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domingo, fevereiro 27, 2022

Guerra traz incerteza à economia global - Editorial




Enquanto se assiste aos bombardeios e ao desespero de civis na Ucrânia, invadida pela Rússia nesta semana sem ter cometido nenhuma provocação, os analistas tentam avaliar as consequências do conflito na economia global. É tarefa árdua, praticamente impossível, porque depende da resposta a uma pergunta: quais são os planos de Vladimir Putin? Além dele, aparentemente ninguém sabe.

Se Putin decidir mudar o governo ucraniano e, em seguida, mandar suas tropas retroceder às bases, o efeito econômico será menor. Caso decida aumentar o escopo da guerra para redesenhar o mapa geopolítico da Europa, o estrago será imenso, no mínimo uma nova recessão global. É um cenário menos provável, mas longe de impossível. Diante da incerteza, as principais Bolsas de Valores sofreram queda acentuada nesta semana. Foram surpreendidas pela invasão, mas ainda não estão numa situação que denote a proximidade de uma crise financeira.

O certo é que a economia mundial cresceria mais neste ano sem a guerra na Ucrânia. Por não saber o que esperar, consumidores e empresários, principalmente nas regiões mais próximas, perdem esperança no futuro e tendem a adiar planos de consumo e investimento. Quanto mais tempo a guerra levar para acabar, maior será a corrosão da confiança.

A Europa depende do gás russo para gerar energia, sobretudo a Alemanha e a Itália. O inverno europeu, agora próximo do fim, foi ameno. O estoque de gás na região está em nível superior ao previsto pelos analistas. Por isso a questão do abastecimento perdeu urgência, pelo menos no curto prazo. Mas não se tornou irrelevante. Um conflito prolongado a tornaria prioritária. Por ora, o mais imediato é o temor de descontrole maior da inflação já em alta, como resultado da escassez dos produtos exportados pela Rússia — como gás, petróleo e grãos.

No Brasil, o trabalho do Banco Central para controlar a alta de preços provocada pela pandemia se tornou mais complicado. A prévia da inflação de fevereiro ficou acima do esperado — 0,99%, o maior nível para o mês desde 2016. Agora com a agressão de Putin à Ucrânia, a tarefa de trazer o índice para a meta neste ano e em 2023 exigirá ainda mais rigor do BC. Uma das possíveis consequências é a manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo. Outro ponto de preocupação na área financeira é a eventual debandada dos investidores de países emergentes, em busca de ativos menos arriscados. Inflação e fuga de capitais são dois dos possíveis canais de contágio dos efeitos da guerra na economia brasileira.

No agronegócio, o que tira o sono é a possibilidade de o conflito atrapalhar a chegada de fertilizantes. A Rússia lidera as exportações globais de fertilizantes nitrogenados, é o segundo fornecedor de nutrientes derivados do potássio e o terceiro nos fosfatados. Pouco mais de 20% dos produtos usados nas lavouras brasileiras vêm de empresas russas. Na eventualidade de as entregas serem interrompidas, uma saída é o Brasil aumentar os carregamentos dos demais mercados de onde importa. Se isso será necessário, ninguém sabe. A marca do atual momento, quando a guerra não completou ainda nem uma semana, é a incerteza.

O Globo

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