretanto, foi banido da rede em 2012, como parte das sanções em torno de seu programa nuclear. O país perdeu quase metade de seu faturamento vindo das exportações de petróleo e 30% de seu comércio com o exterior.

O sistema afirma não ter influência sobre sanções e que qualquer decisão de impor alguma medida restritiva cabe aos governos nacionais.

Como a suspensão da Rússia do Swift afetaria o país?

Empresas russas perderiam acesso às transações instantâneas oferecidas pelo Swift. Como consequência, os pagamentos feitos no comércio de suas valiosas commodities de energia e agrícolas seriam seriamente afetados.

Bancos provavelmente teriam de lidar diretamente um com o outro, o que provocaria atrasos e custos adicionais, e consequentemente reduziria a entrada de recursos para o governo russo.

A Rússia já sofreu a ameaça de ser retirada do Swift antes — em 2014, quando anexou a Crimeia, até então território ucraniano. O país disse na época que a medida seria o equivalente a uma declaração de guerra.

Aliados ocidentais não seguiram em frente, mas a ameaça levou a Rússia a desenvolver seu próprio sistema de transferência entre países, porém ainda incipiente.

Moscou criou governo o Sistema Nacional de Pagamentos de Cartão, conhecido como Mir, para processar pagamentos com cartões. No entanto, poucos países o utilizam atualmente.

Por que os países que fazem oposição à Rússia se dividiram sobre o Swift?

Remover a Rússia do Swift prejudicaria empresas que comercializam bens com a Rússia, particularmente a Alemanha.

A Rússia é o maior fornecedor de petróleo e gás da União Europeia, e encontrar fornecedores alternativos não seria fácil. Com preços de energia já disparando ao redor do mundo, uma interrupção adicional é algo que muitos governos gostariam de evitar.

'Na Europa, muitos temem nova disparada nos preços dos combustíveis, como em 2021'

Além disso, empresas credoras dos russos teriam de encontrar outras formas de serem pagas. O risco de um caos no sistema bancário internacional é muito grande, dizem vários observadores.

Alexei Kudrin, ex-ministro das Finanças da Rússia, sugeriu que uma expulsão do Swift poderia provocar uma redução de 5% no PIB (Produto Interno Bruto) da Rússia.

Há, porém, dúvidas sobre o impacto na economia russa no longo prazo. Bancos russos poderiam redirecionar pagamentos através de países que não lhe impuseram sanções, como a China, que tem seu próprio sistema de pagamentos.

Havia certa pressão de congressistas americanos por uma retirada da Rússia do Swift, mas o presidente Biden disse que sua preferência seria por outras sanções, basicamente devido ao impacto que essa teria sobre outros países e suas economias.

BBC Brasil

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