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quarta-feira, agosto 27, 2008

Jornalista atribui a morte do DEM a políticos como Efraim e Natalino

Em artigo publicado na coluna "Nas entrelinhas", do Correio Braziliense, o editor do jornal, Ugo Braga, garante que o DEM já é um partido morto. Mais que isso, atribui a morte da legenda a políticos como o ex-deputado fluminense Natalino Guimarães, recentemente expulso, e o senador paraibano Efraim Morais.

O jornalista relata uma parceria de Efraim com o lobista Eduardo Bonifácio: "Efraim, num primeiro momento, jurou não ter nenhuma ligação com o lobista. Mas vieram a tona sucessivos e robustos indícios do contrário. Bonifácio trabalhou no Senado entre 2003 e 2005 nomeado por Efraim. Em 2006, já exonerado, mantinha consigo a chave do gabinete do senador, onde entrou lépido e fagueiro justamente na época das falcatruas. Mais que isso, passou uma procuração em cartório dando plenos poderes a Efraim sobre uma empresa — fantasma, diga-se de passagem — de sua propriedade. E, por fim, o sujeito filiou-se ao DEM e é, oficialmente, correligionário do "sócio".

É o seguinte a íntegra do artigo do jornalista Ugo Braga publicado nesta segunda-feira (25):

"Tão jovem e tão moribundo. Como votarão os liberais do Brasil a partir de agora? Descanse em paz, Democratas.

O Democratas, ou DEM, ex-PFL, morreu. É possível que ele próprio não saiba. Por isso, ainda anda por aí, como um zumbi. Mas o aguerrido partido oposicionista já não respira. Nem inspira. Pobre DEM. Tão jovem e tão moribundo. Como votarão os liberais do Brasil a partir de agora? Descanse em paz, DEM.

Bom, há causa mortis e vou indicá-la. Antes disso, porém, uma desculpa e outra explicação. Em primeiro lugar, peço licença para mudar o foco. Guardo comigo a crença de que o objeto de análise crítica obrigatório na resenha política é sempre o governo, o detentor do poder, seja ele quem for. Nisso, tenho mantido minha fé cega e minha faca amolada.

Hoje, por motivo extraordinário, deixo o "alvo-base" de lado. Vou falar só na oposição. Ou melhor, em parte dela. Afinal, a todo cadáver é devida atenção logo depois do falecimento, tanto na vida como na política. Com o DEM — e logo ele, tão novo e jovial! — não seria diferente.

Roupa nova
O Democratas é o resultado de um planejamento bem urdido pelos ex-cardeais do finado PFL. Em março do ano passado, eles abandonaram a velha sigla — desgastada pelas duas décadas no poder e associada a oligarquias e mandarinatos — e adotaram o novo nome. Não só isso. As antigas raposas retiraram-se para os bastidores. Entregaram a ribalta para os jovens. Recorreram à produtora Paula Lavigne e passaram a usar na TV uma linguagem diferente, contemporânea.

No plano político, adotaram o tom da dureza. Foram sempre os primeiros a botar o dedo em riste na direção do Palácio do Planalto a cada nova denúncia de corrupção. Na tribuna da Câmara, era sempre do DEM a voz a levantar-se indignada contra as mentiras e leviandades do PT e de seus aliados. Assim como partiam sempre do DEM os brados estriônicos a fustigar as bravatas retóricas e oratórias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Restava claro que, em se propondo a fiscalizar o exercício do poder com tanto rigor, o DEM se impusera uma pureza impossível. Pois devia manter-se tão casto quanto cobrava de seus adversários — para ficar na lógica mais comezinha.

Nos primeiros quinze meses, o partido até que tentou. E o melhor exemplo disso foi a expulsão, em rito sumaríssimo, do deputado estadual fluminense Natalino Guimarães. Ele foi preso em flagrante, acusado de chefiar um grupo de milícias no Rio de Janeiro. Dizia-se inocente. Mas, evocando indícios robustos colhidos no inquérito, os Democratas o limaram sem dó nem piedade.

Sapato velho
Aí vêm os repórteres Leandro Colon e Marcelo Rocha, deste Correio, e começam a investigar negócios suspeitos no Senado. Partem da denúncia oferecida pelo Ministério Público, chegam a relatórios de inteligência da Polícia Federal e começam a caçar documentos em cartórios, cruzá-los com depoimentos de fontes secretas e a contar uma história fascinante.

Contratos do Senado, no valor de R$ 35 milhões, foram assinados a partir de uma licitação fraudada. As negociatas tiveram por timoneiro o lobista Eduardo Bonifácio Ferreira. Mesmo depois da denúncia, os serviços acabaram prorrogados sem qualquer contestação pelo primeiro-secretário da Casa, o senador Efraim Morais (DEM-PB).

Efraim, num primeiro momento, jurou não ter nenhuma ligação com o lobista. Mas vieram a tona sucessivos e robustos indícios do contrário. Bonifácio trabalhou no Senado entre 2003 e 2005 nomeado por Efraim. Em 2006, já exonerado, mantinha consigo a chave do gabinete do senador, onde entrou lépido e fagueiro justamente na época das falcatruas. Mais que isso, passou uma procuração em cartório dando plenos poderes a Efraim sobre uma empresa — fantasma, diga-se de passagem — de sua propriedade. E, por fim, o sujeito filiou-se ao DEM e é, oficialmente, correligionário do "sócio".

Efraim, como Natalino, jura inocência. Os indícios, como Natalino, o desmentem solenemente. O partido, agora diferente de antes, nada vê que desabone seu representante. E o fato é que doravante não poderá dar mais um pio em seu papel de fiscal opositor do governo. Está morto, o DEM. Quem vai chorar por ele?






Da Redação

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