Carlos Chagas
De Belo Horizonte chegam versões de que Aécio Neves já se decidiu pelo casamento. Comunicaria ao Alto Tucanato a disposição de concorrer à vice-presidência da República na chapa de José Serra, se a convenção do mês que vem o indicar.
Parece bom não confundir informe com informação, mas é nesse sentido que o vento sopra das Gerais. Se for para evitar a derrota ou, pelo menos, para desatar o nó do empate na sucessão, o ex-governador dispõe-se ao sacrifício. Ainda mais caso Serra, eleito, patrocine na reforma política o fim da reeleição, ampliando para cinco anos o mandato dos presidentes e governadores, mas a partir do próximo, a ser eleito em 2014. Com relação aos prefeitos, a mudança aconteceria de 2016 em diante.
Dirigentes do PSDB aguardam o próximo encontro entre os dois ex-governadores, possivelmente esta semana. Confiam em que São Paulo e Minas, unidos, farão o pêndulo mover-se para a chapa pura que representariam Serra e Aécio.
Restará o problema do governo de Minas, onde Antônio Anastasia não vai bem de pesquisas. Só que candidato ao Senado e não à vice-presidência, Aécio Neves, mesmo obviamente eleito, arriscaria a dupla derrota, nos planos federal e estadual. Tornando-se inquilino do palácio do Jaburu, mesmo perdendo o palácio da Liberdade, exprimiria um pólo de aglutinação mineira a partir de Brasília.
Na hipótese de a equação progredir assim, sobra a questão das duas senatórias mineiras. Uma das vagas, os tucanos tentariam preencher com as próprias penas, lançando Eduardo Azeredo para a reeleição. A outra seria do ex-presidente Itamar Franco.
Demora o fim da impunidade
Apesar da euforia registrada no Senado, pela aprovação do projeto ficha-limpa, razão mesmo tem Pedro Simon, para quem a nova lei, quando sancionada pelo presidente Lula, marcará apenas o início do fim da impunidade no país. Ainda não será em outubro que todos os condenados pela Justiça ficarão impedidos de candidatar-se. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, deu a palavra final ao sustentar que a nova lei se aplicará para os condenados depois de sua publicação. O argumento é de que a lei, no Brasil, não retroage para prejudicar ninguém.
Mesmo assim, um certo percentual de condenados poderá ficar de fora das eleições gerais deste ano, abrindo caminho até para o aprimoramento da lei. Quem sabe os quarenta réus do mensalão, hoje julgados pelo Supremo Tribunal Federal, fiquem impedidos de candidatar-se em 2014? Milagre seria a sanção do ficha-limpa acontecer nos próximos dias e a mais alta corte nacional de justiça condenar os lambões antes de outubro…
Quanto pior, melhor?
Não há informação de quando o STF apreciará o pedido de intervenção federal em Brasília. Na teoria, pode ser hoje, como poderá ser em dezembro. Depois, não adianta mais, pois o Distrito Federal terá um novo governador.
Pelo jeito, fica tudo como está, ou seja, com o governador-tampão Rogério Rosso no poder, premido por todos os lados pela sombra da corrupção, da desfaçatez e da incompetência anteriores à sua eleição, por sinal verificada com o voto de oito deputados distritais corruptos.
O triste nessa história é que Brasília virou um caos. Os apagões sucedem-se como as ondas do mar distante, prejudicando todo tipo de atividades, das empresariais às de recreação, de serviços e penduricalhos. Ainda no sábado a região do Lago Sul, residencial, ficou cinco horas no escuro, sem que qualquer explicação fosse dada. O trânsito virou área devastada, a segurança pública foi para o espaço e nas escolas e hospitais, falta tudo, de médicos a professores. Mantém-se paralisados montes de obras que o governador antes preso e cassado esperava inaugurar a 21 de abril. Um interventor resolveria? Só por milagre, mas, ao menos, estariam suspensas as atividades da Câmara Legislativa, a principal das causas de toda a lambança acontecida.
Fonte: tribuna da Imprensa