Marcos Losekann e Márcio Falcão
G1 / TV Globo
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quinta-feira, dia 29, ao Tribunal Superior Eleitoral informações sobre candidatos e partidos políticos que, nas campanhas eleitorais de 2018 e 2020, declararam repasses — a título de pagamento por serviços, por exemplo — para seis empresas investigadas por supostos disparos em massa de fake news.
O ministro requereu ainda que os elementos e as provas reunidos em investigações de duas ações em andamento na Corte Eleitoral sejam compartilhados com o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre disseminação de fake news e ataques aos ministros da Corte, do qual ele é o relator.
CASSAÇÃO – As ações pedem a cassação da chapa presidencial eleita em 2018, formada pelo presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão. Moraes também quer que o Tribunal de Contas da União (TCU) informe se as seis empresas receberam pagamentos de órgãos da administração pública.
A TV Globo apurou que o objetivo dos investigadores é entender se há ligação entre as empresas que receberam recursos entre as eleições de 2018 e 2020 com a disseminação de conteúdo falso que atingiu o Supremo e a ordem constitucional.
Moraes determinou que, em 15 dias, a Polícia Federal tome o depoimento de sete sócios, ex-sócios e ex-funcionários dessas empresas. Uma das empresas sob o alvo do inquérito do STF é a Yacows, também investigada pela CPI Mista das Fake News, cujos trabalhos foram suspensos em razão da pandemia.
CAMPANHAS – Na comissão, o sócio-proprietário da Yacows, empresa de marketing digital, Lindolfo Antônio Alves Neto, afirmou que prestou serviços para as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (na época no PSL, hoje sem partido), de Fernando Haddad (PT) e Henrique Meirelles (MDB).
Alves Neto afirmou na ocasião que o pacote contratado pela campanha de Bolsonaro custou R$ 1,68 mil e permitia 20 mil disparos, mas que as mensagens foram enviadas para 900 destinatários. Ele não explicou porque foram disparadas menos mensagens que as contratadas.
O empresário disse que a Yacows não faz campanha eleitoral e não trabalhou na elaboração do conteúdo a ser disparado. Segundo Alves Neto, tanto o conteúdo das mensagens quanto os destinatários que as receberiam foram disponibilizados pelas campanhas dos candidatos.
DEPOIMENTO – Hans River do Nascimento, um ex-funcionário da Yacows, terá que prestar depoimento no inquérito. Ele foi acusado de mentir durante o depoimento dado à CPI das Fake News.
River, que fez o juramento, afirmou, sem apresentar provas, que a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal “Folha de S.Paulo”, “se insinuou” para ele a fim de obter informações para a reportagem que revelou o esquema de disparo em massa de mensagens por Whatsapp na campanha presidencial de 2018.
TROCA DE MENSAGENS – Na ocasião, a “Folha de S.Paulo” publicou mensagens trocadas entre a jornalista e Nascimento que desmentiram as afirmações dele feitas à comissão. Por isso, Hans River deve ser convocado novamente para depor.
Outra empresa é a Agência AM4 Brasil, que teria contratado a Yacows. O sócio da agência, Marcos Aurélio Carvalho, integrou a equipe de transição do presidente Bolsonaro e foi definido por aliados como marqueteiro digital da campanha. Ele também será ouvido pela PF.