Advogado argumenta que o religioso foi exposto e humilhado pelos policiais, que o algemaram pelas mãos e tornozelos. Defesa quer danos morais contra o governo estadual
A defesa do padre Silvio Andrei disse nesta segunda-feira (24) que pedirá na Justiça uma indenização por danos morais contra o governo estadual, em razão de possíveis abusos que o sacerdote tenha sofrido por parte de policiais. O religioso foi preso no dia 16, nu e com sinais de embriaguez dentro do próprio carro, em Ibiporã. Na ocasião, foi algemado pelas mãos e tornozelos e teve divulgadas imagens nas quais aparece vestindo apenas uma camisa. A polícia abriu inquérito, que corre em segredo de Justiça, para apurar os possíveis abusos.
“Estamos preparando uma ação de indenização contra o Estado em função das imagens e das agressões policiais”, afirmou o advogado do padre, Walter Bittar. De acordo com ele, as autoridades policiais, que representariam o Estado, deixaram o padre em situação constrangedora. “Eles permitiram que o Silvio Andrei fosse filmado [somente de camisa] e fizeram fotos que caíram no domínio popular. Há fotos dele nu. O Estado jamais deveria permitir algo assim”, declarou o advogado. Bittar deve aguardar algumas provas do inquérito para endossar o pedido de indenização.
O caso
Após ser encontrado nu e com sinais de embriaguez, o padre foi detido em flagrante pelos crimes de ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante. Depois de permanecer um dia preso, Andrei deixou Londrina e foi para São Paulo, para resolver assuntos pessoais na igreja na qual é pároco.
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Em relação às imagens, o advogado disse que o padre foi exposto e humilhado. “Há alguma dúvida de que houve danos morais e psicológicos?”, questionou. Bittar ainda considerou como “absurda” a prisão do padre algemado pelas mãos e tornozelos. “Ele foi algemado na caneca em uma sala com meia dúzia de policiais. Que resistência ele oferecia?”, perguntou o advogado. Segundo ele, a defesa não nega que o sacerdote tenha dirigido embriagado, mas lança dúvidas sobre outras suspeitas. “É um absurdo associar a embriaguez a um suposto crime de pedofilia ou exploração sexual de menores.”
A Polícia Civil abriu inquérito, a pedido da Justiça, para apurar as suspeitas de abuso policial. A determinação foi do juiz Sérgio Aziz Neme, depois de assistir a imagens do circuito interno da delegacia de Ibiporã, que mostram o momento em que o padre foi preso e chegou à delegacia. Na ocasião, o delegado de Ibiporã, Marcos Belinati disse que o juiz entendeu haver indícios de abuso. Por correr em segredo de Justiça, não é possível revelar o teor das imagens. Entretanto, a defesa do padre deve pedir autorização para enviar, mesmo que seja proibida a divulgação, as imagens aos veículos de comunicação, para que a imprensa tenha acesso.
Procurado pela reportagem do JL nesta segunda-feira (24), o delegado Marcos Belinati informou, por meio da secretária, que não falaria mais sobre o inquérito, pelo fato dele correr em segredo de Justiça. Na semana passada, um adolescente de 15 anos foi até a polícia, um dia depois de dar entrevista à TV Coroados, confirmar que teria sido abordado pelo padre e teria recebido propostas sexuais, antes do sacerdote ser preso.Fonte: Gazeta do Povo