por Ana Estela de Sousa Pinto | Folhapress
O Brasil não vai conseguir domar a pandemia de coronavírus se priorizar apenas a vacinação, afirmou nesta sexta (9) a OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Temos que parar de pensar que a crise se resolve com uma ou outra medida. A vacina é apenas um componente, e é preciso adotar ações amplas, apoiadas por líderes, apoiadas pelos governos", disse a líder técnica para Covid-19 da entidade, Maria van Kerkhove.
Ela afirmou que, apesar do avanço nas campanhas de vacinação, "a trajetória desta pandemia está indo na direção errada": "Estamos há seis semanas com os números de casos e de mortes em alta."
Segundo a OMS, embora seja crucial imunizar idosos e profissionais de saúde para reduzir mortes desnecessárias, continua sendo essencial identificar pessoas infectadas e isolá-las rapidamente. Além disso, é preciso evitar contatos entre as pessoas para segurar a transmissão e evitar o aparecimento de novas variantes que escapem da vacina.
O conselheiro sênior da direção-geral da OMS Bruce Hayward também afirmou que a vacinação pode proteger pessoas mais vulneráveis e reduzir hospitalizações, mas não vai afetar a dinâmica da pandemia na população. "São as medidas básicas de distanciamento físico que seguram a transmissão", disse ele.
Isso ocorre porque, até agora, não há informação suficiente sobre a capacidade da vacina de reduzir o contágio nem sobre a duração da imunidade provocada por ela. Além disso, faltam no mundo imunizantes para acelerar a proteção das populações.
De acordo com Van Kerkhove, nos países em que as medidas não estão sendo adotadas, é necessário entender por quê: "É um problema das políticas públicas? Falta apoio para que as pessoas possam ficar em casa?".
Os diretores da OMS voltaram a descrever o quadro brasileiro como "muito grave" e afirmaram que a organização está em contato com equipes de saúde pública em todos os níveis para tentar ajudar a reduzir infecções e mortes por Covid-19 no Brasil.
O Brasil vive uma situação crítica, com recordes trágicos se acumulando. O ano atual concentra os 32 dias com mais vidas perdidas em 24 horas. Desses, 30 dias ocorreram em março ou abril.
Na quinta, pelo segundo dia na mesma semana e na pandemia, o Brasil registrou mais de 4.000 mortes em 24 horas. Foram 4.190 óbitos. O recorde de mortes, alcançado na última terça, é de 4.211.
Além dos EUA, que tem uma população consideravelmente maior, é o único país no mundo com registros mais regulares a atingir essa marca.
No estado de São Paulo, metade dos municípios registrou mais mortos do que nascidos em março deste ano, segundo os números de certidões de óbito e nascimento emitidas pelos cartórios locais. De acordo com especialistas, o impacto da pandemia do novo coronavírus foi fundamental para a ocorrência desse fenômeno
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