Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
A campanha eleitoral nem começou, mas já aumentou a tensão entre Jair Bolsonaro e os ministros Édson Fachin, que acaba de assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, que presidirá a Corte durante a votação. O presidente da República não foi à posse de ambos e, quarta-feira, o secretário-geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, criticou Fachin nominalmente.
Na mesma linha, durante evento do banco BTG Pactual, Bolsonaro fez novos ataques direcionados aos ministros do Supremo, sem citar nomes.
QUATRO LINHAS – “Nós precisamos de paz para ter liberdade e devemos lutar por isso. Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das quatro linhas, mas, por favor, dois ou três no Brasil: não estiquem essa corda. Vocês vão ter que vir para as quatro linhas. Afinal de contas, todos nós temos limites”, declarou.
A referência é endereçada também ao ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e Bolsonaro arrematou: “Alguns poucos, dois ou três, acham que não têm limites e ficam brincando de nos controlar, de desrespeitar a nossa Constituição.”
Bolsonaro está inconformado com a continuidade das investigações sobre fake news, que atingem diretamente seus operadores nas redes sociais. Questionou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que desacatou os ministros do Supremo e defendeu a volta do Ato Institucional nº 5, que institucionalizou o regime militar. Também reclamou da desmonetização de sites de internet de seus seguidores, a partir de um acordo entre o TSE e as principais redes sociais: Google, Facebook, TikTok, Instagram e Twitter. Somente ficou de fora o Telegram, rede de relacionamento russa, sem representação oficial no Brasil.
AGORA, CARLUXO… – Nesta quarta-feira, Moraes enviou ao Ministério Público Federal um pedido de investigação requerido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) sobre a viagem do vereador carioca Carlos Bolsonaro a Moscou.
Responsável pela gestão das redes sociais do pai, o filho 02 é considerado o grande artífice da vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018. A oposição suspeita que tenha viajado para contatar hackers russos, que possam vir a ser contratados para a campanha eleitoral.
E Bolsonaro voltou a dizer que as urnas eletrônicas não são confiáveis. “Onde vamos chegar? Se temos um sistema eleitoral que você pode não comprovar que é fraudável, mas não tem como comprovar também que não é”, disse. Os ataques ao sistema eleitoral, para os ministros do Supremo, sinalizam a disposição de não aceitar o resultado das urnas por parte de Bolsonaro.
O TSE RESPONDE – Diante das repetidas acusações de Bolsonaro e de ministros como Eduardo Ramos, o novo presidente do TSE quer promover o esclarecimento da população sobre a segurança das urnas.
Em entrevista coletiva após assumir a presidência da Corte, Edson Fachin avisou que o tribunal “será implacável a ofensas injustificadas ao sistema eleitoral”.
Segundo o ministro, o TSE agirá se a própria instituição estiver sendo injustamente atingida. “Propagar dúvidas afirmando-se que há provas, quando não há, significa ter mais efeitos do que uma crítica política”, disse.