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quarta-feira, maio 19, 2010

Dunga, Tuma, LuLa e a porrada na Pedra Furada

Jolivaldo Freitas

Este país é uma piada pronta. Por isso é que as piores notícias podem ser levadas no maior savoir faire, sem que constitua um trauma irreversível. Pode acontecer do Elevador Lacerda cair e vai aparecer um engraçadinho para dizer que elevador foi feito mesmo para subir e descer. Se o Mercado Modelo pegar fogo alguém vai insinuar que foi coisa do demônio tanto Exu tinha lá dentro. Se o Mercado do Peixe incendiar aí é que vai ser alegria com o pessoal comendo peixe frito.

Veja que até na miséria alheia tem piadista de plantão, como um antigo jornalista que ficou pasmo quando as águas da chuva tomaram um bairro inteiro e destruíram os bens dos moradores. Uma senhora foi para a televisão dizer que era pobre, não tinha como se recuperar, pois perdera tudo e ele do alto da sua idade avançada, parou, ouviu, pensou e comentou alto dentro do bar onde jogava sinuca:

- Vocês já viram? Pobre não tem nada, mas basta chover que perde tudo. Se nada tem, o que perdeu?
O chato é que todo mundo teve de segurar um garçom, pois foi justamente a mãe do rapaz que estava no programa de jornalismo falando do seu sofrimento. Depois do problema abafado ele insistiu:

- Pior não é nada. É eu estar aqui, no bar, junto com o pobre do garçom, com tantos bares na cidade.
Ele era afeito a dar um fora atrás de outro, mas nada como o presidente Lula. O técnico da Seleção Brasileira Dunga escalou uma equipe que somente na cabeça de anão dele é que pode funcionar. Pior é que vamos ter de torcer de qualquer jeito. Tem jogador que nunca ouvi falar, não sei onde joga, qual a posição ou a cor. Vou ter de comprar um álbum de figurinha para poder ser apresentado à seleção. Só Stevie Wonder para torcer no escuro.

Pior foi o presidente Lula – que em seus delírios etílicos entendeu de salvar o planeta da guerra nuclear - tratou de defender Dunga, mas terminou chamando o técnico de Tuma - aquele secretário que está sendo acusado de ligação com a Máfia chinesa ramificada no Brasil.

Lula pode ter errado o nome, mas não errou na dose. Realmente Dunga tem de ser confundido com o pessoal da China: está trazendo jogador genérico; uma droga.

Este negócio de Seleção Brasileira é terrível. Aliás, futebol é terrível. O fanático é mais terrível que fundamentalistas (aliás, um grupo de neurologistas lá das europas descobriu que existe um único ponto que acende no cérebro, com base em tomografia computadorizada, tanto para quem é fã de futebol ou em quem acredita piamente em Deus e em mais ninguém).

Lá na Pedra Furada, bairro aprazível de Itapagipe, que fica entre o Mont Serrat e Bonfim, área onde ficam restaurantes que são ilhas do melhor da gastronomia marinha da cidade, a Copa de 1966 foi para esquecer..., tirar da memória. Mas todo mundo lembra quando o locutor da Rádio Cruzeiro da Bahia relatou pelo aparelho Empire State de não sei quantas válvulas:

- Lá vai Pelé. Pega na bola. O zagueeeeirrrooo Vicentederruba Pelé. Pelé se contorce em dores. Pelé sai de campo carregado. Dificilmente Pelé voltará ao jogo (e não voltou mesmo).

O comerciante português, Pedro Celestino, dono de afamado secos & molhados vibrou:
- É isso aí pá!

E levou uma porrada pelas bandas dos chifres. Os filhos dele entraram na briga – quatro mocetões que pareciam jamantas – e foi tanta confusão que até hoje não se sabe qual foi o placar do jogo. Uns dizem que o Brasil sem Pelé tomou de 9 a 0. Outros garantem que o Brasil perdeu a Copa, apanhando até da Hungria, mas que bateu Portugal por 12 a zero para vingar Pelé.
Vá saber.

Fonte: Tribuna da Bahia

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