Rafael Rodrigues
O governador Jaques Wagner (PT) deu o tom da campanha eleitoral deste ano ao afirmar que os “métodos” do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), seu adversário nas urnas, “são muito similares” ao utilizado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães.
Em entrevista ao programa Canal Livre, da Rede Band, transmitido em rede nacional no domingo (23), Wagner soltou o verbo contra o peemedebista. Estimulado pelos entrevistadores a comentar uma aproximação da identidade política de Geddel com o carlismo, o petista, quase sempre avesso a provocações, avaliou que o legado eleitoral de ACM pertence ao ex-governador Paulo Souto, ao senador ACM Jr. e ao deputado federal ACM Neto, todos do DEM. “A identidade do senador está no DEM, e o método está com o PMDB baiano”, arguiu.
Para ilustrar sua tese, Wagner recordou das matérias publicadas na imprensa nacional que apontaram o favorecimento de prefeituras baianas administradas pelo PMDB, nos repasses de verbas do Ministério da Integração Nacional, que esteve sob comando de Geddel nos últimos três anos. “Faço obras em todas as prefeituras. Já o ministério comandado pelo PMDB segrega muito, exige fidelidade eleitoral. São métodos que assemelham muito (com o carlismo). É uma forma de fazer política mais do constrangimento”, disse.
O governador destaca ainda que grande parte dos quadros do PMDB são egressos do antigo PFL, e que Geddel “passou quatro anos batendo no presidente Lula”, quando era líder da oposição na Câmara Federal. Wagner ressaltou ainda que o peemedebista “virou ministro com recomendação nossa. Eu recomendei”. “Para ele só se faz para os amigos. Ele nem falar do presidente Lula, ele fala. ‘Eu é que estou trazendo”, afirmou o petista, reiterando as críticas ao método do ex-aliado.
Ex-ministro rebate críticas
O deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB) respondeu com deboche às críticas de seu adversário petista. “Ele é um camaleão, que vai mudando de posição de acordo com suas conveniências”, disparou. O deputado apontou contradições na entrevista do governador, que, apesar de ter notado “métodos” carlistas em sua conduta, o indicou para ser ministro.
Geddel se defendeu das críticas de que fez oposição a Lula em seu primeiro mandato, e atualmente disputa a imagem do presidente com o candidato petista. “Fiz oposição por que foi para isso que as urnas me mandaram. Tenho posição, não sou adesista. Em 2002, apoiei José Serra (PSDB).
Em 2006, para derrubar o carlismo, apoiei Lula e Wagner”, afirmou. Questionado sobre a perspectiva de ter de apoiar Wagner em um segundo turno, devido à aliança nacional, caso não consiga reverter o quadro atual das pesquisas, Geddel negou qualquer obrigação. “Não estou preocupado em atender às expectativas de Wagner.
Respeito à aliança
Wagner avalia ainda que eleição ao governo do estado será polarizada entre os candidatos que representam os dois maiores adversários da disputa nacional: José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Desta forma, Paulo Souto (DEM) levantaria a bandeira tucana, e entre os candidatos da base do presidente Lula, ele acredita que leva vantagem: “Minha identidade com o projeto do presidente Lula é infinitamente maior (que a de Geddel). O povo sabe disso e vai distinguir. O projeto dele (Lula) é minha cara”. Já o PMDB “está um pouco desvinculado a uma identidade política”.
O governador desatou a criticar também a participação do PMDB em seu governo, devido à constante instabilidade política que tinha que administrar. “Sinceramente, depois da saída do PMDB, distencionou muito, sob o ponto de vista da política, e o governo deslanchou nas pesquisas de avaliação”, endossou.
Wagner pondera que a crítica não é direcionada à gestão de peemedebistas no Estado: “Não estou culpando nada o PMDB. Tive dois secretários que ajudaram. Mas gestão no governo depende da política”, disse, criticando ainda o partido nacionalmente, que tem dificultado a aliança com Dilma Rousseff (PT). nacional
Fonte: Tribuna da Bahia