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terça-feira, junho 27, 2023

Na guerra do Rio, rastros de sangue, mortes, amputações e insegurança


Políticas de Segurança comprovam a falta de um planejamento efetivo

Pedro do Coutto

Na edição de domingo de O Globo, Felipe Grinberg, Rafael Galdo e Márcia Poletto publicaram ampla reportagem com fotos sobre a violência crescente no Rio de Janeiro que deixa um rastro de sangue, de mortes, amputações e uma situação que se agrava todos os dias. Esse panorama reflete exatamente o contrário da narrativa contida nas mensagens publicitárias do governo de Cláudio Castro e da administração de Eduardo Paes na Prefeitura.

A sensação de temor sufoca a população, testemunho diário fornecido pelo Bom Dia Rio, da TV Globo, que ontem mesmo focalizou conflito entre policiais e bandidos na Rocinha. Um jovem ferido foi levado para o hospital Miguel Couto. E, na véspera, em outros pontos do Rio houve mortes e tiroteios. Como se constata, a cidade é dominada por uma luta constante de facções envolvendo no tráfico de drogas e armas e as milícias que consolidam uma posição de mando e medo, exigindo pagamentos dos moradores das comunidades.

CONFRONTO – A guerra, portanto, é alimentada por várias fontes do crime. E o enfrentamento por parte das Polícias, sobretudo da PM, se depara com uma realidade dramática que envolve o confronto armado praticamente ao longo de todos os dias das semanas e meses que se sucedem, marcados por uma violência sem limite. Todos concordam que algo precisa ser feito, mas o tempo passa, os problemas se avolumam, a insegurança cresce e os roubos continuam em série.

Outro dia, Fachel e Silvana, na TV Globo, mostraram o roubo de um portão de uma casa com base em imagens de câmeras de rua. Ontem, Silvana deve estar de férias, Fachel e Ana Paula exibiram os choques na Rocinha. As aulas nas escolas da comunidade e do entorno foram suspensas. As clínicas de Família não puderam funcionar. O Rio transformou-se numa cidade aberta aos criminosos e ao crime de modo geral.

PROBLEMA FEDERAL – Trata-se de um problema federal porque a PM divulgou informações sobre a presença de criminosos de outros estados atuando no Rio. O simples atravessar de rua nos subúrbios passou a constituir um movimento de risco para os pedestres. Além disso, nas calçadas, os roubos se multiplicam. Há bairros nos quais os moradores foram assaltados várias vezes. A margem da linha férrea, no muro, um aviso: “Cuidado, ladrão por aqui”.

A cidade encontra-se sitiada e para uma grande parcela da população carioca e fluminense representa uma aventura sair às ruas dentro de uma atmosfera de risco não só de assalto, mas também de vida e de mutilação. Esse é o quadro da realidade. Os filmes encontram-se aí para comprovar.

CRECHES – Bruno Alfano Globo desta segunda-feira, destaca que,  no país,  2,5 milhões de crianças de até três anos de idade, apesar dos esforços de suas famílias, não conseguem vagas em creches públicas. Nas creches particulares, o preço cobrado é limitativo .A existência de vagas em creches públicas é uma questão essencial para as mães, para as crianças, para o ensino de modo geral e para o combate à fome.

Tomei conhecimento de perto sobre o problema quando na administração do engenheiro Luiz Fernando da Silva Pinto na LBA , cuja Diretoria integrei, e pude comprovar o caráter essencial da pré-escola. Nas creches as crianças recebiam três refeições por dia, permitindo às mães trabalhar, reduzindo problemas de saúde e, além disso, reduzindo substancialmente o número de reprovações nas duas primeiras séries do primeiro grau do ensino público.

REPROVAÇÃO EM QUEDA – Foi na década de 70, no governo Geisel. As duas primeiras séries do ensino público reuniam oito milhões de alunos e alunas. O índice de reprovação era de 47%. Mas quando as crianças iniciavam o ensino regular após terem passado por creches, as taxas de reprovação cairam de 47% para apenas 20%. As creches evitavam assim uma reprovação que bloqueava anualmente cerca de quatro milhões de vagas no curso primário. Além de tudo isso, havia vacinação, fundamental como se destaca até hoje, sobretudo depois da Covid-19.

O presidente Fernando Henrique Cardoso, em um dos seus primeiros atos, extinguiu a Legião Brasileira de Assistência criada pela senhora Darcy Vargas como um meio de apoio às famílias dos soldados brasileiros que foram lutar contra o nazifascismo nos campos da Itália. A LBA era uma fundação pública. Creio que FHC baseou a sua decisão negativa em opiniões da equipe de PHDs que no fundo tem horror à pobreza e acham que através do mercado de capitais tudo pode ser resolvido.

DERROTA – As agências France Presse e Reuters divulgaram no domingo uma versão do Kremlin procurando aliviar a derrota imensa que Putin sofreu com a rebelião dos mercenários. As reportagens encontram-se na Folha de S. Paulo e no O Globo. Vladimir Putin afirmou que segue confiante na realização dos planos e tarefas que tem pela frente.

O sentido vago da afirmação revela claramente o abalo que o atingiu, sobretudo em função de suas próprias iniciativas: invadir a Ucrânia e contratar soldados mercenários. Deixou evidente que o exército vermelho de heroica tradição contra o nazismo de 1941 a 1945, não funcionou por falta de motivação no caso da Ucrânia. Tanto assim que Putin contratou militares profissionais sem pátria.

Era claro que o conflito entre mercenários e não mercenários era inevitável. Foi o que aconteceu, conforme escrevi na edição de domingo, o poder de Putin desabou. Foi obrigado a firmar um acordo com os que se revoltaram armados contra ele e ameaçaram até a sua permanência em Moscou. A cidade foi ocupada pelo exército num ato de temor e prevenção. Não adianta negar ou brigar com os fatos.

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