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sábado, dezembro 08, 2018

Ex-motorista de Flávio Bolsonaro chegou a fazer cinco saques num só dia


O ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz em foto ao lado de Jair Bolsonaro. A imagem foi publicada no Instagram do ex-auxiliar em 21 de janeiro de 2013
Ex-motorista era amigo intimo de toda a família Bolsonaro
Italo NogueiraFolha
O ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. A movimentação dá uma média de uma retirada a cada dois dias. No dia 10 de agosto de 2016, por exemplo, Queiroz fez cinco retiradas que, somadas, dão R$ 18.450. Todos os saques foram em valores abaixo de R$ 10 mil, a partir do qual o Coaf alerta automaticamente as autoridades fiscais.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão do ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz naquele ano. Esse valor inclui tanto saques como transferências, créditos em suas contas, entre outras operações.
RETIRADAS – Cerca de um quarto do valor suspeito (R$ 324,8 mil) foi movimentado por meio de saques. Foram retiradas que variavam de R$ 100 a R$ 14.000.
Houve ainda 59 depósitos em dinheiro vivo na conta do policial militar. As entradas variam de R$ 400 a R$ 12.700.
Procuradores afirmam que o uso de dinheiro vivo em transações bancárias costuma ter como objetivo ocultar o destinatário ou remetente dos recursos. A prática dificulta a identificação dos responsáveis pelas transações.
RELATÓRIO – As informações fazem parte do relatório do Coaf da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal solicitou ao órgão de controle financeiro os casos de movimentação atípica envolvendo funcionários da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Os dados sobre o policial militar chamaram a atenção por, entre outros motivos, registrar “movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos”.
Queiroz também apresentou, para o Coaf, “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”. De acordo com o órgão financeiro, ele tinha uma renda de R$ 23 mil mensais e um patrimônio de cerca de R$ 700 mil.
POR ENQUANTO – Nem Flávio Bolsonaro, deputado estadual, nem Queiroz são alvo de investigações. A Procuradoria ressaltou que a identificação de movimentação atípica não configura um ilícito por si só.
Boa parte das movimentações financeiras em que a outra parte é identificada se refere a transações com membros do próprio gabinete de Flávio Bolsonaro. Sete nomes que constam do relatório fizeram parte da equipe do deputado estadual.
Três são parentes de Queiroz. Estão na lista Marcia Oliveira de Aguiar (mulher), Nathalia Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz (filhas). Todas também integraram em algum momento o gabinete de Flávio Bolsonaro.
PERSONAL TRAINER – A partir de dezembro de 2016, Nathalia saiu da Alerj para integrar a equipe do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Ela se desligou do cargo em outubro deste ano, na mesma data em que o pai deixou o gabinete do senador eleito.
Conhecida como personal trainer de famosos como os atores Bruno Gagliasso e Bruna Marquezine, Nathalia repassou quase todo o salário que recebeu naquele ano para o pai. Foram R$ 84,1 mil repassados para o policial militar.
Uma das movimentações registradas também se refere à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela foi a favorecida de um cheque de R$ 24 mil do ex-assessor parlamentar.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Cada vez a coisa fica mais enrolada. Esse motorista e assessor oriundo da PM está se revelando um tremendo 171, que desfrutava da confiança total do clã Bolsonaro, inclusive da primeira-dama Michelle. As explicações são infantis. É tudo muito desagradável e decepcionante, quando se descobre que na política brasileira praticamente não há exceções, até o “mito” está sendo desmitificado. É muito triste chegar a essa conclusão óbvia.(C.N.)

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