Folha de S.Paulo
JOAÇABA _ Morreu na manhã de ontem a terceira paciente submetida a um exame de endoscopia em uma clínica particular em Joaçaba (419 km de Florianópolis). A informação é do Hospital Santa Terezinha, onde ela estava internada desde 14 de maio.
A adolescente Iara Penteado, 15 anos, estava em coma induzido e respirava com a ajuda de aparelhos.
Outras duas mulheres Maria Rosa dos Santos, 52 anos, e Santa Sipp, 60 anos também morreram após realizar o exame de endoscopia na mesma clínica _ o exame investiga doenças digestivas com o auxílio de um tubo flexível que permite a visualização do trajeto examinado.
A polícia investiga a causa das mortes, que podem ter sido provocadas por altas doses do anestésico lidocaína. Segundo o delegado Maurício Pretto, que investiga o caso, as pacientes que morreram e mais três que passaram mal após o exame foram orientadas a ingerir duas porções de lidocaína. A dose foi de dois copinhos de café para cada uma. A substância foi administrada em forma líquida após a lidocaína em spray ter acabado na clínica.
Em 2005, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) havia determinado que o anestésico não poderia ser aplicado sem dosador, pois pode provocar morte se ingerido em alta dose. A medida havia sido tomada após três pessoas morrerem e 12 apresentarem mal-estar com o uso do medicamento em Itagiba, no sul da Bahia.
A polícia também encontrou uma pomada de efeito anestésico com a validade vencida na clínica, usada para lubrificar o endoscópio _tubo ótico usado no exame. O laudo da perícia deverá sair em 15 dias.
O médico gastroenterologista responsável pelos exames de endoscopia, Denis Conci Braga, 31 anos, chegou a ser preso acusado de homicídio culposo (sem a intenção de matar).
O profissional prestou depoimento e foi liberado após pagar fiança de R$ 2.500.