Armamento de médio alcance seria capaz de atingir a base americana na ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Esse foi o sétimo exercício militar com armas pelos norte-coreanos apenas de janeiro.
A Coreia do Norte confirmou nesta segunda-feira (31/01) que testou seu mais poderoso míssil desde 2017. O lançamento ocorreu neste domingo e, segundo a Agência Central de Notícias do país, a intenção era comprovar a eficácia e precisão do Hwasong-12, desenvolvido pelas forças militares norte-coreanas.
O país também divulgou que o objeto, classificado como de médio alcance, foi lançado em direção às águas da costa leste em ângulo elevado, o que teria evitado o sobrevoo sobre outros territórios nacionais.
Conforme avaliações feitas por especialistas sul-coreanos e japoneses, o míssil atingiu uma distância de 800 quilômetros e uma altitude de 2 mil quilômetros, antes de cair no oceano entre a Península Coreana e o Japão.
A partir dessas informações, autoridades concluíram que o míssil é o mais potente testado pela Coreia do Norte desde 2017, quando lançou os chamados Hwasong-14 e Hwasong-15, de longo alcance, a fim de comprovar capacidade de ataques nucleares até mesmo ao território dos Estados Unidos, além de bases militares americanas localizadas no nordeste da Ásia e no Pacífico.
Em trajetória padrão, o Hwasong-12, testado neste domingo, pode alcançar até 4,5 mil quilômetros de distância. Na prática, portanto, seria possível atingir a base americana localizada em Guam, no Oceano Pacífico.
A Agência de Notícias da Coreia do Norte publicou uma série de imagens que seriam do lançamento do míssil, além de outras mostrando o país e territórios vizinhos, vistos do espaço por uma câmera instalada no armamento.
Lee Choon Geun, especialista em mísseis e pesquisador honorário do Instituto Político de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, confirma que as imagens podem ter sido feitas do espaço. Embora seja difícil acoplar uma câmera a um projétil, Geun acredita que a Coreia do Norte teve a intenção de exibir avanço tecnológico tanto para a própria população quanto para o exterior.
'Exercício militar teria sido o sétimo lançamento de míssil somente em janeiro de 2022
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Testes foram constantes em janeiro
Os lançamentos de mísseis por parte do governo em Pyongyang foram constantes nos últimos meses. Somente em janeiro, foram sete rodadas de mísseis testados, além de outras armas, a exemplo de um míssil hipersônico.
Os testes realizados pela Coreia do Norte durante o mês de janeiro são vistos como um distanciamento ainda maior da moratória que prevê a suspensão dos testes nucleares por parte da Coreia do Norte, negociada em 2018 entre o então presidente americano Donald Trump e Kim Jong-un. Este afirma ter abandonado o acordo em janeiro de 2020.
Para o analista Cheong Seong-Change, do Instituto Sejong, na Coreia do Sul, o Norte continuará com os testes, se os EUA lhe impuserem novas sanções ao país.
Podem ser executados até testes nucleares, uma vez que os norte-coreanos já indicaram publicamente que têm a intenção de produzir mísseis balísticos intercontinentais dotados de ogivas nucleares mais poderosas. Isso inclui mísseis de maior alcance e precisão, além de um satélite-espião e uma ogiva superdimensionada, extremamente letal.
'Teste feito norte-coreano foi divulgado e criticado nos países vizinhos, como na Coreia do Sul'
Ação é criticada por EUA, Japão e Coreia do Sul
O governo americano classificou o teste deste domingo como uma escalada nas provocações que têm se tornado preocupantes nos últimos meses.
A administração do presidente Joe Biden pretende responder ao lançamento do míssil nos próximos dias, demonstrando comprometimento com a segurança dos aliados da região.
Washington diz considerar o teste em questão como a mais recente numa série provocações, nos últimos meses, com que a Coreia do Norte espera obter um afrouxamento das sanções.
O gabinete de Biden pediu que os norte-coreanos retomem as negociações, mas ressalvou que não consegue vislumbrar um encontro pessoal com seu homólogo Kim, como fez Trump.
Autoridades sul-coreanas e japonesas condenaram a ação deste fim de semana, acusando Pyongyang de violar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que proíbem o país de testar mísseis e armas nucleares.
Deutsche Welle