por: landisvalth.blogspot.com
A população não está acreditando que alguma coisa vá acontecer após a fiscalização da CGU em Heliópolis. Muitos estão crentes que os desmandos do senhor Walter Rosário continuarão até o final de seu mandato. Que a população tenha perdido a fé na Justiça é notório, mas tínhamos certeza de que o Ministério Público e a CGU ainda desfrutavam de elevados conceitos perante a opinião pública. A chegada da CGU em Heliópolis parece que colocará por terra o conceito positivo de que goza esta instituição. É bom ressaltar que este blogueiro ainda acredita na CGU, mas muitos me lembram que o ex-prefeito de Fátima está aí sorrindo. Esta coisa de prefeito devolver dinheiro é justa, quando se tratar de equívocos. Mas usar nota fiscal fria, burlar licitações, superfaturar obras, falsificar empenhos e recibos de pagamento e outros males administrativos não são crimes de corrupção? São equívocos? Então o ladrão de um pão que mataria a fome do miserável vai parar na cadeia e aumentar o seu potencial malfeitor, enquanto que um prefeito corrupto vai ser penalizado com a devolução daquilo que roubou? Então um Juiz ou Desembargador, acusado de corrupção, vai ter aposentadoria compulsória como punição máxima e um pai de família vai para a cadeia por não ter pago a pensão alimentícia de seu filho? Se o último caso é justíssimo, o primeiro é desumano e os outros dois anomalias ou aberrações.
Conversei com o professor Quelton, presidente do SINDHELI. Ele me falou da dificuldade em falar com os superiores da operação da CGU em Heliópolis. Descobriu o sindicalista que não houve reunião com o Conselho do FUNDEB, exatamente o ponto de maior irregularidade da administração Walter Rosário. Outro ponto que considero importante: nenhum vereador da oposição foi procurado. A vereadora Ana Dalva tentou entrar em contato com o pessoal da CGU e ainda não conseguiu. Ela espera que possa inclusive orientá-los em algumas questões, já que eles não conhecem o município e podem ser guiados pela administração para caminhos indiferentes ao ato investigativo. Ela pretende ainda torná-los cientes das denúncias feitas pela oposição no Ministério Público e no Tribunal de Contas dos Municípios. Um vereador me disse em off que descobriu a insignificância do cargo de vereador. Deu como exemplo a vereadora Ana Dalva. Ela foi a que mais batalhou até aqui. Cumpriu o seu papel constitucional e está dando muito trabalho à administração. Então chega a fiscalização da união e nada do que ela fez teve valor. Nem mesmo a procuraram. Completa o vereador, ligadíssimo ao prefeito, mas que pede para não revelar o nome: " Waltinho é ligado ao governador, que é ligado ao presidente. Você acha, professor, que vai acontecer alguma coisa?". Minha resposta é a que escrevo aqui. Vai, se o povo continuar a exigir.
Os funcionários da CGU são pagos pelo poder público, como são os do TCM, os do Ministério Público. Se o sistema republicano falhar, eles serão os primeiros a pagar um preço altíssimo. Todos nós pagaremos muito. Quem menos pagará será o povo, porque já paga muito, mesmo agora. Um exemplo claro do descalabro administrativo do senhor Walter Rosário é o transporte escolar. Com a chegada da CGU, todos os carros trazem um adesivo com o nome da empresa vencedora da licitação. Os veículos são os já conhecidos da população local. Pertencem a pessoas daqui que vivem de fretamento ou levando passageiros para as feiras locais. Muitos condutores não possuem carteira de motorista e os ônibus carecem de melhores condições de segurança. Se era para sublocar veículos locais, para que fazer uma licitação com uma empresa de fachada, que não possui veículos em condições de realizar o serviço? Não seria melhor organizar uma cooperativa local, documentar adequadamente o pessoal para poder realizar um trabalho a contento? Tal ação permitiria a circulação do dinheiro por aqui, gerando mais riquezas. Isso só não geraria propina e superfaturamento. Talvez aí estejam os problemas.
Espero mesmo que a CGU faça o seu trabalho corretamente. Se isso não ocorrer, a população vai se conformar com as desgraças. Continuará acreditando em que quem manda é quem está no poder e não o povo, ou que manda quem pode, obedece quem tem juízo ou, a pior de todas: o dinheiro fala mais alto. Para se defender, o povo usará o velho recurso ainda bem comum em todas as políticas da nossa região: a troca do voto pelo dinheiro, ou por um emprego. Assim sendo, a democracia plena continuará sendo utopia.
Fonte: www.joilsoncosta.com.b