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sábado, dezembro 29, 2018

“Legado” da intervenção no Rio é uma falácia, pois os tiroteios cresceram 57%


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Militares ajudaram, tiveram até baixas, mas nada mudou
Carlos Newton
A intervenção federal chega ao fim, fazendo um avaliação altamente positiva e alardeando ter deixado um “legado”.  Dez meses e meio depois de decretada, o principal resultado é a redução de crimes como o homicídio doloso e o roubo de cargas, segundo o interventor, general Braga Netto. Acontece, porém,  que a redução dos assassinatos é fenômeno é nacional, não está ocorrendo apenas no Rio de Janeiro, mas no país como um todo, e não se pode atribuí-lo exclusivamente à intervenção militar.
Segundo os levantamentos do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes e do Observatório da Intervenção (OI), o Rio de Janeiro viu o número de tiroteios nas comunidades crescer 57% desde fevereiro de 2018, sob gestão federal na área da segurança pública.
MODELO BÉLICO – A coordenadora do Cesec, cientista social Silvia Ramos, afirmou a Simone Kafruni, do Correio Braziliense, que a intervenção militar errou ao aprofundar o combate armado às quadrilhas do tráfico, com operações, tiroteios, equipamentos de guerra. “O Rio já conhecia esse modelo bélico. Nós achamos que a criminalidade precisa ser resolvida com inteligência, investigação e operações que preservem a vida dos moradores e dos próprios policiais”, disse.
Também entrevistado pelo Correio Braziliense, o coronel Robson Rodrigues da Silva, da reserva da PM estadual, disse que a ação foi muito mais política do que técnica.
“Nossos prognósticos se confirmaram, de que a intervenção dificilmente reverteria o problema da violência no Rio de Janeiro. Apesar de toda a autopromoção, os números são muito pífios para a emergência que a medida justificaria”, opinou. “A população não sentiu grande diferença”, acrescentou.
COMPRAS DE ARMAS – O pior resultado da intervenção militar foi não ter usado o orçamento de R$ 1,2 bilhão. Até esta quinta-feira, dia 27, somente R$ 890 milhões (74%) tinham sido empenhados em compra de viaturas, armas, equipamentos e outros gastos. Faltava empenhar R$ 310 milhões. Se não forem usados até a noite de sábado, estes recursos serão devolvidos, vejam a que ponto de incompetência chegamos.
Parece incrível, mas os interventores militares usaram a maior parte da verba de R$ 1,2 bilhão para reforçar as unidades locais do Exército. A PM, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros receberam a destinação de apenas um terço dos recursos para aquisição de armas, veículos e equipamentos, invertendo completamente os objetivos da intervenção, acredite se quiser.
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P.S. – 
E o mais curioso foi o general Braga Netto ter culpado o governo estadual pelas falhas nas licitações, esquecido de que o responsável pela feitura dos empenhos era ele mesmo, na condição de Interventor. Poderia ser Piada do Ano, mas não tem a menor graça. (C.N.)

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