Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
Enquanto sua assessoria confirmava que Antônio Honorato reassume hoje suas atividades como presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE) e deve fazer um pronunciamento para os colegas, ele concedia entrevista coletiva, ontem,. após se recuperar do cansaço, em seu apartamento, no Itaigara. Na sua residência, a aparência simples contrastava com as acusações que Honorato estava tendo que explicar. Cercado de amigos e familiares, ele permaneceu o tempo todo tranqüilo, sem se irritar com as perguntas dos jornalistas. Da mesma forma os seus assessores e advogados mostraram-se tranqüilos e prontos para tirar qualquer dúvida. “Não existe nada a esconder. Pode perguntar o que quiser”, disse um dos presentes. O conselheiro também mostrou-se solícito, inclusive atendendo àqueles que não chegaram a tempo para a coletiva. Segundo informações da Polícia Federal, Antônio Honorato foi preso por intermediar, em 2006, a liberação de recursos referentes a contratos de prestação de serviços mantidos por uma das empresas de propriedade de Clemilton Resende, junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Honorato disse que não aprovava a atitude da Polícia Federal, já que havia se colocado à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos cinco meses antes, desde quando viu o seu nome ser citado. “Bastava um recado, um telefonema, que eu iria esclarecer qualquer dúvida”, disse. Contudo, ele falou que “a Polícia Federal cumpre ordens, e tem os métodos dela. Como cidadão, me senti perdendo a liberdade de defesa. Mas de repente outros presos poderiam oferecer resistência”. Perguntado de que forma ele saia do episódio, ele disse: “Não tem como reparar o dano que foi causado. Já está feito. Mas serve como lição para mim e para outros”. Segundo o advogado Fernando Santana, responsável pela defesa de Honorato, no depoimento foram prestados todos os esclarecimentos solicitados pela Polícia Federal. Ele também disse que tudo que poderia de sido mais simples. Santana confirmou que tentou ter acesso aos autos do inquérito para ?=a??E???o?:poder saber o seu teor, e por que o nome do seu cliente havia sido citado. Embora não tenha conseguido qualquer informação, surpreendentemente Honorato foi preso pela Polícia Federal. “Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, mas, ao mesmo tempo, senti um alívio”, disse Honorato, referindo-se aos esclarecimentos que prestou em Brasília. “É até importante que tudo fique logo esclarecido. Eu tenho consciência que não fiz nada. É como estar livre de uma carga, cujo sentido agora não é mais aquele que foi dado”, completou. Presente, Santana disse que ouviu o próprio delegado dizer para o presidente do TCE: “Nem a Policia Federal pode dizer que você é desonesto. Você é um homem de bem”. Provocado a responder o porquê do aparecimento do seu nome nas investigações, o presidente do TCE respondeu tranqüilamente, inclusive explicando alguns episódios. “São ilações”, disse. “O caso do Galdino, por exemplo. Ele telefonou para mim dizendo que estava com dificuldade, que tinha uma fatura para receber e me pediu ajuda. Eu liguei para o chefe de gabinete do secretário da Fazenda pedindo para repassar o dinheiro. Dessa conversa, a polícia pode ter tirado outras conclusões”, disse. Sobre a ajuda para a campanha do seu filho Adolfo Viana de Castro, ele disse: “O Cleraldo Andrade (ex-deputado estadual, irmão de Clemilton Andrade) ofereceu ajuda para a campanha do meu filho, mas ele nem se elegeu. Também tive uma conversa com o ex-deputado Horácio de Matos num restaurante da cidade, que perguntou como estava o meu filho. Num determinado momento, ele disse: ‘Manda ele me procurar”, declarou, para logo ser ajudado pelos presentes. Segundo os advogados e assessores de Honorato, “Cleraldo é dono de postos, por isso ele ofereceu ajuda em gasolina, o equivalente a R$ 5 mil. E o valor foi incluindo na prestação de contas da campanha. E o Clemilton não deu ajuda para a campanha do filho dele”, disseram. (Por Evandro Matos)
OAB recorre ao STF para ter acesso ao inquérito
O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) recorreu ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que os advogados que defendem os investigados na Operação Jaleco Branco, da Polícia Federal, tenham acesso ao inquérito aberto contra seus clientes no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo a OAB, a ministra Eliana Calmon, relatora do inquérito no STJ, indeferiu as solicitações dos advogados sob o argumento de que o pedido de vista comprometeria as investigações, que ainda estão em curso. No recurso, a OAB argumenta que, sem ter acesso ao inquérito, os advogados ficam impedidos de defender seus clientes. “O que está em jogo é a possibilidade de o advogado, na qualidade de mandatário da pessoa investigada em procedimento policial, tomar conhecimento dos fatos e das provas carreadas nos autos, seja para adotar providências judiciais cabíveis, seja para orientar o cidadão.” No último dia 23, o ministro do STF Joaquim Barbosa indeferiu pedido semelhante, sob o argumento de que a ministra Eliana Calmon não teria analisado, ainda, o pedido de advogados que queriam ter acesso ao inquérito.
Fonte: Tribuna da Bahia
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quarta-feira, novembro 28, 2007
Ufba cancela contratos e abre sindicância
“Estamos solicitando a lista das empresas citadas no processo e também os autos do inquérito policial para que seja aberta na Ufba uma sindicância administrativa para investigar todos os contratos”, disse ontem o reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar de Almeida Filho. Alvo de investigação iniciada em 2002, a Ufba é acusada de não realizar processo licitatório para contratação de empresas de segurança desde 1998. “Todos os contratos com as empresas de prestação de serviços acusadas de participarem do esquema de fraude de licitações públicas, denunciado pela Polícia Federal, serão cancelados. Mas a continuação dos serviços será garantida”, afirmou Naomar Almeida. Segundo o reitor, as licitações de 1998 e 2001 foram judicialmente embargadas por empresas que perderam no processo licitatório. Para ele, se houvesse fraude na licitação da Ufba, a empresa envolvida no esquema não teria perdido a concorrência. “O defeito não está no edital, e, sim, no sistema de proteção judicial instalado, que permite emissão ilimitada de liminares, por diferentes Varas. Toda vez que uma empresa perde a licitação, é uma chuva de liminares. Os editais são rígidos, porém derrubados pela Justiça. Esse obstáculo jurídico e manobras (liminares) embargam as licitações e forçam a prorrogação de contratos ou contratações emergenciais”, explica. Em relação à prisão da procuradora-geral da Universidade, Ana Guiomar Nascimento, pela Polícia Federal, através da Operação Jaleco Branco, o reitor da UFBA afirma não ter recebido acusação formal ou quaisquer informações sobre o teor do inquérito policial que envolve a procuradora. “Fiquei, como cidadão, surpreso com essa modalidade de detenção, a custódia temporária. Dessa forma, permitida no Estado democrático, qualquer pessoa pode ser presa por cinco dias, sem que haja acusação formal, apenas para constituição de provas. Isso submete o acusado a uma exposição desnecessária”, comentou. (Por Livia Veiga)
Presos vão sendo liberados
Pouco a pouco estão sendo liberados os presos pela Operação Jaleco. Além do presidente do TCE, Antônio Honorato, da procuradora-geral da UFBA, Anna Guiomar Nascimento e do empresário Afrânio Mattos, ontem foi a vez do o ex-diretor da Sesab Hélcio de Andrade. Os depoimentos continuaram ontem, a partir das 14 horas, e, a depender do que os depoentes disserem, a PF pode libertar hoje outros envolvidos. O ex-presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Guimarães, permanece preso. Segundo informações, Guimarães teria pedido para ser ouvido apenas pela ministra Eliane Calmon (STJ), o que pode ter atrasado a sua liberdade. Ontem a Polícia Federal revelou que Guimarães possui uma ilha avaliada em US$ 6 milhões, próximo a Itaparica.(Por Evandro Matos)
OAB–BA vê "excessos"
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia, Saul Quadros, falou ontem pela primeira vez sobre a operação Jaleco Branco. Quadros disse que está acompanhando com reserva o desenrolar da operação deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira, cumprindo determinação da ministra Eliana Calmon. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da entidade emitiu a seguinte nota: “Saul Quadros, condena os excessos cometidos pela PF, especialmente porque os detentos foram algemados sem que tivessem resistido à ordem de prisão, num firme propósito de desmo-ralizá-los publicamente, prática sob todos os aspectos condenável.” E prossegue: “Entretanto, na defesa da legalidade, a Ordem espera que o caso seja esclarecido e que todos os que efetivamente tiverem envolvimento nos esquemas de fraude de licitações possam ser processados e condenados pela Justiça. No caso específico da procuradora da Universidade Federal da Bahia, Anna Guiomar Nascimento, o presidente da OAB-BA já encaminhou ofício à Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados para que sejam cobrados esclarecimentos da Polícia Federal acerca da sua prisão sem prévia comunicação à Ordem, um vez que ela é advogada.” (Por Carolina Parada)
Fonte: Tribuna da Bahia
Presos vão sendo liberados
Pouco a pouco estão sendo liberados os presos pela Operação Jaleco. Além do presidente do TCE, Antônio Honorato, da procuradora-geral da UFBA, Anna Guiomar Nascimento e do empresário Afrânio Mattos, ontem foi a vez do o ex-diretor da Sesab Hélcio de Andrade. Os depoimentos continuaram ontem, a partir das 14 horas, e, a depender do que os depoentes disserem, a PF pode libertar hoje outros envolvidos. O ex-presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Guimarães, permanece preso. Segundo informações, Guimarães teria pedido para ser ouvido apenas pela ministra Eliane Calmon (STJ), o que pode ter atrasado a sua liberdade. Ontem a Polícia Federal revelou que Guimarães possui uma ilha avaliada em US$ 6 milhões, próximo a Itaparica.(Por Evandro Matos)
OAB–BA vê "excessos"
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia, Saul Quadros, falou ontem pela primeira vez sobre a operação Jaleco Branco. Quadros disse que está acompanhando com reserva o desenrolar da operação deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira, cumprindo determinação da ministra Eliana Calmon. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da entidade emitiu a seguinte nota: “Saul Quadros, condena os excessos cometidos pela PF, especialmente porque os detentos foram algemados sem que tivessem resistido à ordem de prisão, num firme propósito de desmo-ralizá-los publicamente, prática sob todos os aspectos condenável.” E prossegue: “Entretanto, na defesa da legalidade, a Ordem espera que o caso seja esclarecido e que todos os que efetivamente tiverem envolvimento nos esquemas de fraude de licitações possam ser processados e condenados pela Justiça. No caso específico da procuradora da Universidade Federal da Bahia, Anna Guiomar Nascimento, o presidente da OAB-BA já encaminhou ofício à Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados para que sejam cobrados esclarecimentos da Polícia Federal acerca da sua prisão sem prévia comunicação à Ordem, um vez que ela é advogada.” (Por Carolina Parada)
Fonte: Tribuna da Bahia
Foi difícil suportar tanta dor
Muita indignação e comoção marcaram o enterro de quatro das sete vítimas da tragédia da Fonte Nova. O sepultamento foi no final da tarde de ontem no cemitério das Quintas dos Lázaros, Baixa de Quintas. Cerca de duas mil pessoas entre parentes e amigos prestaram a última homenagem aos torcedores do Bahia que foram ao estádio com o intuito apenas de se divertir, mas tiveram suas vidas sacrificadas pela negligência do poder público. Durante o ato, populares pediram justiça. Segundo depoimento das pessoas que estavam no velório, as vítimas moravam na Rua Diva Pimentel, no Retiro e toda vez que tinha jogo do Bahia costumavam ir cada um com sua turma, mas quando se encontravam no estádio procuravam ficar sempre no mesmo lugar. Márcia Santos Cruz, 26 anos, era casada, tinha um filho de apenas um ano de idade que também poderia estar morto. A avó impediu que o neto fosse junto com a mãe. “Minha filha ia a todos os jogos do Bahia, ontem estava muito eufórica, e nem o pedido da mãe para não ir ao estádio a fez mudar de idéia”, disse muito emocionado o pai, Sebastião da Cruz. Segundo ele, a filha estava na companhia do marido que ainda segurou a mulher pela mão na intenção de evitar a queda, mas foi em vão. “Jamais poderia pensar numa tragédia dessa, realmente foi uma fatalidade. Não sei como é que vai ser agora, meu neto era muito apegado a ela, chama o tempo todo pela mãe. Minha filha só queria ver o time do coração jogar, pensou até em comprar uma camisa nova do Bahia para ir assistir ao jogo, mas não teve tempo”, relatou Sebastião. Midiam Andrade dos Santos, 23 anos, trabalhava numa loja de departamento de um Shopping, tinha um filho de cinco anos e deixou quatro irmãos. Os pais não tiveram condições de falar com a imprensa, apenas um dos irmãos da vítima, Maurício Andrade dos Santos declarou que a irmã foi ao jogo no domingo a pedido dos colegas do trabalho. “Ela nem gostava tanto assim de futebol e foi por pura diversão com os colegas. Minha irmã era uma pessoa muito alegre e extrovertida”. Anísio Marques Neto, 28 anos deixou três filhos. O mais novo, com apenas oito dias de nascido. A mãe de um de seus filhos Josilene da Cruz informou que Anísio costumava ir a todos os jogos. “Ele era uma pessoa fanática por jogo e do Bahia então, nem se fala, infelizmente aconteceu essa tragédia”, ressaltou. “Todos nós gostávamos muito dele, ele saiu para comprar uma cerveja quando voltou aconteceu o desabamento”, disse um amigo. Na hora do sepultamento os amigos e familiares de Anísio cantaram o hino do Bahia, como última homenagem ao torcedor tricolor. Djalma Lima Santos, 30 anos, deixou a mulher e um filho de três meses. Era agente de limpeza e trocou o turno do serviço para ir à Fonte Nova. “Um bom filho, muito doce. Ele estava tão contente que até meu netinho ele queria levar, mas não deixei. Ele trabalhou pela manhã e saiu com o vizinho e a mulher que por sorte não morreu também porque ficou um degrau acima do que ele estava, declarou o pai cujo nome é igual ao do filho. Indignado, o amigo de Djalma, Orlando Balbino disse muito revoltado que o governo já sabia que o estádio não tinha estrutura alguma para receber tanta gente. “Foi dito várias vezes na mídia que as condições da Fonte Nova eram precárias, além disso a falta de segurança também, sempre foi um problema por causa do vandalismo que acontecia toda vez que terminava uma partida de futebol. Infelizmente, não levaram a sério agora estamos aqui hoje enterrando amigos, pais de famílias que tiveram suas vidas expostas a uma tragédia que poderia ser evitada”. O governador Jaques Wagner foi até às Quintas confortar os familiares das vítimas, que cobraram medidas enérgicas em relação ao estádio. Wagner por sua vez, admitiu que as obras realizadas no local não foram suficientes e disse que o estádio já foi interditado. Quanto a uma possível indenização disse, o governador: "Vamos analisar evidentemente, se couber ao governo, não iremos nos eximir da responsabilidade”. Em relação aos gastos com o serviço de funerária, a Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) foi muito criticada pelos familiares das vítimas. De acordo com o tio de Djalma, Eduardo José dos Santos, a superintendência mandou um representante na hora do enterro. “Fomos na Sudesb hoje (ontem) pela manhã e não encontramos ninguém, chegou aqui faz pouco tempo uma pessoa e se comprometeu ajudar, vamos aguardar uma atitude deles e se não fizerem nada, vamos tomar as providências cabíveis”, protestou. (Por Maria Rocha)
"Chega de impunidade no Brasil"
Dor e consternação de familiares, amigos e vizinhos marcaram o sepultamento de Milena Vasques Palmeira, 27 anos, Jadson Celestino Silva, 25 e Joselito Lima Júnior, 26, ontem à tarde, no Cemitério Bosque da Paz. A tristeza pela perda das vítimas da tragédia na Fonte Nova era compartilhada pelo sentimento de revolta. Entre prantos e soluços, uma reclamação era unânime: a ausência dos poderes públicos e representantes dos órgãos competentes para compartilhar o sofrimento dos familiares. O pai de Milena, o comerciário João Palmeira, que foi ao estádio acompanhado das filhas, estava inconsolado. Se como não bastasse toda a dor de perder a filha mais velha, ele ainda se preocupava com o estado da filha caçula, Patrícia Vasques Palmeira, internada em estado grave no Hospital Santa Izabel, em Nazaré. Marcos Soares, tio das jovens, contou que Milena morreu na queda, mas que Patrícia foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE) e depois transferida para o Santa Izabel. “Ela tinha plano de saúde e optamos deixar a vaga no hospital público para outro que não tinha”, revelou. Uma amiga da família, Luciene Liz, afirmou que o pai das meninas chegou a ver as filhas caindo e que ao olhar para baixo viu Patrícia acenando. Segundo Soares, Patrícia teve fraturas graves na coluna cervical, fêmur, cabeça e em diversas parte do corpo e ainda corre risco de morte. Hoje, ela será submetida a uma cirurgia, mas segundo informações da assessoria de comunicação do hospital ela não corre risco de morte. “Essa foi a segunda vez que ela ia ao estádio. Já Milena era apaixonada por jogos e não perdia um. Perdeu a vida pela sua paixão”, disse, emocionado, ressaltando que a jovem tinha um futuro pela frente. “Ela era muito esforçada. Trabalhava em dois lugares: numa academia e no Instituto Anísio Teixeira (IAT), no Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) e ainda encontrava tempo e disposição para estudar porque queria prestar vestibular no final do ano”, completou. O namorado de Milena, Cláudio Machado, lamentou a perda. “Estávamos juntos há nove anos. Tínhamos planos de casar”. Inconformado com o que aconteceu, o primo da vítima, José Edelvandro, disse que “alguém tem que responder por isso. Chega de impunidade no Brasil. Deviam ter tido uma atenção especial para este jogo. Foi um ato ambicioso”. Os primos Joselito, agente de saúde, e Jadson, estudante de administração na Faculdade da Cidade, foram sepultados no mesmo túmulo. Ambos eram filho único. Muito abalada a mãe de Jadson, a escrivã da 4ª Delegacia (São Caetano), Celeste Araújo, acompanhou o velório do filho ao lado do esposo, o motorista Jackson Silva. “Ele era muito brincalhão e amigo. Não perdia uma partida do tricolor. Era fã do Bahia e do grupo Pagodart”, contou um amigo. Eles moravam em Cajazeira VI e no Largo do Tanque, respectivamente. Ontem pela manhã, parentes das sete vítimas fatais do desastre compareceram ao Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues para providenciar a liberação dos corpos. Passavam das 10 horas quando os últimos corpos eram retirados e nenhuma assistência havia sido prestada aos parentes. “Disseram que iriam nos dar todo amparo necessário, mas até agora não recebemos ao menos uma orientação, uma palavra amiga, um apoio moral neste momento tão difícil. Tem famílias, inclusive, que não tem o dinheiro do funeral”, reclamou o comerciário Marcos Soares, tio de Milena Vasques. O mesmo sentimento comovia David de Lima Santos, irmão mais novo do agente de limpeza Djalma Lima Santos, que também morreu na queda da arquibancada. David conta que o irmão saiu com um grupo de mais seis pessoas e que apenas quatro retornaram para casa. “Dois sete que foram se divertir três morreram”, disse, ressaltando que a tragédia só não foi maior porque ele decidiu na última hora ficar em casa. “Eu também iria, mas desisti no último momento. Fiquei ouvindo pelo rádio e tomei um choque quando anunciaram a tragédia. Entre os nomes das vítimas disseram logo o do meu irmão”, relembrou. A esposa de Djalma, Valdemira Rosário Pereira, 27 anos, estava com ele no momento do acidente. “Estávamos um ao lado do outro, mas ele pediu que eu ficasse atrás dele no degrau de cima. Pouco tempo depois tudo desabou e eu presenciei ele caindo. Corri lá para baixo para vê-lo como estava, mas os policiais não me deixaram passar”. Revoltada, Valdemira culpa a Sudesb (Superintendência de Desportos do Estado da Bahia) pela tragédia. “Se o estádio não comportava tanta gente porque disponibilizaram tanto ingresso à venda”, questionou. De acordo com ela, a Fonte Nova estava superlotada e não tinha espaço para ninguém se movimentar. “Não havia nenhuma faixa de interdição no anel superior, o que significa que era para ser usado”, salientou.(Por Renata Leite e Catiane Magalhães)
O dia seguinte foi de muita tristeza
Um dia após a tragédia que levou à morte sete torcedores e deixou mais de 50 feridos na Fonte Nova, maior estádio do Estado, o clima era de apreensão e expectativa entre parentes e amigos dos torcedores internados nos hospitais da cidade. Muitos ainda estavam assustados com o drama. Dos 32 pacientes que passaram pelo Hospital Geral do Estado (HGE) na noite de domingo, um morreu instantes depois do acidente, um foi transferido para outra unidade hospitalar, dois permaneciam até a manhã de ontem em estado de observação e um iria passar por uma cirurgia. A maioria dos feridos passou por cuidados e recebeu alta. No Hospital Roberto Santos, quatro pessoas que não foram identificadas permaneciam internadas até a tarde de ontem. O ministro do Esporte, Orlando Silva e o governador Jaques Wagner visitaram algumas vítimas no HGE. Conforme informações do sistema de cadastro da recepção do HGE, foi registrado um óbito na instituição. O torcedor Joselito Lima Júnior, 26 anos morreu minutos depois de chegar de ambulância ao hospital. Entre os pacientes que tiveram alta estavam Abenilson da Mota Oliveira, 30 anos, Antonio Luís da Silva, 44 anos, Fábio Jorge Moreira dos Santos, 24 anos, George Conceição Barbosa, 22 anos, Genilson Santana dos Santos, 27 anos, Jorge dos Santos Anjos, 32 anos, Marcos Paz Macedo, 30 anos, Rômulo Carneiro dos Santos, 27 anos, Ronaldo da Silva Santos, 33 anos. O sistema do HGE informava ainda que a torcedora Patrícia Vasques Palmeira, 24 anos que sofreu várias fraturas foi transferida para o Hospital Santa Izabel. Ela era irmã de Milena Vasques Palmeira que morreu no local. Ficaram em observação os pacientes Roberval Nascimento de Jesus, 40 anos, Jader Landerson Santos de Azevedo, 18 anos e o segurança José Mário Sena Silva, que iria passar por uma cirurgia após ter seu abdome perfurado por um vergalhão. De acordo com o seu cunhado Djalma Francisco dos Santos, 45 anos, que permaneceu de plantão no HGE, durante toda a noite, Mário teria se ferido durante a confusão, quando a torcida invadiu o campo no final da partida. “Ele é um torcedor fanático e foi para o jogo com uma grande galera de Cosme de Farias. Minha esposa até comentou sobre o medo de que algo acontecesse com Mário, pois ele tem problemas de coração. Mas não esperávamos que acontecesse algo tão grave”, lamentou Francisco que foi para o jogo, mas acabou acompanhando a partida pelo lado de fora. O diretor interino do HGE, Antonio Porto Antico, apenas declarou que os pacientes com trauma estavam com quadro de evolução. Um dos líderes da torcida organizada Bamor, João Robson Santos Nascimento, 50 anos esteve no HGE para saber notícias de alguns de seus conhecidos que sofreram o acidente. Segundo Robson, a torcida deve aguardar as decisões do governo e as novas informações para depois realizar algum pronunciamento. “Queremos frisar que o fato não é de responsabilidade da Bamor. A Fonte Nova já tem muitos anos sem passar por uma reforma. Registramos ainda que havia muito mais de 60 mi torcedores. Somos a favor da demolição e da construção de um novo estádio no mesmo lugar”, afirmou. Robson acha que a interdição da Fonte Nova vai ser uma punição e uma tristeza para o torcedor do Bahia que vai ficar por um período sem ter um estádio para torcer. Ele também estava na parte inferior da arquibancada, na mesma direção onde ocorreu o acidente. Conforme contou, o desastre foi muito rápido. “Houve tumulto e correria até sabermos o que tinha acontecido”, relatou. Além do desabamento de parte da arquibancada, que acabou com a morte de sete torcedores, a maioria pertencente a torcida organizada Bamor, cenas indescritíveis de confusão e baderna marcaram o término do jogo. A invasão do campo ocorreu juntamente com atos de vandalismo de centenas de torcedores que retiraram partes da grama, danificaram equipamentos, macas e parte do alambrado. Algumas pessoas se queixaram da insegurança durante e depois do jogo, quando nas ruas próximas ao estádio, ladrões aproveitaram a euforia e a distração de outros para quebrarem vidros de carros e saquearem torcedores. A confusão foi comentada pelo líder de torcida, João Robson, como um fato à parte. Segundo ele, os atos de vandalismo não foram praticados por integrantes da Bamor, mas por torcedores independentes do Bahia. “A todo o momento a Bamor tem orientado os seus integrantes a apenas levantarem o time, mas sem a violência e a depredação do espaço. Conforme relata, a polícia tentou conter a euforia das pessoas que pulavam o alambrado e praticavam danos ao campo de futebol, “mas quando perceberam que era algo incontrolável acabaram desistindo”. Robson lembra ainda que um dos portões foi empurrado por torcedores independentes e que cinco pessoas foram levadas por policiais. Uniformizado com toca e camisa do Bahia, o torcedor Cláudio Luiz Cruz Xavier estava ontem na porta do HGE para saber notícias de um amigo e confessou ter pulado o alambrado para entrar em campo no final do jogo. Ele assistiu o primeiro tempo da partida próximo ao local do desabamento e por sorte passou para o outro lado da arquibancada durante o segundo tempo. Ao ser perguntado sobre a danificação dos equipamentos e do gramado, Cruz apenas sorriu e disse que a emoção explicava o ato. “O Bahia é o meu vício”, afirmou. (Por Lilian Machado)
Fonte: Tribuna da Bahia
"Chega de impunidade no Brasil"
Dor e consternação de familiares, amigos e vizinhos marcaram o sepultamento de Milena Vasques Palmeira, 27 anos, Jadson Celestino Silva, 25 e Joselito Lima Júnior, 26, ontem à tarde, no Cemitério Bosque da Paz. A tristeza pela perda das vítimas da tragédia na Fonte Nova era compartilhada pelo sentimento de revolta. Entre prantos e soluços, uma reclamação era unânime: a ausência dos poderes públicos e representantes dos órgãos competentes para compartilhar o sofrimento dos familiares. O pai de Milena, o comerciário João Palmeira, que foi ao estádio acompanhado das filhas, estava inconsolado. Se como não bastasse toda a dor de perder a filha mais velha, ele ainda se preocupava com o estado da filha caçula, Patrícia Vasques Palmeira, internada em estado grave no Hospital Santa Izabel, em Nazaré. Marcos Soares, tio das jovens, contou que Milena morreu na queda, mas que Patrícia foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE) e depois transferida para o Santa Izabel. “Ela tinha plano de saúde e optamos deixar a vaga no hospital público para outro que não tinha”, revelou. Uma amiga da família, Luciene Liz, afirmou que o pai das meninas chegou a ver as filhas caindo e que ao olhar para baixo viu Patrícia acenando. Segundo Soares, Patrícia teve fraturas graves na coluna cervical, fêmur, cabeça e em diversas parte do corpo e ainda corre risco de morte. Hoje, ela será submetida a uma cirurgia, mas segundo informações da assessoria de comunicação do hospital ela não corre risco de morte. “Essa foi a segunda vez que ela ia ao estádio. Já Milena era apaixonada por jogos e não perdia um. Perdeu a vida pela sua paixão”, disse, emocionado, ressaltando que a jovem tinha um futuro pela frente. “Ela era muito esforçada. Trabalhava em dois lugares: numa academia e no Instituto Anísio Teixeira (IAT), no Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) e ainda encontrava tempo e disposição para estudar porque queria prestar vestibular no final do ano”, completou. O namorado de Milena, Cláudio Machado, lamentou a perda. “Estávamos juntos há nove anos. Tínhamos planos de casar”. Inconformado com o que aconteceu, o primo da vítima, José Edelvandro, disse que “alguém tem que responder por isso. Chega de impunidade no Brasil. Deviam ter tido uma atenção especial para este jogo. Foi um ato ambicioso”. Os primos Joselito, agente de saúde, e Jadson, estudante de administração na Faculdade da Cidade, foram sepultados no mesmo túmulo. Ambos eram filho único. Muito abalada a mãe de Jadson, a escrivã da 4ª Delegacia (São Caetano), Celeste Araújo, acompanhou o velório do filho ao lado do esposo, o motorista Jackson Silva. “Ele era muito brincalhão e amigo. Não perdia uma partida do tricolor. Era fã do Bahia e do grupo Pagodart”, contou um amigo. Eles moravam em Cajazeira VI e no Largo do Tanque, respectivamente. Ontem pela manhã, parentes das sete vítimas fatais do desastre compareceram ao Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues para providenciar a liberação dos corpos. Passavam das 10 horas quando os últimos corpos eram retirados e nenhuma assistência havia sido prestada aos parentes. “Disseram que iriam nos dar todo amparo necessário, mas até agora não recebemos ao menos uma orientação, uma palavra amiga, um apoio moral neste momento tão difícil. Tem famílias, inclusive, que não tem o dinheiro do funeral”, reclamou o comerciário Marcos Soares, tio de Milena Vasques. O mesmo sentimento comovia David de Lima Santos, irmão mais novo do agente de limpeza Djalma Lima Santos, que também morreu na queda da arquibancada. David conta que o irmão saiu com um grupo de mais seis pessoas e que apenas quatro retornaram para casa. “Dois sete que foram se divertir três morreram”, disse, ressaltando que a tragédia só não foi maior porque ele decidiu na última hora ficar em casa. “Eu também iria, mas desisti no último momento. Fiquei ouvindo pelo rádio e tomei um choque quando anunciaram a tragédia. Entre os nomes das vítimas disseram logo o do meu irmão”, relembrou. A esposa de Djalma, Valdemira Rosário Pereira, 27 anos, estava com ele no momento do acidente. “Estávamos um ao lado do outro, mas ele pediu que eu ficasse atrás dele no degrau de cima. Pouco tempo depois tudo desabou e eu presenciei ele caindo. Corri lá para baixo para vê-lo como estava, mas os policiais não me deixaram passar”. Revoltada, Valdemira culpa a Sudesb (Superintendência de Desportos do Estado da Bahia) pela tragédia. “Se o estádio não comportava tanta gente porque disponibilizaram tanto ingresso à venda”, questionou. De acordo com ela, a Fonte Nova estava superlotada e não tinha espaço para ninguém se movimentar. “Não havia nenhuma faixa de interdição no anel superior, o que significa que era para ser usado”, salientou.(Por Renata Leite e Catiane Magalhães)
O dia seguinte foi de muita tristeza
Um dia após a tragédia que levou à morte sete torcedores e deixou mais de 50 feridos na Fonte Nova, maior estádio do Estado, o clima era de apreensão e expectativa entre parentes e amigos dos torcedores internados nos hospitais da cidade. Muitos ainda estavam assustados com o drama. Dos 32 pacientes que passaram pelo Hospital Geral do Estado (HGE) na noite de domingo, um morreu instantes depois do acidente, um foi transferido para outra unidade hospitalar, dois permaneciam até a manhã de ontem em estado de observação e um iria passar por uma cirurgia. A maioria dos feridos passou por cuidados e recebeu alta. No Hospital Roberto Santos, quatro pessoas que não foram identificadas permaneciam internadas até a tarde de ontem. O ministro do Esporte, Orlando Silva e o governador Jaques Wagner visitaram algumas vítimas no HGE. Conforme informações do sistema de cadastro da recepção do HGE, foi registrado um óbito na instituição. O torcedor Joselito Lima Júnior, 26 anos morreu minutos depois de chegar de ambulância ao hospital. Entre os pacientes que tiveram alta estavam Abenilson da Mota Oliveira, 30 anos, Antonio Luís da Silva, 44 anos, Fábio Jorge Moreira dos Santos, 24 anos, George Conceição Barbosa, 22 anos, Genilson Santana dos Santos, 27 anos, Jorge dos Santos Anjos, 32 anos, Marcos Paz Macedo, 30 anos, Rômulo Carneiro dos Santos, 27 anos, Ronaldo da Silva Santos, 33 anos. O sistema do HGE informava ainda que a torcedora Patrícia Vasques Palmeira, 24 anos que sofreu várias fraturas foi transferida para o Hospital Santa Izabel. Ela era irmã de Milena Vasques Palmeira que morreu no local. Ficaram em observação os pacientes Roberval Nascimento de Jesus, 40 anos, Jader Landerson Santos de Azevedo, 18 anos e o segurança José Mário Sena Silva, que iria passar por uma cirurgia após ter seu abdome perfurado por um vergalhão. De acordo com o seu cunhado Djalma Francisco dos Santos, 45 anos, que permaneceu de plantão no HGE, durante toda a noite, Mário teria se ferido durante a confusão, quando a torcida invadiu o campo no final da partida. “Ele é um torcedor fanático e foi para o jogo com uma grande galera de Cosme de Farias. Minha esposa até comentou sobre o medo de que algo acontecesse com Mário, pois ele tem problemas de coração. Mas não esperávamos que acontecesse algo tão grave”, lamentou Francisco que foi para o jogo, mas acabou acompanhando a partida pelo lado de fora. O diretor interino do HGE, Antonio Porto Antico, apenas declarou que os pacientes com trauma estavam com quadro de evolução. Um dos líderes da torcida organizada Bamor, João Robson Santos Nascimento, 50 anos esteve no HGE para saber notícias de alguns de seus conhecidos que sofreram o acidente. Segundo Robson, a torcida deve aguardar as decisões do governo e as novas informações para depois realizar algum pronunciamento. “Queremos frisar que o fato não é de responsabilidade da Bamor. A Fonte Nova já tem muitos anos sem passar por uma reforma. Registramos ainda que havia muito mais de 60 mi torcedores. Somos a favor da demolição e da construção de um novo estádio no mesmo lugar”, afirmou. Robson acha que a interdição da Fonte Nova vai ser uma punição e uma tristeza para o torcedor do Bahia que vai ficar por um período sem ter um estádio para torcer. Ele também estava na parte inferior da arquibancada, na mesma direção onde ocorreu o acidente. Conforme contou, o desastre foi muito rápido. “Houve tumulto e correria até sabermos o que tinha acontecido”, relatou. Além do desabamento de parte da arquibancada, que acabou com a morte de sete torcedores, a maioria pertencente a torcida organizada Bamor, cenas indescritíveis de confusão e baderna marcaram o término do jogo. A invasão do campo ocorreu juntamente com atos de vandalismo de centenas de torcedores que retiraram partes da grama, danificaram equipamentos, macas e parte do alambrado. Algumas pessoas se queixaram da insegurança durante e depois do jogo, quando nas ruas próximas ao estádio, ladrões aproveitaram a euforia e a distração de outros para quebrarem vidros de carros e saquearem torcedores. A confusão foi comentada pelo líder de torcida, João Robson, como um fato à parte. Segundo ele, os atos de vandalismo não foram praticados por integrantes da Bamor, mas por torcedores independentes do Bahia. “A todo o momento a Bamor tem orientado os seus integrantes a apenas levantarem o time, mas sem a violência e a depredação do espaço. Conforme relata, a polícia tentou conter a euforia das pessoas que pulavam o alambrado e praticavam danos ao campo de futebol, “mas quando perceberam que era algo incontrolável acabaram desistindo”. Robson lembra ainda que um dos portões foi empurrado por torcedores independentes e que cinco pessoas foram levadas por policiais. Uniformizado com toca e camisa do Bahia, o torcedor Cláudio Luiz Cruz Xavier estava ontem na porta do HGE para saber notícias de um amigo e confessou ter pulado o alambrado para entrar em campo no final do jogo. Ele assistiu o primeiro tempo da partida próximo ao local do desabamento e por sorte passou para o outro lado da arquibancada durante o segundo tempo. Ao ser perguntado sobre a danificação dos equipamentos e do gramado, Cruz apenas sorriu e disse que a emoção explicava o ato. “O Bahia é o meu vício”, afirmou. (Por Lilian Machado)
Fonte: Tribuna da Bahia
Capítulo final
Fonte Nova terá na demolição o seu epílogo
Jony Torres
A morte de sete torcedores provocada pela falta de manutenção adequada em suas estruturas foi o último capítulo da outrora imponente Fonte Nova. A decisão de demolir o estádio e construir uma nova praça esportiva no mesmo local foi anunciada ontem pelo governador Jaques Wagner. O custo da obra, orçada inicialmente entre R$300 milhões e R$350 milhões, será bancada através de uma parceria público-privada (PPP) ou com recursos do próprio estado.
O novo empreendimento não deve se limitar à prática de esportes como atletismo e futebol, possibilitando também a utilização da infra-estrutura para o funcionamento de um shopping center e um estacionamento. Através da assessoria de comunicação do governo do estado (Agecom), Wagner informou que já tem um projeto em análise. “Todos sabem da minha inclinação em implodir a Fonte Nova. Isso já foi dito diversas vezes antes da tragédia do domingo”, declarou.
Indefinição - A determinação de construir um novo estádio foi anunciada pelo governador na Suíça, após a confirmação pela Fifa, no mês passado, do Brasil como sede da Copa do Mundo em 2014. Segundo Wagner, algumas empresas já manifestaram o interesse em financiar o novo estádio.
Com a interdição da Fonte Nova, ainda não se sabe onde será realizado o jogo da Seleção Brasileira pelas eliminatórias para a Copa de 2010. Também não há data para o início ou o término das obras. Segundo especialistas, somente o processo de planejamento, implosão e retirada do material deve durar seis meses.
Depois de fazer uma vistoria na Fonte Nova, o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Jonas Dantas, achou que seria muito elevado o preço para colocar o equipamento novamente em condições de uso. “É uma avaliação preliminar, mas, no mínimo, seriam gastos uns R$200 milhões para requalificar este estádio. São necessários muitos reparos estruturais”, afirmou.
***
Duelo de tricolores
Apesar das cinco decisões nacionais realizadas no estádio, as arquibancadas da Fonte Nova abrigaram o maior público oficial de sua história em um duelo de tricolores. Em 1989, o Bahia venceu o Fluminense por 2x1, diante de 110 mil pessoas. Não havia lugar para mais ninguém e os torcedores ficaram espremidos. Poucos pisavam o chão, mas a maioria vibrou de alegria com a classificação para a final. Duas semanas depois, com Bobô no campo, veio o posterior título de campeão brasileiro, o único do tricolor desde o início da disputa do certame em 1971. No mesmo gramado, quatro anos depois, o Vitória perdeu para o Palmeiras e ficou sem o mesmo título que o rival.
O campo ainda foi invadido por centenas de torcedores do Bahia no final de 2006, quando o time não conseguiu superar o Ipatinga e permaneceu na terceira divisão. Na ocasião, 40 pessoas saíram feridas, parte das arquibancadas foi depredada como prenúncio de uma tragédia.
O estádio passou quase todo o ano de 2007, total ou parcialmente interditado, mas foi reaberto pela Sudesb. O resto é história. No último domingo, o Bahia subiu para a segunda divisão, sete torcedores morreram e a Fonte Nova sofreu seu derradeiro golpe.
***
Vitórias, derrotas e tragédias
Inaugurada no dia 28 de janeiro de 1951, diante de 25 mil torcedores, a Fonte Nova foi palco de vitórias, derrotas e tragédias. O primeiro triunfo foi do Botafogo, por 1x0 sobre o Guarani, na época dois tradicionais clubes do futebol baiano, corroídos pelo tempo como o próprio estádio. O então governador, Otávio Mangabeira, deu o pontapé inicial para a viabilização do equipamento, ao qual emprestou o nome e de onde se despediu do governo.
O apelido Fonte Nova vingou pela força do uso popular. Dizem os historiadores que, mesmo antes da inauguração, o termo comum já vencia o nome de batismo, graças a três fontes de água que existiam na região. Durante muitos anos, principalmente na década de 60, foi palco para conquistas inesquecíveis de Bahia, Vitória, Ypiranga, Galícia, Leônico e Fluminense de Feira de Santana.
Em 1971, ganhou seu anel superior e a forma com a qual hoje se despede do cenário esportivo nacional. Mais de 6.500 m³ de concreto, 1,2 milhão de toneladas de ferro e 44.989 sacos de cimento foram usados na realização do projeto do arquiteto Diógenes Rebouças. A grandiosidade da obra e o clima de tensão durante a ditadura militar, além da aceleração do ritmo dos trabalhos, provocaram dúvidas sobre a sua segurança.
A população estava receosa. Mesmo assim, 90 mil ingressos foram vendidos e, diante do presidente Emílio Garrastazu Médici, ocorreu o que ninguém esperava, mas muitos temiam. No dia 4 de março, um boato ou o sobrevôo de um avião ou ainda problemas na estrutura dos holofotes provocaram uma correria e um tumulto nas arquibancadas, o que deixou pelo menos dois mortos e dois mil feridos. No entanto, acredita-se que um número bem maior de pessoas tenha perdido a vida naquele dia.
Fonte: Correio da Bahia
Cenas que os números não mostram
Marcelo Migliaccio
Como diz o economista Flávio Comin, assessor especial para Desenvolvimento Humano da ONU e um dos autores do relatório divulgado pelo Pnud, é preciso ter cautela ao avaliar a nova classificação do Brasil entre os países de alto desenvolvimento humano.
- É a questão do copo meio cheio ou meio vazio. Para mim, o copo está meio vazio - diz Comin.
Totalmente vazios estão os pratos de Márcia, 21 anos, e Angélica, 17. Todas as noites, elas saem do Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, e da Favela Nelson Mandela, em Manguinhos, para pegar sobras de alimentos, muitos vencidos, num supermercado de Copacabana.
Por volta das 21h30, a reportagem do JB encontrou as duas catando qualquer coisa que pudesse ser aproveitada numa montanha de sacos de lixo na esquina da Avenida Prado Júnior com Rua Ministro Viveiros de Castro. Em meio a baratas e um mau cheiro insuportável, as amigas rasgavam os plásticos com pressa. Ao lado, brincando na imundície, os filhos de Márcia - Kauã, 3 anos, e Kauê, 1 ano e 4 meses.
- Se a gente não fizer isso não come, moço - diz Márcia, incrivelmente maquiada e com uma roupa que em nada sugeria indigência.
- Vamos logo! Daqui a pouco, o caminhão da Comlurb vai passar e levar tudo! - apressa Angélica, que teve mais sorte e deixou seu bebê com a mãe na favela.
Márcia diz que o pai de seus filhos "era ladrão e morreu de tiro". Garante que já fez faxina e trabalhou numa gráfica, embora nunca tenha possuído carteira assinada.
- Estudei até a 5ª série, mas está difícil arrumar emprego - conta.
A chupeta de Kauã cai no chão, mas a mãe só diz alguma coisa quase por obrigação.
- Não põe na boca! - manda Márcia, sem se importar se sua ordem foi cumprida. - Ele nunca pegou nenhuma doença.
A realidade das duas mulheres é vivida por milhões de brasileiros dentro de suas casas. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada ontem revelou que, com o atual nível de investimento em saneamento básico, só em 2122 a totalidade da população brasileira terá acesso a rede de coleta de esgoto. Mais da metade dos brasileiros não tem esgoto recolhido. No Amapá, só 1,42% dos habitantes têm acesso ao benefício.
Conforme divulgou o Instituto Trata Brasil, que encomendou o estudo, sete crianças brasileiras morrem por dia em conseqüência da falta de saneamento básico no local onde vivem. O instituto considera que o ideal seria investir em saneamento o equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto. Hoje, o investimento na área é de 0,22%. (Com agências)
Fonte: JB Online
Como diz o economista Flávio Comin, assessor especial para Desenvolvimento Humano da ONU e um dos autores do relatório divulgado pelo Pnud, é preciso ter cautela ao avaliar a nova classificação do Brasil entre os países de alto desenvolvimento humano.
- É a questão do copo meio cheio ou meio vazio. Para mim, o copo está meio vazio - diz Comin.
Totalmente vazios estão os pratos de Márcia, 21 anos, e Angélica, 17. Todas as noites, elas saem do Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, e da Favela Nelson Mandela, em Manguinhos, para pegar sobras de alimentos, muitos vencidos, num supermercado de Copacabana.
Por volta das 21h30, a reportagem do JB encontrou as duas catando qualquer coisa que pudesse ser aproveitada numa montanha de sacos de lixo na esquina da Avenida Prado Júnior com Rua Ministro Viveiros de Castro. Em meio a baratas e um mau cheiro insuportável, as amigas rasgavam os plásticos com pressa. Ao lado, brincando na imundície, os filhos de Márcia - Kauã, 3 anos, e Kauê, 1 ano e 4 meses.
- Se a gente não fizer isso não come, moço - diz Márcia, incrivelmente maquiada e com uma roupa que em nada sugeria indigência.
- Vamos logo! Daqui a pouco, o caminhão da Comlurb vai passar e levar tudo! - apressa Angélica, que teve mais sorte e deixou seu bebê com a mãe na favela.
Márcia diz que o pai de seus filhos "era ladrão e morreu de tiro". Garante que já fez faxina e trabalhou numa gráfica, embora nunca tenha possuído carteira assinada.
- Estudei até a 5ª série, mas está difícil arrumar emprego - conta.
A chupeta de Kauã cai no chão, mas a mãe só diz alguma coisa quase por obrigação.
- Não põe na boca! - manda Márcia, sem se importar se sua ordem foi cumprida. - Ele nunca pegou nenhuma doença.
A realidade das duas mulheres é vivida por milhões de brasileiros dentro de suas casas. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada ontem revelou que, com o atual nível de investimento em saneamento básico, só em 2122 a totalidade da população brasileira terá acesso a rede de coleta de esgoto. Mais da metade dos brasileiros não tem esgoto recolhido. No Amapá, só 1,42% dos habitantes têm acesso ao benefício.
Conforme divulgou o Instituto Trata Brasil, que encomendou o estudo, sete crianças brasileiras morrem por dia em conseqüência da falta de saneamento básico no local onde vivem. O instituto considera que o ideal seria investir em saneamento o equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto. Hoje, o investimento na área é de 0,22%. (Com agências)
Fonte: JB Online
Coisas da Política - Três retratos 3x4 da geléia tropical
Foi uma delegada quem ordenou que a menina de 15 anos fosse enjaulada em companhia de mais de 30 machos. A sherloque de Abaetetuba está subordinada à Secretaria de Segurança Pública, chefiada por uma mulher. Por ordem da petista Ana Júlia Carepa, primeira mulher a comandar o governo estadual, a delegada foi "afastada das funções que exerce". Tradução: por algum tempo, vai receber sem trabalhar. A secretária de Segurança Pública continuará no cargo.
A perturbadora corrente feminina invadiu os domínios do Poder Judiciário. Foi uma juíza quem, depois de examinar o relatório remetido pela delegacia, ratificou a condenação ao inferno. A mulher que preside o Tribunal de Justiça do Estado ainda não revelou o que acha da performance da doutora. É improvável que lhe prejudique a carreira por tão pouco.
Os companheiros paraenses vivem celebrando a feminilidade de Ana Júlia. Faz sentido. Ao assumir o governo, ela tentou transformar em "assessoras especiais" a manicure e a cabeleireira. Também esbanja jogo de cintura quando dança o carimbó. Mas anda absorvida por um assunto geralmente associado a homens: futebol. Para incluir Belém na rota da Copa do Mundo de 2014, Ana Júlia conseguiu até ser escalada no time de governadores que jogou recentemente na Suíça.
De olho no voto masculino, acabou ganhando, por vias transversas, ao menos 30 eleitores cativos em Abaetetuba. Presenteada com uma adolescente, a turma da cadeia acha que Ana Júlia é a melhor governadora da história do Pará.
Azeredo merece disputar a Presidência
Para preservar o senador Eduardo Azeredo, os chefões do PSDB e as bancadas no Congresso se comportaram com a candura de um seminarista na fase aguda do escândalo do mensalão. O pé no freio que salvou o tucano mineiro também evitou sacolejos que fariam Lula balançar perigosamente.
A obscena opção pela cumplicidade tornou a manifestar-se com a divulgação da denúncia do procurador-geral da República, Antonio de Fernando Souza, que localiza Azeredo nos trabalhos de parto do mensalão. O comparsa Walfrido Mares Guia entregou o cargo de ministro e submergiu. O senador só tem recebido afagos e palavras de estímulo dos grão-tucanos. Aparentemente, ficou melhor ainda no retrato do PSDB.
Que tal lançá-lo candidato à Presidência da República?
Lula merece um cursinho intensivo
Professores universitários petistas reagiram com frases ferozes (todas formuladas em bom português) à constatação reiterada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: a formação escolar de Lula é lastimável, como vivem avisando as sucessivas agressões ao idioma, à História e à geografia. É preconceito de classe, recitaram em coro. Como se não houvesse tanta cabeça boa de origem humilde e tantos cretinos com sobrenomes muito vistosos.
A intelectuália governista faria um favor ao presidente (e aos brasileiros que prezam a gramática e valorizam o conhecimento) se, em vez de bancar a babá da ignorância companheira, providenciasse um cursinho intensivo - personalizado, que ele merece - para Lula. Ele aprende rápido. Teria melhorado bastante se a preguiça não o impedisse de aplicar em estudos parte do tempo que lhe sobrou entre 1980 e 2002.
Caso não fuja das aulas, o presidente da República não demorará a descobrir, por exemplo, que o plural existe. Ou que o Brasil faz fronteira com a Bolívia.
Fonte: JB Online
A perturbadora corrente feminina invadiu os domínios do Poder Judiciário. Foi uma juíza quem, depois de examinar o relatório remetido pela delegacia, ratificou a condenação ao inferno. A mulher que preside o Tribunal de Justiça do Estado ainda não revelou o que acha da performance da doutora. É improvável que lhe prejudique a carreira por tão pouco.
Os companheiros paraenses vivem celebrando a feminilidade de Ana Júlia. Faz sentido. Ao assumir o governo, ela tentou transformar em "assessoras especiais" a manicure e a cabeleireira. Também esbanja jogo de cintura quando dança o carimbó. Mas anda absorvida por um assunto geralmente associado a homens: futebol. Para incluir Belém na rota da Copa do Mundo de 2014, Ana Júlia conseguiu até ser escalada no time de governadores que jogou recentemente na Suíça.
De olho no voto masculino, acabou ganhando, por vias transversas, ao menos 30 eleitores cativos em Abaetetuba. Presenteada com uma adolescente, a turma da cadeia acha que Ana Júlia é a melhor governadora da história do Pará.
Azeredo merece disputar a Presidência
Para preservar o senador Eduardo Azeredo, os chefões do PSDB e as bancadas no Congresso se comportaram com a candura de um seminarista na fase aguda do escândalo do mensalão. O pé no freio que salvou o tucano mineiro também evitou sacolejos que fariam Lula balançar perigosamente.
A obscena opção pela cumplicidade tornou a manifestar-se com a divulgação da denúncia do procurador-geral da República, Antonio de Fernando Souza, que localiza Azeredo nos trabalhos de parto do mensalão. O comparsa Walfrido Mares Guia entregou o cargo de ministro e submergiu. O senador só tem recebido afagos e palavras de estímulo dos grão-tucanos. Aparentemente, ficou melhor ainda no retrato do PSDB.
Que tal lançá-lo candidato à Presidência da República?
Lula merece um cursinho intensivo
Professores universitários petistas reagiram com frases ferozes (todas formuladas em bom português) à constatação reiterada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: a formação escolar de Lula é lastimável, como vivem avisando as sucessivas agressões ao idioma, à História e à geografia. É preconceito de classe, recitaram em coro. Como se não houvesse tanta cabeça boa de origem humilde e tantos cretinos com sobrenomes muito vistosos.
A intelectuália governista faria um favor ao presidente (e aos brasileiros que prezam a gramática e valorizam o conhecimento) se, em vez de bancar a babá da ignorância companheira, providenciasse um cursinho intensivo - personalizado, que ele merece - para Lula. Ele aprende rápido. Teria melhorado bastante se a preguiça não o impedisse de aplicar em estudos parte do tempo que lhe sobrou entre 1980 e 2002.
Caso não fuja das aulas, o presidente da República não demorará a descobrir, por exemplo, que o plural existe. Ou que o Brasil faz fronteira com a Bolívia.
Fonte: JB Online
Só cresce quem gasta
Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Vamos dar razão ao presidente Lula, hoje: ele declarou que "não se consegue governar o País sem aumentar os gastos públicos". No caso, governar bem. Porque, para governar bem, torna-se necessário criar novas universidades e novos hospitais, recuperar rodovias, implantar ferrovias e melhorar os portos, para começar.
Como promover essas realizações sem gastar? Sem professores as universidades não funcionam, como os hospitais de nada valerão, sem médicos. Deixar as rodovias destroçadas como forma de diminuir gastos públicos é bobagem, da mesma forma como não investir no transporte ferroviário será contribuir para o estrangulamento da economia. Coisa igual para os portos e tudo o mais.
Alguns ingênuos e um número bem maior de malandros fingem espanto diante do aumento dos gastos públicos, certamente porque pretendem reduzir o Estado à sua expressão mais débil, em favor da iniciativa privada. Mas essa, quando se expande, não gasta? Para atender seu crescimento, a iniciativa privada não precisa vender mais? Ou até aumentar os preços de seus produtos? Por que seria diferente com o poder público e seus investimentos?
Aconteceria o quê, se permanecesse o País na mesquinha estratégia de não gastar e até de cortar gastos públicos? Governo, para certas camadas elitistas, serve apenas para financiar empreendimentos privados. Nesse particular, não pregam a diminuição de despesas.
Previsão inevitável
Para o presidente interino do Senado, Tião Viana, é grande o risco de prosperar a tese do terceiro mandato, tendo em vista o enfraquecimento das instituições nacionais, a começar pelo Legislativo. Apenas com um Congresso fortalecido seria possível evitar o casuísmo.
Se for assim, melhor o País conformar-se em ter o Lula por mais um período de governo, mesmo em se tratando de mudança nas regras do jogo depois dele começado. Porque as instituições continuam em marcha batida para a desmoralização, com o Legislativo à frente. Basta atentar para pesquisas recentes para se aferir a imagem do Congresso junto à opinião pública.
A gente não sabe se Tião Viana falou como adversário ou como adepto do terceiro mandato, mas a conclusão de seu diagnóstico é uma só: parece inevitável...
Do Alasca a Bangladesh
Na nova direção do PSDB está sendo criado um grupo de trabalho destinado a levantar quantos seminários sobre o futuro do planeta se realizarão no ano que vem. Se possível, até, ainda este ano. Pesquisa-se o mundo inteiro, do Alasca a Bangladesh, para saber quantas universidades, ONGs, centros de altos estudos, escolas de educação superior e até governos encontram-se realizando ou planejando realizar debates, até mesmo sobre o sexo dos anjos.
O objetivo é um só: inscrever o sociólogo em todos esses eventos, de forma a que até 2010 ele passe o tempo todo expondo seu brilho invulgar em palestras e conferências lá fora. Apenas assim os tucanos imaginam poder dispor de tranqüilidade para traçar suas metas político-eleitorais sem a explosiva participação de Fernando Henrique Cardoso, que parece haver pirado de vez.
Na semana que passou ultrapassaram todos os limites as agressões do ex-presidente ao sucessor, ao governo e à população sem diploma universitário e monoglota. Não demora muito, se continuar em território nacional, estará pregando o "tiro ao tucano" e, quem sabe, a revogação da Lei Áurea. Melhor que se dedique a funções acadêmicas pelo mundo, com despesas pagas pelo partido.
Colete à prova de balas
Anuncia-se para sexta-feira a ida do presidente Lula às favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Deverá inaugurar obras do PAC naquela área conflagrada e entregue ao tiroteio entre policiais e traficantes. Ignora-se qual o conselho dado ao chefe do governo por sua assessoria de segurança, certamente contrária, mas, se Lula insistir em estar presente, que no mínimo compareça usando um colete à prova de balas.
O policiamento ficará a cargo do Exército, claro que sem dispensar as polícias civil e militar do Rio de Janeiro. A pergunta que se faz é se um presidente da República tem o direito de se expor dessa forma. Seria o mesmo, ou pior, do que o presidente George W. Bush comparecer para a inauguração do Monumento ao Soldado Assassinado no centro de Bagdá.
Os líderes dos traficantes não são bobos, estarão desde já recomendando às respectivas quadrilhas que tomem férias, vão veranear em outras favelas e até distribuirão bandeirinhas brasileiras para as crianças das comunidades. O problema é que tanto lá como cá existem os aloprados. Doidos varridos que poderão muito bem imaginar que a tropa subirá o morro não para proteger o presidente da República, mas para prendê-los. Nesse caso, será tiroteio na certa, mas com o Lula no meio?
Fonte: Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Vamos dar razão ao presidente Lula, hoje: ele declarou que "não se consegue governar o País sem aumentar os gastos públicos". No caso, governar bem. Porque, para governar bem, torna-se necessário criar novas universidades e novos hospitais, recuperar rodovias, implantar ferrovias e melhorar os portos, para começar.
Como promover essas realizações sem gastar? Sem professores as universidades não funcionam, como os hospitais de nada valerão, sem médicos. Deixar as rodovias destroçadas como forma de diminuir gastos públicos é bobagem, da mesma forma como não investir no transporte ferroviário será contribuir para o estrangulamento da economia. Coisa igual para os portos e tudo o mais.
Alguns ingênuos e um número bem maior de malandros fingem espanto diante do aumento dos gastos públicos, certamente porque pretendem reduzir o Estado à sua expressão mais débil, em favor da iniciativa privada. Mas essa, quando se expande, não gasta? Para atender seu crescimento, a iniciativa privada não precisa vender mais? Ou até aumentar os preços de seus produtos? Por que seria diferente com o poder público e seus investimentos?
Aconteceria o quê, se permanecesse o País na mesquinha estratégia de não gastar e até de cortar gastos públicos? Governo, para certas camadas elitistas, serve apenas para financiar empreendimentos privados. Nesse particular, não pregam a diminuição de despesas.
Previsão inevitável
Para o presidente interino do Senado, Tião Viana, é grande o risco de prosperar a tese do terceiro mandato, tendo em vista o enfraquecimento das instituições nacionais, a começar pelo Legislativo. Apenas com um Congresso fortalecido seria possível evitar o casuísmo.
Se for assim, melhor o País conformar-se em ter o Lula por mais um período de governo, mesmo em se tratando de mudança nas regras do jogo depois dele começado. Porque as instituições continuam em marcha batida para a desmoralização, com o Legislativo à frente. Basta atentar para pesquisas recentes para se aferir a imagem do Congresso junto à opinião pública.
A gente não sabe se Tião Viana falou como adversário ou como adepto do terceiro mandato, mas a conclusão de seu diagnóstico é uma só: parece inevitável...
Do Alasca a Bangladesh
Na nova direção do PSDB está sendo criado um grupo de trabalho destinado a levantar quantos seminários sobre o futuro do planeta se realizarão no ano que vem. Se possível, até, ainda este ano. Pesquisa-se o mundo inteiro, do Alasca a Bangladesh, para saber quantas universidades, ONGs, centros de altos estudos, escolas de educação superior e até governos encontram-se realizando ou planejando realizar debates, até mesmo sobre o sexo dos anjos.
O objetivo é um só: inscrever o sociólogo em todos esses eventos, de forma a que até 2010 ele passe o tempo todo expondo seu brilho invulgar em palestras e conferências lá fora. Apenas assim os tucanos imaginam poder dispor de tranqüilidade para traçar suas metas político-eleitorais sem a explosiva participação de Fernando Henrique Cardoso, que parece haver pirado de vez.
Na semana que passou ultrapassaram todos os limites as agressões do ex-presidente ao sucessor, ao governo e à população sem diploma universitário e monoglota. Não demora muito, se continuar em território nacional, estará pregando o "tiro ao tucano" e, quem sabe, a revogação da Lei Áurea. Melhor que se dedique a funções acadêmicas pelo mundo, com despesas pagas pelo partido.
Colete à prova de balas
Anuncia-se para sexta-feira a ida do presidente Lula às favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Deverá inaugurar obras do PAC naquela área conflagrada e entregue ao tiroteio entre policiais e traficantes. Ignora-se qual o conselho dado ao chefe do governo por sua assessoria de segurança, certamente contrária, mas, se Lula insistir em estar presente, que no mínimo compareça usando um colete à prova de balas.
O policiamento ficará a cargo do Exército, claro que sem dispensar as polícias civil e militar do Rio de Janeiro. A pergunta que se faz é se um presidente da República tem o direito de se expor dessa forma. Seria o mesmo, ou pior, do que o presidente George W. Bush comparecer para a inauguração do Monumento ao Soldado Assassinado no centro de Bagdá.
Os líderes dos traficantes não são bobos, estarão desde já recomendando às respectivas quadrilhas que tomem férias, vão veranear em outras favelas e até distribuirão bandeirinhas brasileiras para as crianças das comunidades. O problema é que tanto lá como cá existem os aloprados. Doidos varridos que poderão muito bem imaginar que a tropa subirá o morro não para proteger o presidente da República, mas para prendê-los. Nesse caso, será tiroteio na certa, mas com o Lula no meio?
Fonte: Tribuna da Imprensa
Estudo aponta dez passos para diminuir risco de câncer
Além de proteger contra infecções, desenvolver o sistema imunológico e fortalecer o vínculo entre mãe e filho, a amamentação tem um importante e pouco conhecido benefício: prevenir o câncer. Esta é uma das conclusões de um painel de 22 especialistas de cinco continentes que, durante cinco anos, revisaram sete mil estudos e escreveram uma lista com 10 recomendações que reduzem o risco de desenvolver a doença, que já é a segunda causa de mortalidade no Brasil.
"A amamentação reduz o risco de obesidade, que é fator de risco principal para os tumores do trato digestivo e secundário para a maioria dos tipos de câncer", disse o diretor-geral do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (WCRF), Geoffrey Cannon, que lançou ontem, no Congresso Internacional de Controle de Câncer, a tradução brasileira do relatório. "É necessário enfatizar que não existe nenhum outro estudo global com bases científicas tão fortes", afirmou ele.
Embora já houvesse evidências de que a amamentação reduz o risco de a mãe desenvolver câncer de mama, Cannon lembrou que esta é a primeira vez que é relacionada à prevenção do câncer na vida adulta do bebê. Segundo Cannon, o objetivo do estudo era chegar às recomendações, que servem de metas para a saúde pública e orientação pessoal para a adoção de hábitos mais saudáveis. O câncer é uma doença de genes vulneráveis à mutação, especialmente durante o longo período da vida humana.
As projeções indicam que as taxas de câncer, em geral, tendem a aumentar. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão quase um milhão de casos nos próximos dois anos - 466 mil a cada ano.
Fatores ambientais
As evidências mostram que apenas uma pequena parcela dos cânceres é herdada. Os fatores ambientais são mais importantes. Uso de tabaco, exposição ao sol ou a produtos químicos, agentes infecciosos e medicamentos são aspectos importantes, assim como a adoção de hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e controle do peso.
Nenhum estudo isolado prova que um determinado alimento pode provocar ou evitar câncer, mas o relatório divulgado nesta terça-feira mostra que a adoção de alguns hábitos pode prevenir o surgimento de tumores, ou então, provocá-lo, afirma o relatório.
Entre os alimentos mais prejudiciais, está o consumo de sal ou açúcar em excesso, e de alimentos processados (conservados com nitratos e nitritos, defumados ou curados). Essas substâncias agem no organismo provocando inflamações que aumentam a absorção de substâncias cancerígenas. Por outro lado, o consumo de pelo menos 600 gramas de verduras e frutas é um fator de proteção, porque esses alimentos possuem uma grande quantidade de fitoquímicos, compostos que dão cores a essas comidas e inibem o desenvolvimento de tumores.
Herança portuguesa
Cannon sugere que os brasileiros voltem a se alimentar de acordo com a tradição indígena e africana. Segundo ele, graças à herança portuguesa, o consumo per capita de sal no Brasil é um dos maiores no mundo. "A classe média brasileira também se espelha muito nos Estados Unidos, que, em termos de nutrição, não são exemplo para ninguém. Eles têm um alto índice de obesidade e baixa expectativa de vida. Os brasileiro estão copiando esses hábitos", disse ele.
A nutricionista Sueli Couto, da Coordenadoria de Prevenção e Vigilância do Inca, que resumiu o relatório para a tradução brasileira, disse que o documento será utilizado pelo Ministério da Saúde em campanhas de promoção da saúde. O conjunto das recomendações, que inclui manter-se o mais magro possível, praticar atividades físicas, comer frutas e verduras, limitar o consumo de carne vermelha, sal, refrigerantes e bebidas alcoólicas, também previne outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão, disse ela.
Fonte: Tribuna da Imprensa
"A amamentação reduz o risco de obesidade, que é fator de risco principal para os tumores do trato digestivo e secundário para a maioria dos tipos de câncer", disse o diretor-geral do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (WCRF), Geoffrey Cannon, que lançou ontem, no Congresso Internacional de Controle de Câncer, a tradução brasileira do relatório. "É necessário enfatizar que não existe nenhum outro estudo global com bases científicas tão fortes", afirmou ele.
Embora já houvesse evidências de que a amamentação reduz o risco de a mãe desenvolver câncer de mama, Cannon lembrou que esta é a primeira vez que é relacionada à prevenção do câncer na vida adulta do bebê. Segundo Cannon, o objetivo do estudo era chegar às recomendações, que servem de metas para a saúde pública e orientação pessoal para a adoção de hábitos mais saudáveis. O câncer é uma doença de genes vulneráveis à mutação, especialmente durante o longo período da vida humana.
As projeções indicam que as taxas de câncer, em geral, tendem a aumentar. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão quase um milhão de casos nos próximos dois anos - 466 mil a cada ano.
Fatores ambientais
As evidências mostram que apenas uma pequena parcela dos cânceres é herdada. Os fatores ambientais são mais importantes. Uso de tabaco, exposição ao sol ou a produtos químicos, agentes infecciosos e medicamentos são aspectos importantes, assim como a adoção de hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e controle do peso.
Nenhum estudo isolado prova que um determinado alimento pode provocar ou evitar câncer, mas o relatório divulgado nesta terça-feira mostra que a adoção de alguns hábitos pode prevenir o surgimento de tumores, ou então, provocá-lo, afirma o relatório.
Entre os alimentos mais prejudiciais, está o consumo de sal ou açúcar em excesso, e de alimentos processados (conservados com nitratos e nitritos, defumados ou curados). Essas substâncias agem no organismo provocando inflamações que aumentam a absorção de substâncias cancerígenas. Por outro lado, o consumo de pelo menos 600 gramas de verduras e frutas é um fator de proteção, porque esses alimentos possuem uma grande quantidade de fitoquímicos, compostos que dão cores a essas comidas e inibem o desenvolvimento de tumores.
Herança portuguesa
Cannon sugere que os brasileiros voltem a se alimentar de acordo com a tradição indígena e africana. Segundo ele, graças à herança portuguesa, o consumo per capita de sal no Brasil é um dos maiores no mundo. "A classe média brasileira também se espelha muito nos Estados Unidos, que, em termos de nutrição, não são exemplo para ninguém. Eles têm um alto índice de obesidade e baixa expectativa de vida. Os brasileiro estão copiando esses hábitos", disse ele.
A nutricionista Sueli Couto, da Coordenadoria de Prevenção e Vigilância do Inca, que resumiu o relatório para a tradução brasileira, disse que o documento será utilizado pelo Ministério da Saúde em campanhas de promoção da saúde. O conjunto das recomendações, que inclui manter-se o mais magro possível, praticar atividades físicas, comer frutas e verduras, limitar o consumo de carne vermelha, sal, refrigerantes e bebidas alcoólicas, também previne outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão, disse ela.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Bispo retoma greve de fome
Dom Luiz Cappio Flavio radicaliza e inicia manifestação contra transposição do Rio São Francisco
SALVADOR - O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, de 61 anos, resolveu voltar a fazer greve de fome para protestar contra as obras de transposição do Rio São Francisco, que estão sendo realizadas por tropas do exército no Norte da Bahia. A manifestação, que começou às 10 horas de ontem, em Sobradinho (BA), 554 quilômetros a Noroeste de Salvador, localizada na margem do rio, ocorre dois anos e um mês depois que o religioso encerrou um jejum de 11 dias, pelo mesmo motivo.
"Naquela época, o governo e eu assinamos um acordo que previa o encerramento da transposição e o início de um grande debate da sociedade em torno do desenvolvimento das populações que vivem nas regiões abastecidas pelo rio", conta. "Este recomeço é um protesto desesperado porque o governo não cumpriu o acordo".
A greve de fome foi iniciada no momento em que Cappio protocolou uma carta para ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nela, o bispo ressalta que há "propostas para garantir o abastecimento de água para toda a população do Semi-Árido com as ações previstas no Atlas do Nordeste apresentadas pela Agência Nacional das Águas (Ana) e as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA)", fazendo com que a transposição seja desnecessária.
Cappio afirma que está disposto a morrer "pela vida do rio e a do povo". "Só há duas formas de eu interromper este protesto: se as tropas do Exército saírem dos locais onde estão sendo realizadas as obras ou se forem arquivados definitivamente os projetos de transposição", garante.
Fonte: Tribuna da Imprensa
SALVADOR - O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, de 61 anos, resolveu voltar a fazer greve de fome para protestar contra as obras de transposição do Rio São Francisco, que estão sendo realizadas por tropas do exército no Norte da Bahia. A manifestação, que começou às 10 horas de ontem, em Sobradinho (BA), 554 quilômetros a Noroeste de Salvador, localizada na margem do rio, ocorre dois anos e um mês depois que o religioso encerrou um jejum de 11 dias, pelo mesmo motivo.
"Naquela época, o governo e eu assinamos um acordo que previa o encerramento da transposição e o início de um grande debate da sociedade em torno do desenvolvimento das populações que vivem nas regiões abastecidas pelo rio", conta. "Este recomeço é um protesto desesperado porque o governo não cumpriu o acordo".
A greve de fome foi iniciada no momento em que Cappio protocolou uma carta para ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nela, o bispo ressalta que há "propostas para garantir o abastecimento de água para toda a população do Semi-Árido com as ações previstas no Atlas do Nordeste apresentadas pela Agência Nacional das Águas (Ana) e as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA)", fazendo com que a transposição seja desnecessária.
Cappio afirma que está disposto a morrer "pela vida do rio e a do povo". "Só há duas formas de eu interromper este protesto: se as tropas do Exército saírem dos locais onde estão sendo realizadas as obras ou se forem arquivados definitivamente os projetos de transposição", garante.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Mensalão: processado, Corrêa falta à audiência na Justiça
RECIFE - O deputado cassado Pedro Corrêa não apareceu na audiência marcada para ontem na 13ª Vara Federal Criminal, no Recife, onde seria interrogado por sua suposta participação no esquema do mensalão petista. Ele seria o primeiro dos 40 réus da ação penal do mensalão, aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), a ser interrogado.
De acordo com o juiz César Arthur Cavalcanti de Carvalho, que ouviria Corrêa, o ex-deputado não foi oficialmente notificado do interrogatório. Por isso, o juiz avalia que não fica configurada má-fé. A intenção do juiz é ouvir o ex-deputado até o dia 10 de dezembro.
No entanto, como o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, enviou novos documentos ao STF - aproximadamente 500 páginas -, o ministro que relata a ação, Joaquim Barbosa, ampliou o prazo para os interrogatórios. O Judiciário entra em recesso no dia 20 e só volta ao trabalho no dia 6 de janeiro. Portanto, os primeiros interrogatórios só devem ser feitos no ano que vem.
Fonte: Tribuna da Imprensa
De acordo com o juiz César Arthur Cavalcanti de Carvalho, que ouviria Corrêa, o ex-deputado não foi oficialmente notificado do interrogatório. Por isso, o juiz avalia que não fica configurada má-fé. A intenção do juiz é ouvir o ex-deputado até o dia 10 de dezembro.
No entanto, como o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, enviou novos documentos ao STF - aproximadamente 500 páginas -, o ministro que relata a ação, Joaquim Barbosa, ampliou o prazo para os interrogatórios. O Judiciário entra em recesso no dia 20 e só volta ao trabalho no dia 6 de janeiro. Portanto, os primeiros interrogatórios só devem ser feitos no ano que vem.
Fonte: Tribuna da Imprensa
DEM revela liberação de verbas para emendas da base
BRASÍLIA - Apenas nos últimos cinco dias, o governo federal liberou o pagamento de cerca de R$ 206,8 milhões em emendas orçamentárias. Levantamento feito pela assessoria de orçamento da liderança dos Democratas no Senado mostra que esse valor chega a cerca de R$ 515 milhões se forem considerados apenas os totais liberados pelo governo durante novembro.
Para os dirigentes do DEM, esse processo indica que o governo estaria, supostamente, liberando recursos para garantir votos para a aprovação da proposta de prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo o levantamento, as emendas liberadas em novembro superam amplamente os recursos disponibilizados pelo governo nos meses anteriores.
Em outubro, esse tipo de liberação atingiu cerca de R$ 173,3 milhões. Em setembro, esse valor foi um pouco maior: R$ 265 milhões. Em agosto, tinha sido de R$ 210,9 milhões. As emendas contemplam todos os partidos, incluindo os de oposição, embora a maioria dos de recursos seja destinada aos integrantes da base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Para os dirigentes do DEM, esse processo indica que o governo estaria, supostamente, liberando recursos para garantir votos para a aprovação da proposta de prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo o levantamento, as emendas liberadas em novembro superam amplamente os recursos disponibilizados pelo governo nos meses anteriores.
Em outubro, esse tipo de liberação atingiu cerca de R$ 173,3 milhões. Em setembro, esse valor foi um pouco maior: R$ 265 milhões. Em agosto, tinha sido de R$ 210,9 milhões. As emendas contemplam todos os partidos, incluindo os de oposição, embora a maioria dos de recursos seja destinada aos integrantes da base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Para ver aprovada a CPMF, governo ameaça congelar reajustes
BRASÍLIA - O governo recorreu ontem a um arsenal mais pesado de ameaças caso a prorrogação da CPMF não seja aprovada pelo Senado. De acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o Planalto decidiu operar para suspender no Congresso a votação do Orçamento da União para 2008, adiar o anúncio da nova política industrial e o envio da proposta de Reforma Tributária para o Parlamento, além de não conceder mais nenhum reajuste salarial para o funcionalismo público.
Só estarão garantidos os recursos para o programa Bolsa-Família e os investimentos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Estou otimista que vamos conseguir aprovar a prorrogação da CPMF, mas temos que ter prudência porque, se ocorrer de não aprovar, vamos ter que adotar medidas pra resolver o quadro que vai ficar depois disso", disse Paulo Bernardo.
Sem a CPMF, o orçamento ficará com um rombo nas receitas previstas de R$ 40 bilhões. E o orçamento não pode aprovar gastos sem previsão de receita correspondente. Mas se é verdade que a decisão foi tomada por responsabilidade fiscal, como argumenta o ministro, também é fato que a decisão fará com que aumente o lobby no Senado a favor da CPMF.
Além dos próprios parlamentares que estão preocupados em garantir recursos do Orçamento para as suas emendas, segmentos do setor industrial e categorias do funcionalismo público devem se tornar aliados do governo na batalha pela CPMF.
A reforma tributária lidera a lista de reivindicações do setor produtivo. Além disso, o governo já havia anunciado que daria novos incentivos tributários para alguns setores econômicos durante a elaboração da nova política industrial.
Grau de incerteza
Entre eles, o automotivo, um dos setores com maior poder de fogo em Brasília. "A política industrial está pronta, mas o presidente recomendou que não fosse anunciada. Como vou fazer uma medida desonerando tributo se posso perder outra receita importante. Não podemos ser irresponsáveis", afirmou Bernardo.
"Com esse grau de incerteza, fica difícil tomar uma decisão desse tipo. Sem a CPMF, a política industrial terá de ser montada em outro molde". O ministro disse que o governo vai pedir à Comissão Mista de Orçamento que suspenda a votação da proposta orçamentária até resolver a prorrogação da CPMF.
Segundo ele, as reuniões continuarão ocorrendo para contar os prazos legais de tramitação, mas o Orçamento só será levado para votação pelo plenário do Congresso se a disputa pela CPMF estiver encerrada. Bernardo admitiu que corre o risco da votação ficar para o ano que vem, embora tenha esperança de aprová-lo antes do recesso de final de ano.
"O Orçamento pode ficar pra última hora, mas o pior é ficar com um rombo de R$ 40 bilhões e ter que correr atrás para resolver esta questão", disse. Sem a CPMF, governo e Congresso terão que revisar o orçamento para adequar as receitas. "Vamos ter que nos virar juntos", disse.
Traduzindo, Paulo Bernardo que repartir com o Congresso o ônus do corte no orçamento. Para garantir o dinheiro do PAC, o Ministério do Planejamento irá transferir para 2008, na forma de "restos a pagar", os recursos previstos para 2007 e que não foram gastos.
"O PAC está com um ritmo razoável e nós não vamos deixar ficar para trás. Os projetos que estão melhor que a média (em termos de execução), nós vamos reforçar com recursos para entrar janeiro, fevereiro e março. Aí, eu não dependo mais do Orçamento de 2008 para executá-los", explicou o ministro.
Paulo Bernardo disse que o governo ainda não tomou a decisão de suspender o aumento dos recursos para a saúde. Segundo ele, continuarão as discussões para elevar em R$ 24 bilhões o dinheiro da saúde nos próximos quatro anos. "Isso não mudou. Evidentemente que fizemos isso prevendo este estado de coisas. Se não aprovar a CPMF, teremos que rever também, mas não há essa decisão de mudar a implementação da medida da saúde", disse.
O ministro disse que também continuarão as negociações para o reajuste salarial de algumas categorias do serviço público, mas avisou que, "por prudência", nenhum projeto prevendo aumento salarial chegará ao Congresso. "É uma medida prudencial, porque queremos tratar com parcimônia essa questão. Nós achamos que é possível aprovar a CPMF. Mas para evitar que tenhamos avançado demais caso isso não ocorra, estamos segurando todas essas medidas", disse.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Só estarão garantidos os recursos para o programa Bolsa-Família e os investimentos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Estou otimista que vamos conseguir aprovar a prorrogação da CPMF, mas temos que ter prudência porque, se ocorrer de não aprovar, vamos ter que adotar medidas pra resolver o quadro que vai ficar depois disso", disse Paulo Bernardo.
Sem a CPMF, o orçamento ficará com um rombo nas receitas previstas de R$ 40 bilhões. E o orçamento não pode aprovar gastos sem previsão de receita correspondente. Mas se é verdade que a decisão foi tomada por responsabilidade fiscal, como argumenta o ministro, também é fato que a decisão fará com que aumente o lobby no Senado a favor da CPMF.
Além dos próprios parlamentares que estão preocupados em garantir recursos do Orçamento para as suas emendas, segmentos do setor industrial e categorias do funcionalismo público devem se tornar aliados do governo na batalha pela CPMF.
A reforma tributária lidera a lista de reivindicações do setor produtivo. Além disso, o governo já havia anunciado que daria novos incentivos tributários para alguns setores econômicos durante a elaboração da nova política industrial.
Grau de incerteza
Entre eles, o automotivo, um dos setores com maior poder de fogo em Brasília. "A política industrial está pronta, mas o presidente recomendou que não fosse anunciada. Como vou fazer uma medida desonerando tributo se posso perder outra receita importante. Não podemos ser irresponsáveis", afirmou Bernardo.
"Com esse grau de incerteza, fica difícil tomar uma decisão desse tipo. Sem a CPMF, a política industrial terá de ser montada em outro molde". O ministro disse que o governo vai pedir à Comissão Mista de Orçamento que suspenda a votação da proposta orçamentária até resolver a prorrogação da CPMF.
Segundo ele, as reuniões continuarão ocorrendo para contar os prazos legais de tramitação, mas o Orçamento só será levado para votação pelo plenário do Congresso se a disputa pela CPMF estiver encerrada. Bernardo admitiu que corre o risco da votação ficar para o ano que vem, embora tenha esperança de aprová-lo antes do recesso de final de ano.
"O Orçamento pode ficar pra última hora, mas o pior é ficar com um rombo de R$ 40 bilhões e ter que correr atrás para resolver esta questão", disse. Sem a CPMF, governo e Congresso terão que revisar o orçamento para adequar as receitas. "Vamos ter que nos virar juntos", disse.
Traduzindo, Paulo Bernardo que repartir com o Congresso o ônus do corte no orçamento. Para garantir o dinheiro do PAC, o Ministério do Planejamento irá transferir para 2008, na forma de "restos a pagar", os recursos previstos para 2007 e que não foram gastos.
"O PAC está com um ritmo razoável e nós não vamos deixar ficar para trás. Os projetos que estão melhor que a média (em termos de execução), nós vamos reforçar com recursos para entrar janeiro, fevereiro e março. Aí, eu não dependo mais do Orçamento de 2008 para executá-los", explicou o ministro.
Paulo Bernardo disse que o governo ainda não tomou a decisão de suspender o aumento dos recursos para a saúde. Segundo ele, continuarão as discussões para elevar em R$ 24 bilhões o dinheiro da saúde nos próximos quatro anos. "Isso não mudou. Evidentemente que fizemos isso prevendo este estado de coisas. Se não aprovar a CPMF, teremos que rever também, mas não há essa decisão de mudar a implementação da medida da saúde", disse.
O ministro disse que também continuarão as negociações para o reajuste salarial de algumas categorias do serviço público, mas avisou que, "por prudência", nenhum projeto prevendo aumento salarial chegará ao Congresso. "É uma medida prudencial, porque queremos tratar com parcimônia essa questão. Nós achamos que é possível aprovar a CPMF. Mas para evitar que tenhamos avançado demais caso isso não ocorra, estamos segurando todas essas medidas", disse.
Fonte: Tribuna da Imprensa
terça-feira, novembro 27, 2007
Presidente do TCE diz que sabia do inquérito
O presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), Antônio Honorato, ao retornar ontem a Salvador, depois de liberado pela PF em Brasília, deixou claro saber do inquérito policial, a ponto de já haver constituído previamente advogado. Quanto à sua prisão, considerou desnecessária: “Quero dizer que prestei depoimento às autoridades policiais, respondi a todas as indagações do inquérito e fui liberado após o interrogatório. Logo que soube do inquérito, constituí um advogado e solicitei vistas do processo para entender e me colocar à disposição. Achei desnecessária a prisão, bastaria me convocar que eu iria”, afirmou Honorato. As declarações foram dadas após desembarque no Aeroporto Internacional de Salvador. Antônio Honorato foi preso durante a Operação Jaleco Branco, no dia 23 último, acusado de intermediar em 2006 a liberação de recursos referentes a contratos de prestação de serviços mantidos por uma das empresas de Clemilton Rezende com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Segundo seu advogado, Fernando Santana, a ação da Polícia Federal “foi abusiva”, já que após o depoimento Honorato não precisou de habeas corpus e, sim, de uma liberação automática após prestadas as declarações, por ato da própria ministra Eliana Calmon, que determinou a prisão. “Isso revela que essa prisão foi desnecessária. Bastaria um ofício, um telefonema ou uma convocação qualquer que ele teria prestado à polícia, à Justiça, todos os esclarecimentos”, disse. Quando perguntado sobre o que motivou essa ação, Fernando Santana disse ser esta “uma investigação, que em razão de uma precipitação de conclusões, terminou por envolver o nome de uma autoridade pública. Antônio Honorato prestou à polícia todos os esclarecimentos que lhes foram pedidos, palavra por palavra, coisa que poderia ter feito quando simplesmente convocado. A prisão, portanto, foi uma manifestação de arbítrio, de absoluta desnecessidade, a justificar apenas o constrangimento que foi imposto a um cidadão de bem. Tão de bem como declarado durante o curso do interrogatório pelo próprio delegado que presidiu o inquérito”, completou o advogado. A expectativa era grande, no início da tarde de ontem, no Aeroporto Internacional de Salvador, para a chegada do presidente do TCE. Cerca de 100 pessoas, entre amigos, familiares, conselheiros e funcionários da Assembléia Legislativa e do Tribunal, receberam Antônio Honorato com aplausos, após o desembarque em Salvador. Antônio Honorato afirmou estar cansado e não quis falar sobre o teor do seu depoimento à PF. Porém, garantiu que concederá uma entrevista coletiva ainda hoje. Para o conselheiro vice-presidente do TCE-BA, Filemon Matos, a palavra que define sua reação diante da prisão do presidente do Tribunal é perplexidade. “Honorato é uma pessoa de fino trato, que se recebesse um singelo convite iria depor em qualquer lugar. O modo de agir da PF é sempre questionado, pela precipitação. Estamos todos vulneráveis”, criticou. Assim como Antônio Honorato, na madrugada de ontem também prestaram depoimento e foram liberados em seguida o ex-diretor da Secretaria Estadual de Saúde Hélcio de Andrade Júnior, a procuradora-geral da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ana Guiomar Nascimento, e o empresário Afrânio Mattos. De acordo com o advogado Marcelo Junqueira Aires, Afrânio Mattos foi o primeiro a ser ouvido e, conseqüentemente, o primeiro a ser liberado. “O depoimento dele durou cerca de quatro horas, sendo liberado por volta das 20 horas, em Brasília. Estava muito abalado, porque ninguém esperava a prisão. Mas se manteve tranqüilo, até porque não há nada a ser imputado contra ele. Mattos já sofreu um AVC (derrame cerebral), é cardíaco e já estava com a saúde abalada antes de acontecer a prisão. Sua situação de saúde foi agravada e quando chegar a Salvador fará alguns exames”, afirmou o defensor do empresário. As investigações tiveram início em 2005 e a Polícia Federal afirma tratar-se de um esquema integrado por empresários de prestação de serviços nas áreas de conservação, limpeza e segurança. A estimativa é que o grupo agia há mais de 10 anos, com prejuízo de R$ 625 milhões. O golpe consistia na suposta criação de empresas com o uso de “laranjas” para beneficiar um grupo de empresários. Ainda de acordo com a polícia, entre os crimes praticados estava, principalmente a emissão indevida de certidões negativas. O esquema fraudulento contava com a participação de servidores públicos de diversos órgãos, entre eles INSS, Receita Federal, Prefeitura de Salvador e diversas secretarias de Estado da Bahia. (Por Livia Veiga)
Acusados já estão liberados
Até o fechamento desta edição, três das 16 pessoas presas pela Polícia Federal na Operação Jaleco Branco na última quinta-feira, 22, em Salvador, já haviam sido liberadas. No último sábado, a ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, já iniciava o processo de liberação dos acusados. Os primeiros a serem soltos foram o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Honorato, a procuradora-geral da Ufba, Ana Guiomar Nascimento, e o empresário Afrânio Mattos, acusado de ser “laranja” do ex-deputado Marcelo Guimarães. Desde a sexta-feira, 23, que os primeiros envolvidos começaram a ser ouvidos pela ministra Eliana Calmon (STJ). O primeiro a depor foi o empresário Afrânio Mattos, seguido da procuradora-geral da Ufba, Ana Guiomar Nascimento, e do presidente do TCE, Antonio Honorato. A ministra continuou ouvindo os outros presos durante o final de semana. Segundo interpretações de alguns, a tática usada pela ministra Eliana Calmon (STJ) e a Polícia Federal, dificultando os trabalhos dos advogados, visou manter os presos até amanhã. A depender do andamento das investigações, poderá haver prorrogação de algumas prisões. As prisões dos envolvidos na Operação Jaleco Branco foram recebidas com muitas críticas por alguns setores da sociedade, notadamente por parte dos advogados e familiares dos envolvidos. As maiores queixas dos advogados é que eles não tiveram acesso ao relatório para poder formular a defesa dos seus clientes. O advogado do empresário Hélcio de Andrade Júnior, por exemplo, teve que apresentar pedido de habeas corpus na última sexta-feira ao Superior Tribunal Federal (STF) para o seu cliente poder responder ao inquérito em liberdade. Fernando Santana, advogado de Antônio Honorato, presidente do TCE, também se queixou bastante. Além de reclamar por não ter acesso ao relatório, ele denunciou que os presos sofreram maus-tratos durante as prisões. “Os presos ficaram mais de 30 horas sem se alimentar, nem dormir”, disse. Enquanto uns já estão sendo liberados após depor para a ministra Eliana Calmon (STJ), outros ainda nem foram encontrados pela Policia Federal. Os empresários Jorge Bonfim e Gervásio Oliveira ainda não foram presos para atender aos 18 mandados de prisão expedidos pela Polícia Federal, já que não foram localizados em Salvador. Segundo informações na imprensa, os advogados pretendem apresentar os dois ainda hoje na sede da Policia Federal, em Brasília. As investigações da Operação Jaleco Branco, que é uma seqüência das operações Navalha e Octopus (não concluída), conseguiram identificar nas gravações nomes que estão relacionados aos três poderes públicos da Bahia. Se nas apurações da Operação Navalha o governador Jaques Wagner teria sido citado por causa da intermediação de uma lancha junto ao empresário Zuleido Veras, um dos envolvidos nas denúncias atuais, mesmo sem ter sido citado nas investigações da Operação Jaleco Branco, é o ex-governador Paulo Souto, acusado de ter recebido apoio para a sua campanha ao governo do Estado de algumas de algumas empresas citadas no relatório da PF. Segundo João Paulo Costa, assessor do ex-governador Paulo Souto, em 2002 e 2006 algumas destas empresas colaboraram com serviços de segurança e limpeza que equivalem R$ 22 mil e R$ 27 mil, respectivamente, através do fornecimento de funcionários para o comitê de campanha. “É estranho que valores tão insignificantes sejam questionados quando se sabe que têm campanhas que custam de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões”, disse. Costa declarou também que o ex-governador não vai dar declarações à imprensa enquanto não forem esclarecidos os motivos das prisões. Desta forma, nem oposição nem situação podem comemorar, porque, até que as investigações sejam concluídas, paira no ar uma sensação de dúvida. Como citado antes, também durante a Operação Navalha, o atual prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, foi levado preso e algemado para Brasília, mas, cinco dias depois, voltou como inocente, numa grande festa. Mas a verdade é que as prisões de alguns figurões da política baiana embolaram o meio campo e anularam as táticas de ataque e defesa de situacionistas e oposicionistas. A prisão do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Honorato, lança sobre o espaço político vários projéteis dos quais muitos têm que se proteger. Honorato foi deputado por vários mandatos, presidente da Assembléia Legislativa, e, em 2000, foi indicado para o TCE pelo ex-governador César Borges. Segundo o relatório da ministra Eliana Calmon (STJ), pesa sobre ele as acusações de que intermediava a liberação de recursos para dois empresários, também envolvidos no esquema. Em troca, ele recebeu ajuda deles para a campanha de seu filho Adolfo Viana de Castro Neto, candidato a uma vaga para a Assembléia Legislativa nas eleições de 2006. Viana de Castro, então filiado ao PFL, perdeu a eleição, mas hoje já está filiado ao PSDB do município de Casa Nova, onde pretende sair candidato para a prefeitura em 2008. O atual presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo, também do PSDB, cunhado de Honorato Viana (que é o pai de Adolfo Viana de Castro Neto), é o seu padrinho de filiação aos tucanos. (Por Evandro Matos)
Prefeitura foi o maior alvo das fraudes
As investigações da operação Jaleco Branco, que resultou na prisão de 17 pessoas, revelaram que a prefeitura de Salvador foi o maior alvo das fraudes. Foram R$ 294 milhões desviados das contas da cidade desde o início do esquema. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) também foi uma das mais lesadas e teria perdido R$ 53 milhões. Conforme dados da Polícia Federal, outros órgãos e secretarias estaduais teriam perdido R$ 210 milhões. As ações da quadrilha também causaram prejuízos no plano federal, desviando recursos da Universidade Federal da Bahia (Ufba) da ordem de R$ 71 milhões. O total desviado foi de R$ 630 milhões e, de acordo com os cálculos da PF, seria suficiente para construir 63 mil casas populares, que beneficiariam 300 mil pessoas. Dezoito carros de luxo no valor estimado de R$ 2 milhões, além de obras de arte, jóias e embarcações, foram apreendidos durante a operação. A expectativa da PF é de concluir os depoimentos nos próximos dias. Das dezessete pessoas presas na Bahia, pelo menos quatro já tinham sido liberadas até o final da tarde de ontem.
El País: Brasil toma as rédeas da AL com petróleo
Reportagem publicada ontem pelo diário espanhol “El País” afirma que a descoberta de novas reservas de gás e petróleo no Brasil o fizeram “tomar as rédeas da América Latina”, permitindo ao país “reafirmar seu papel de potência regional e se afastar de (Hugo) Chávez e (Evo) Morales”. “Nem o petróleo da Venezuela nem o gás da Bolívia. Com dois anúncios quase simultâneos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Brasil como a principal potência energética da América Latina no médio prazo tanto na visão de seus vizinhos quanto nos investimentos internacionais”, afirma o jornal. Segundo a reportagem, esses dois anúncios se referem à descoberta do novo campo de Tupi, na Bacia de Santos, e à retirada do Brasil de um projeto conjunto de gás na Venezuela. O jornal afirma que “o Brasil nunca escondeu que considera a América do Sul sua área de influência estratégica, e os acontecimentos ocorridos nos últimos dois anos em torno de projetos populistas em países da região, como Venezuela e Bolívia, haviam soado os alarmes no Executivo e na diplomacia brasileira”. O artigo argumenta que essa preocupação não vinha tanto pelo caráter político dos governos dos dois países, mas sim pela “dependência energética em que estava se afundando”. “Por isso não é de se estranhar que nesta semana Lula declarasse eufórico que ‘está comprovado que Deus é brasileiro’ ao comentar a descoberta das reservas de petróleo que não somente consagram a já conseguida, em 2006, auto-suficiência petrolífera do país, como o convertem em um exportador em potencial”, diz o jornal. A reportagem conclui dizendo que a nova condição brasileira e a retirada da Petrobras de um projeto de extração de gás considerado importante para a construção do gasoduto da América do Sul, proposto por Chávez, podem levar a atritos nas relações entre os dois países. “O governo de Lula é amistoso em suas formas com seu homólogo venezuelano, mas a ninguém se escapa que ambos perseguem o objetivo de se converter em referência energética regional e estão em rumo de colisão, que cedo ou tarde ocorrerá”, afirma o jornal. “Lula e Chávez têm prevista uma reunião em dezembro, em uma cúpula trimestral ordinária, para tratar de energia. Lula chegará ao encontro em uma posição muito diferente e de muito mais força que no passado”, finaliza o texto.
Fonte: Tribuna da Bahia
Acusados já estão liberados
Até o fechamento desta edição, três das 16 pessoas presas pela Polícia Federal na Operação Jaleco Branco na última quinta-feira, 22, em Salvador, já haviam sido liberadas. No último sábado, a ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, já iniciava o processo de liberação dos acusados. Os primeiros a serem soltos foram o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Honorato, a procuradora-geral da Ufba, Ana Guiomar Nascimento, e o empresário Afrânio Mattos, acusado de ser “laranja” do ex-deputado Marcelo Guimarães. Desde a sexta-feira, 23, que os primeiros envolvidos começaram a ser ouvidos pela ministra Eliana Calmon (STJ). O primeiro a depor foi o empresário Afrânio Mattos, seguido da procuradora-geral da Ufba, Ana Guiomar Nascimento, e do presidente do TCE, Antonio Honorato. A ministra continuou ouvindo os outros presos durante o final de semana. Segundo interpretações de alguns, a tática usada pela ministra Eliana Calmon (STJ) e a Polícia Federal, dificultando os trabalhos dos advogados, visou manter os presos até amanhã. A depender do andamento das investigações, poderá haver prorrogação de algumas prisões. As prisões dos envolvidos na Operação Jaleco Branco foram recebidas com muitas críticas por alguns setores da sociedade, notadamente por parte dos advogados e familiares dos envolvidos. As maiores queixas dos advogados é que eles não tiveram acesso ao relatório para poder formular a defesa dos seus clientes. O advogado do empresário Hélcio de Andrade Júnior, por exemplo, teve que apresentar pedido de habeas corpus na última sexta-feira ao Superior Tribunal Federal (STF) para o seu cliente poder responder ao inquérito em liberdade. Fernando Santana, advogado de Antônio Honorato, presidente do TCE, também se queixou bastante. Além de reclamar por não ter acesso ao relatório, ele denunciou que os presos sofreram maus-tratos durante as prisões. “Os presos ficaram mais de 30 horas sem se alimentar, nem dormir”, disse. Enquanto uns já estão sendo liberados após depor para a ministra Eliana Calmon (STJ), outros ainda nem foram encontrados pela Policia Federal. Os empresários Jorge Bonfim e Gervásio Oliveira ainda não foram presos para atender aos 18 mandados de prisão expedidos pela Polícia Federal, já que não foram localizados em Salvador. Segundo informações na imprensa, os advogados pretendem apresentar os dois ainda hoje na sede da Policia Federal, em Brasília. As investigações da Operação Jaleco Branco, que é uma seqüência das operações Navalha e Octopus (não concluída), conseguiram identificar nas gravações nomes que estão relacionados aos três poderes públicos da Bahia. Se nas apurações da Operação Navalha o governador Jaques Wagner teria sido citado por causa da intermediação de uma lancha junto ao empresário Zuleido Veras, um dos envolvidos nas denúncias atuais, mesmo sem ter sido citado nas investigações da Operação Jaleco Branco, é o ex-governador Paulo Souto, acusado de ter recebido apoio para a sua campanha ao governo do Estado de algumas de algumas empresas citadas no relatório da PF. Segundo João Paulo Costa, assessor do ex-governador Paulo Souto, em 2002 e 2006 algumas destas empresas colaboraram com serviços de segurança e limpeza que equivalem R$ 22 mil e R$ 27 mil, respectivamente, através do fornecimento de funcionários para o comitê de campanha. “É estranho que valores tão insignificantes sejam questionados quando se sabe que têm campanhas que custam de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões”, disse. Costa declarou também que o ex-governador não vai dar declarações à imprensa enquanto não forem esclarecidos os motivos das prisões. Desta forma, nem oposição nem situação podem comemorar, porque, até que as investigações sejam concluídas, paira no ar uma sensação de dúvida. Como citado antes, também durante a Operação Navalha, o atual prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, foi levado preso e algemado para Brasília, mas, cinco dias depois, voltou como inocente, numa grande festa. Mas a verdade é que as prisões de alguns figurões da política baiana embolaram o meio campo e anularam as táticas de ataque e defesa de situacionistas e oposicionistas. A prisão do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Honorato, lança sobre o espaço político vários projéteis dos quais muitos têm que se proteger. Honorato foi deputado por vários mandatos, presidente da Assembléia Legislativa, e, em 2000, foi indicado para o TCE pelo ex-governador César Borges. Segundo o relatório da ministra Eliana Calmon (STJ), pesa sobre ele as acusações de que intermediava a liberação de recursos para dois empresários, também envolvidos no esquema. Em troca, ele recebeu ajuda deles para a campanha de seu filho Adolfo Viana de Castro Neto, candidato a uma vaga para a Assembléia Legislativa nas eleições de 2006. Viana de Castro, então filiado ao PFL, perdeu a eleição, mas hoje já está filiado ao PSDB do município de Casa Nova, onde pretende sair candidato para a prefeitura em 2008. O atual presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo, também do PSDB, cunhado de Honorato Viana (que é o pai de Adolfo Viana de Castro Neto), é o seu padrinho de filiação aos tucanos. (Por Evandro Matos)
Prefeitura foi o maior alvo das fraudes
As investigações da operação Jaleco Branco, que resultou na prisão de 17 pessoas, revelaram que a prefeitura de Salvador foi o maior alvo das fraudes. Foram R$ 294 milhões desviados das contas da cidade desde o início do esquema. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) também foi uma das mais lesadas e teria perdido R$ 53 milhões. Conforme dados da Polícia Federal, outros órgãos e secretarias estaduais teriam perdido R$ 210 milhões. As ações da quadrilha também causaram prejuízos no plano federal, desviando recursos da Universidade Federal da Bahia (Ufba) da ordem de R$ 71 milhões. O total desviado foi de R$ 630 milhões e, de acordo com os cálculos da PF, seria suficiente para construir 63 mil casas populares, que beneficiariam 300 mil pessoas. Dezoito carros de luxo no valor estimado de R$ 2 milhões, além de obras de arte, jóias e embarcações, foram apreendidos durante a operação. A expectativa da PF é de concluir os depoimentos nos próximos dias. Das dezessete pessoas presas na Bahia, pelo menos quatro já tinham sido liberadas até o final da tarde de ontem.
El País: Brasil toma as rédeas da AL com petróleo
Reportagem publicada ontem pelo diário espanhol “El País” afirma que a descoberta de novas reservas de gás e petróleo no Brasil o fizeram “tomar as rédeas da América Latina”, permitindo ao país “reafirmar seu papel de potência regional e se afastar de (Hugo) Chávez e (Evo) Morales”. “Nem o petróleo da Venezuela nem o gás da Bolívia. Com dois anúncios quase simultâneos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Brasil como a principal potência energética da América Latina no médio prazo tanto na visão de seus vizinhos quanto nos investimentos internacionais”, afirma o jornal. Segundo a reportagem, esses dois anúncios se referem à descoberta do novo campo de Tupi, na Bacia de Santos, e à retirada do Brasil de um projeto conjunto de gás na Venezuela. O jornal afirma que “o Brasil nunca escondeu que considera a América do Sul sua área de influência estratégica, e os acontecimentos ocorridos nos últimos dois anos em torno de projetos populistas em países da região, como Venezuela e Bolívia, haviam soado os alarmes no Executivo e na diplomacia brasileira”. O artigo argumenta que essa preocupação não vinha tanto pelo caráter político dos governos dos dois países, mas sim pela “dependência energética em que estava se afundando”. “Por isso não é de se estranhar que nesta semana Lula declarasse eufórico que ‘está comprovado que Deus é brasileiro’ ao comentar a descoberta das reservas de petróleo que não somente consagram a já conseguida, em 2006, auto-suficiência petrolífera do país, como o convertem em um exportador em potencial”, diz o jornal. A reportagem conclui dizendo que a nova condição brasileira e a retirada da Petrobras de um projeto de extração de gás considerado importante para a construção do gasoduto da América do Sul, proposto por Chávez, podem levar a atritos nas relações entre os dois países. “O governo de Lula é amistoso em suas formas com seu homólogo venezuelano, mas a ninguém se escapa que ambos perseguem o objetivo de se converter em referência energética regional e estão em rumo de colisão, que cedo ou tarde ocorrerá”, afirma o jornal. “Lula e Chávez têm prevista uma reunião em dezembro, em uma cúpula trimestral ordinária, para tratar de energia. Lula chegará ao encontro em uma posição muito diferente e de muito mais força que no passado”, finaliza o texto.
Fonte: Tribuna da Bahia
300 anos da tradição do acarajé
A vestimenta branca, de saia rodada, batas de renda, brincos, colares de conta e o torso na cabeça caracterizam a resistência de uma cultura que perdura há quase 300 anos. Maquiadas e com um sorriso no rosto, centenas de baianas lotaram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Centro Histórico, para agradecer mais um ano de luta e perseverança. A comemoração faz parte dos festejos do Dia da Baiana, 25 de novembro, data escolhida para manter viva a tradição do acarajé. A atividade, inicialmente feminina, surgiu no Brasil colonial, quando as escravas negras libertas começaram a vender as iguarias do candomblé para garantir o sustento familiar. Recentemente, em 2005, a Baiana de Acarajé foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural imaterial do Brasil, motivo de orgulho para a presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Maria Leda Marques. “Hoje esquecemos as dificuldades e os problemas e nos reunimos para comemorar a luta. Porque o maior exemplo de perseverança é a baiana”, exclama. Como no Brasil colonial, até hoje a atividade de baiana serve para sustentar famílias. “70% das baianas não têm marido e são as únicas fontes de renda da casa. Criam filhos, netos e sobrevivem da venda do acarajé”, revela Marques. Segundo ela, em Salvador existem cerca de cinco mil pessoas vendedoras de acarajé, entre homens e mulheres. Mas lamenta a expansão do comércio, já que muitos desconhecem a simbologia e história do acarajé. Aos 72 anos, Raimunda Machado de Oliveira não se deixou abater pelo cansaço provocado pela idade. Vestiu sua roupa de baiana e compareceu à missa. Toda de branco com colares coloridos, não esqueceu o batom para colorir os lábios. “Venho sempre! Sou devota de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Não trabalho mais por causa da idade, mas me sinto satisfeita”, afirma. Desde que sua mãe faleceu, Raimunda assumiu a vida dupla de vender acarajé e assumir o cargo de auxiliar de disciplina em uma escola. “Nunca tive ponto, sempre trabalhei em eventos. Hoje em dia estou parada porque tenho dificuldades para me locomover na cidade”, revela. Ela conta que sempre quis o emprego com carteira assinada, mas mesmo depois de aposentada não parou com a atividade de baiana. (Por Maíra Portela)
Um sonho que mantém a família
Apesar das dificuldades enfrentadas pela maioria dos vendedores de acarajé, alguns ainda conseguem uma boa renda com a profissão. Com dois carros na garagem e seis casas em diferentes pontos da cidade, Tereza Conceição Santos, 55 anos, sustentou os quatro filhos, hoje formados. “Ser baiana era a última coisa que queria na vida. Hoje em dia me arrependo de não ter entrado no ramo há mais tempo”, desabafa. Com duas irmãs e uma prima na atividade, Tereza conta que sempre teve vergonha dos familiares e nunca quis assumir um tabuleiro ou despachar clientes. Após deixar a área hoteleira, a qual trabalhava, ela pensava em abrir um restaurante. Mas ao sonhar que estava vendendo acarajé, vestida de baiana, sua vida mudou e há 22 anos mantém um ponto no Hiper Bompreço do Iguatemi. “Sou apaixonada pelo que faço. Quando estou no tabuleiro prefiro bater a massa e fritar. É satisfatório ver as pessoas apreciarem o acarajé”. A missa atraiu olhares curiosos dos turistas, que com máquinas fotográficas e filmadoras registravam cada momento do sincretismo religioso. Na entrada do templo católico estava montado um tabuleiro com as comidas típicas oferecidas as divindades do candomblé: acarajé, abará, cocadas e bolinho de estudante. Ao som de atabaques, pandeiros e cavaquinho o cântico de louvor era entoado pelos fiéis, que com as mãos para o alto batiam palmas e moviam o corpo no ritmo da melodia. Com lágrimas nos olhos, a assistente social, Bruna Cardiano, 30 anos, não escondia a emoção. Pela primeira vez em Salvador, afirma nunca ter visto uma comemoração igual. “Essa mistura de uma igreja católica celebrar uma missa ao som de atabaques me transmitiu uma emoção muito forte. Estou chorando desde que começou”, dizia. Natural do Rio de Janeiro, ela foi até a Igreja a convite de uma baiana de acarajé. “Ia viajar hoje (ontem), mas acabei transferindo a passagem para a próxima semana, tenho que ficar mais tempo aqui. Com certeza vou voltar outras vezes”, afirmava entusiasmada. Com a câmera filmadora nas mãos, Cardiano registrou o festejo e pretende mostrar para os amigos. O acarajé surgiu como oferenda para as divindades do candomblé Iansã e Xangô. O alimento não era consumido pelas pessoas. Mas as dificuldades financeiras possibilitaram a comercialização da iguaria dos deuses. “Nessa época apenas quem era ligado à religião podia vender o acarajé”, explica a presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Maria Leda Marques. As mulheres negras do Brasil colonial eram obrigadas a vender as iguarias do candomblé para conseguir a alforria do marido e filhos e conseguir sustento para a família após a abolição da escravatura. Atualmente, pessoas que não são da religião possuem tabuleiro, mas a expansão do comércio não é bem vista por Marques. “Muita gente vende o acarajé e não sabe a simbologia que o acarajé tem e desconhece sua história”.
Começam parcerias com camarotes
Com a novidade da Boate Smirnoff, uma pista para 300 pessoas, o Camarote Expresso 2222 (circuito Barra/Ondina), do cantor/compositor e ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a empresa de vodca confirmam a parceria, pelo terceiro ano consecutivo, para o Carnaval 2008. A Smirnoff lança embalagens especiais alusivas ao Carnaval e ao 10º aniversário do 2222., que serão comercializadas em Salvador e São Paulo, em janeiro e fevereiro. A empresária Flora Gil, esposa do ministro, fala da novidade com entusiasmo e se refere à parceria de três anos como um namoro, que teve aquela paixão desenfreada à primeira vista, namoro, noivado e casamento. “ E por que não festejar este casamento em uma boate?” Indaga brincando a empresária que convidou para a festa, animada por famosos DJs, artistas nacionais, a exemplo de Lulu Santos, Jorge Bem Jor, Cláudia Leite, Toni Garrido, Sandra de Sá, Margareth Menezes, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Preta Gil e uma atração internacional ainda surpresa. Sobre o camarote Flora afirmou que “não tem venda de camisetas, é um camarote para convidados. Infelizmente tem um limite para 1 mil pessoas por dia e a gente faz o que pode para convidar, mas não consegue agradar todo mundo”. A empresária ressalva que o Espaço Smirnoff na pista vai agradar as pessoas que querem brincar o Carnaval, de forma mais reservada, sem a agitação dos trios elétricos. “Vai ser um lugar fechado e esta parceria também com a Central de Carnaval é excelente”, pontuou. Para Flora “ quem foi no carnaval da Bahia e não foi no Expresso, então não foi no Carnaval”, resume. Este espaço será localizado no térreo do camarote, em ruínas, mas remodelado com as cores da Smirnoff, com a assinatura de Cláudio Peixoto do Amaral. De acordo com o diretor de marketing da Diageo, fabricante da Smirnoff, Eduardo Bendzius, “a empresa cresceu no Nordeste cerca de 82 por cento do mercado nacional, em 28 por cento de participação no mercado nacional e esta parceria faz parte de um investimento de 8 milhões só na região Nordeste por ter a cultura de grande potencial, muitas festas e eventos e a região também na região há o maior consumo do país”. O empresário não soube precisar exatamente o valor a ser investido no Carnaval da Bahia, mas reconheceu que a festa é um dos focos principais da empresa, por ser uma das maiores do País. A empresa também patrocina os trios Camaleão, Nana Banana, Voa Voa e dos camarotes Ondina Tower, Nana e Central do Carnaval. (Por Noemi Flores)
Fonte: Tribuna da Bahia
Um sonho que mantém a família
Apesar das dificuldades enfrentadas pela maioria dos vendedores de acarajé, alguns ainda conseguem uma boa renda com a profissão. Com dois carros na garagem e seis casas em diferentes pontos da cidade, Tereza Conceição Santos, 55 anos, sustentou os quatro filhos, hoje formados. “Ser baiana era a última coisa que queria na vida. Hoje em dia me arrependo de não ter entrado no ramo há mais tempo”, desabafa. Com duas irmãs e uma prima na atividade, Tereza conta que sempre teve vergonha dos familiares e nunca quis assumir um tabuleiro ou despachar clientes. Após deixar a área hoteleira, a qual trabalhava, ela pensava em abrir um restaurante. Mas ao sonhar que estava vendendo acarajé, vestida de baiana, sua vida mudou e há 22 anos mantém um ponto no Hiper Bompreço do Iguatemi. “Sou apaixonada pelo que faço. Quando estou no tabuleiro prefiro bater a massa e fritar. É satisfatório ver as pessoas apreciarem o acarajé”. A missa atraiu olhares curiosos dos turistas, que com máquinas fotográficas e filmadoras registravam cada momento do sincretismo religioso. Na entrada do templo católico estava montado um tabuleiro com as comidas típicas oferecidas as divindades do candomblé: acarajé, abará, cocadas e bolinho de estudante. Ao som de atabaques, pandeiros e cavaquinho o cântico de louvor era entoado pelos fiéis, que com as mãos para o alto batiam palmas e moviam o corpo no ritmo da melodia. Com lágrimas nos olhos, a assistente social, Bruna Cardiano, 30 anos, não escondia a emoção. Pela primeira vez em Salvador, afirma nunca ter visto uma comemoração igual. “Essa mistura de uma igreja católica celebrar uma missa ao som de atabaques me transmitiu uma emoção muito forte. Estou chorando desde que começou”, dizia. Natural do Rio de Janeiro, ela foi até a Igreja a convite de uma baiana de acarajé. “Ia viajar hoje (ontem), mas acabei transferindo a passagem para a próxima semana, tenho que ficar mais tempo aqui. Com certeza vou voltar outras vezes”, afirmava entusiasmada. Com a câmera filmadora nas mãos, Cardiano registrou o festejo e pretende mostrar para os amigos. O acarajé surgiu como oferenda para as divindades do candomblé Iansã e Xangô. O alimento não era consumido pelas pessoas. Mas as dificuldades financeiras possibilitaram a comercialização da iguaria dos deuses. “Nessa época apenas quem era ligado à religião podia vender o acarajé”, explica a presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Maria Leda Marques. As mulheres negras do Brasil colonial eram obrigadas a vender as iguarias do candomblé para conseguir a alforria do marido e filhos e conseguir sustento para a família após a abolição da escravatura. Atualmente, pessoas que não são da religião possuem tabuleiro, mas a expansão do comércio não é bem vista por Marques. “Muita gente vende o acarajé e não sabe a simbologia que o acarajé tem e desconhece sua história”.
Começam parcerias com camarotes
Com a novidade da Boate Smirnoff, uma pista para 300 pessoas, o Camarote Expresso 2222 (circuito Barra/Ondina), do cantor/compositor e ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a empresa de vodca confirmam a parceria, pelo terceiro ano consecutivo, para o Carnaval 2008. A Smirnoff lança embalagens especiais alusivas ao Carnaval e ao 10º aniversário do 2222., que serão comercializadas em Salvador e São Paulo, em janeiro e fevereiro. A empresária Flora Gil, esposa do ministro, fala da novidade com entusiasmo e se refere à parceria de três anos como um namoro, que teve aquela paixão desenfreada à primeira vista, namoro, noivado e casamento. “ E por que não festejar este casamento em uma boate?” Indaga brincando a empresária que convidou para a festa, animada por famosos DJs, artistas nacionais, a exemplo de Lulu Santos, Jorge Bem Jor, Cláudia Leite, Toni Garrido, Sandra de Sá, Margareth Menezes, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Preta Gil e uma atração internacional ainda surpresa. Sobre o camarote Flora afirmou que “não tem venda de camisetas, é um camarote para convidados. Infelizmente tem um limite para 1 mil pessoas por dia e a gente faz o que pode para convidar, mas não consegue agradar todo mundo”. A empresária ressalva que o Espaço Smirnoff na pista vai agradar as pessoas que querem brincar o Carnaval, de forma mais reservada, sem a agitação dos trios elétricos. “Vai ser um lugar fechado e esta parceria também com a Central de Carnaval é excelente”, pontuou. Para Flora “ quem foi no carnaval da Bahia e não foi no Expresso, então não foi no Carnaval”, resume. Este espaço será localizado no térreo do camarote, em ruínas, mas remodelado com as cores da Smirnoff, com a assinatura de Cláudio Peixoto do Amaral. De acordo com o diretor de marketing da Diageo, fabricante da Smirnoff, Eduardo Bendzius, “a empresa cresceu no Nordeste cerca de 82 por cento do mercado nacional, em 28 por cento de participação no mercado nacional e esta parceria faz parte de um investimento de 8 milhões só na região Nordeste por ter a cultura de grande potencial, muitas festas e eventos e a região também na região há o maior consumo do país”. O empresário não soube precisar exatamente o valor a ser investido no Carnaval da Bahia, mas reconheceu que a festa é um dos focos principais da empresa, por ser uma das maiores do País. A empresa também patrocina os trios Camaleão, Nana Banana, Voa Voa e dos camarotes Ondina Tower, Nana e Central do Carnaval. (Por Noemi Flores)
Fonte: Tribuna da Bahia
Brasil/Brasil terá um milhão de casos de câncer
RIO - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que haverá quase um milhão de novos casos de câncer em 2008 e 2009 _ 466 mil a cada ano. A expectativa é a de que haja um aumento na incidência de todos os tipos de tumores, com exceção dos localizados no estômago e no colo do útero. O problema é que, enquanto nos países desenvolvidos a incidência aumenta e a mortalidade diminui, no Brasil, a ocorrência e a letalidade estão aumentando. No ano passado, 130 mil pacientes morreram por causa da doença.
“A palavra-chave é acesso. A população tem que ter acesso ao sistema de saúde, às políticas de prevenção e ao diagnóstico precoce. Alguns medicamentos e tratamentos que prometem ser revolucionários ainda não são fornecidos no sistema público porque estão em fase de estudo”, disse o diretor geral do Inca, Luiz Antonio Santini, que apresentou ontem a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil 2008, durante o Congresso Internacional de Controle de Câncer.
Os gastos do governo federal na assistência oncológica de alta complexidade dobraram em cinco anos. Segundo o Inca, entre 2000 e 2005 os gastos com o tratamento contra o câncer subiram 103%, atingindo R$1,2 bilhão por ano. “O Inca gasta 14% do seu orçamento com um único medicamento, que é fundamental no tratamento de um pequeno grupo de pacientes”, revelou Santini.
Um estudo de um plano de saúde privado, a Unimed de Belo Horizonte, que também será apresentado durante o congresso, afirma que os custos do paciente com câncer em estágio avançado é oito vezes maior do que o diagnosticado na fase inicial. “O câncer é uma doença multifatorial, mas o envelhecimento da população e a maior exposição a fatores de risco aumentam a incidência”, explicou Santini. Segundo ele, os tumores malignos já são a segunda maior causa de morte dos brasileiros _ a primeira são as doenças cardiovasculares. A tendência é a de que, com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, seja a principal causa, como já acontece em alguns países europeus, afirmou. (AE)
Fonte: Correio da Bahia
“A palavra-chave é acesso. A população tem que ter acesso ao sistema de saúde, às políticas de prevenção e ao diagnóstico precoce. Alguns medicamentos e tratamentos que prometem ser revolucionários ainda não são fornecidos no sistema público porque estão em fase de estudo”, disse o diretor geral do Inca, Luiz Antonio Santini, que apresentou ontem a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil 2008, durante o Congresso Internacional de Controle de Câncer.
Os gastos do governo federal na assistência oncológica de alta complexidade dobraram em cinco anos. Segundo o Inca, entre 2000 e 2005 os gastos com o tratamento contra o câncer subiram 103%, atingindo R$1,2 bilhão por ano. “O Inca gasta 14% do seu orçamento com um único medicamento, que é fundamental no tratamento de um pequeno grupo de pacientes”, revelou Santini.
Um estudo de um plano de saúde privado, a Unimed de Belo Horizonte, que também será apresentado durante o congresso, afirma que os custos do paciente com câncer em estágio avançado é oito vezes maior do que o diagnosticado na fase inicial. “O câncer é uma doença multifatorial, mas o envelhecimento da população e a maior exposição a fatores de risco aumentam a incidência”, explicou Santini. Segundo ele, os tumores malignos já são a segunda maior causa de morte dos brasileiros _ a primeira são as doenças cardiovasculares. A tendência é a de que, com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, seja a principal causa, como já acontece em alguns países europeus, afirmou. (AE)
Fonte: Correio da Bahia
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