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segunda-feira, junho 05, 2023

Depois de eleitos, presidentes esquecem compromissos assumidos nas campanhas


Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)

Pedro do Coutto

É como se os presidentes depois de eleitos (os governadores e prefeitos também) esquecessem os compromissos assumidos nas campanhas e colocassem os candidatos em oposição aos que obtiveram maioria nas urnas. Esse processo confuso e frustrante para os milhões de eleitores e eleitoras tem sucedido com frequência impressionante.

Envolveu Fernando Henrique Cardoso, envolveu Lula em 2002 e 2006, atingiu em cheio Dilma Rousseff nas urnas de 2014, Bolsonaro na disputa de 2018 e agora está alcançando novamente Lula da Silva na vitória conquistada em 2022, êxito obtido pelo compromisso com a democracia. Lula não falhou no compromisso democrático, mas está falhando na política externa, especialmente como todos sabem, quanto às posições em relação à Ucrânia invadida pela Rússia e Venezuela sob a ditadura de Nicolás Maduro.

PROMESSAS – As decepções que se destacam no passar dos primeiros meses de governo, no caso de Lula, não são apenas ideológicas (invasão da Ucrânia pela Rússia e ditadura na Venezuela). São também, como observou Elio  Gaspari nas edições de ontem do O Globo e da Folha de  S. Paulo, promessas que parecem desfocar à medida que os dias passam.

Lula comprometeu-se, como acentua Gaspari, a eliminar a fila de espera por segurados pelo INSS. Mas desde o início de seu governo, em janeiro, o número de esperas absurdas foi adicionado pela angústia de mais 500 mil pessoas. Também no início do governo foi colocada na pauta, em vão, o compromisso de renegociação das dívidas de mais de 60 milhões de pessoas junto ao comércio e aos bancos. Chamava-se a operação “Desenrola”. Nada saiu do lugar.

O problema dos governos e dos governantes encontra-se na força da inércia. É difícil passar do pensamento à ação concreta, do projeto à sua execução prática. O sistema continua freado sobretudo por interesses econômicos, impulsionados pela mão de tigre do mercado e pelo poder do capital. Os valores do trabalho humano continuam imprensados em forças imediatistas que colocam o lucro financeiro acima de tudo.

DÍVIDA – Aliás, em sua importante obra, “O capital do século XXI”, o francês Thomas Piketty assinala o problema com extraordinária precisão, mostrando que, no mundo, as aplicações financeiras que geram pouquíssimos empregos sobrepõem-se por larga margem aos investimentos econômicos. O Brasil tem uma dívida interna superior a R$ 6,5 trilhões. As dívidas dos Estados Unidos com os bancos agora passarão de US$ 31 trilhões para evitar calotes em série por parte da própria administração federal e da falta de capacidade de socorrer bancos em crise.

No Brasil, as crises se sucedem, a corrupção adquire uma velocidade impressionante. O caso das Lojas Americanas, rombo oculto de R$ 40 bilhões, é um exemplo marcante. A Light privatizada deve R$ 11 bilhões.  A falsa privatização da Eletrobras tornou-se um escândalo há meses almejado pelo próprio presidente Lula e agora pelos ministros Alexandre Silveira e Jorge Messias em artigo no O Globo de sábado.

O descontrole parece epidemia, consequência de uma contaminação, tanto nacional no caso brasileiro, quanto internacional no caso dos Estados Unidos. Socorrer empresas em crise tornou-se um fato comum. Destacar os valores essenciais do trabalho humano e sua remuneração assumiu a característica de um sonho a se realizar sempre prometido e nunca alcançado.

ESQUERDA E DIREITA – Não se trata praticamente de um confronto entre a esquerda e a direita, dualidade que mudou de fisiologia e coloração através do tempo. O extremismo comunista desapareceu na névoa do tempo. O extremismo da direita que parecia sepultado em 1945, com o desabamento do comunismo e do fascismo, ressurgiu no Brasil, por exemplo, com a invasão de Brasília em 8 de janeiro e com a tentativa de golpe contra a democracia e o resultado das eleições de outubro de 2022.

Em algumas partes do mundo, reaparecem até grupos que se apresentam como neonazistas, ignorando que o nazismo de Hitler foi o maior crime perpetrado ao longo dos tempos. As insatisfações, no fundo, surgem em decorrência de esperanças que se renovam, mas que pela sua não realização, maltratam e frustram os legítimos sentimentos das populações.

HOTEL PAYSANDU – Reportagem de Selma Schmidt, O Globo de domingo, focaliza a modernização e recuperação de hotéis no Rio de Janeiro que ressurgem com outras faces e estilos. É o chamado retrofit. Entre os exemplos citados na matéria, inclui-se o Hotel Paysandu, na rua de mesmo nome, entre a Senador Vergueiro e a Praia do Flamengo.

Foi fechado em 2017, certamente por falta de hóspedes, e ressurge agora. Ele está ligado à história do futebol. Hospedou a seleção uruguaia de 1950 que derrotou a brasileira no dia 16 de julho por 2 a 1. Depois, em 1952, foi local de concentração da equipe de Zezé Moreira que conquistou o Pan Americano em Santiago do Chile, derrotando o Uruguai por 4 a 2. São detalhes que devem ser lembrados com a nova fisionomia de um hotel situado numa rua que há 90 anos venceu a pesquisa de mais bonita da Cidade do Rio de Janeiro.


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