Tribuna da Bahia
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Os tambores e guitarras já silenciaram na avenida e a cena cede espaço à política, que ainda nos camarotes revelou fatos que estão diretamente relacionados com a disputa eleitoral de 2010. Entre os mais prováveis candidatos ao governo do Estado, a exceção do ex-governador Paulo Souto, que se isolou nas praias do Litoral Norte, os outros não perderam tempo e disputaram palmo a palmo os espaços da mídia e a simpatia dos artistas e foliões. Assim, o governador Jaques Wagner (PT), o ministro Geddel Vieira Lima e o prefeito João Henrique (PMDB) procuraram fazer o dever de casa, cada um ao seu modo.
Já declarado candidato à reeleição, o governador Jaques Wagner foi um dos que mais investiram neste Carnaval. Expondo-se ao máximo e preocupado com os números da festa, o governador foi para a avenida com todo o seu staff e procurou tirar o máximo da folia. Preocupado com a violência do Carnaval, o petista pediu à própria imprensa que “valorizasse mais as coisas boas e desse menos atenção às questões negativas”, numa clara preocupação com o impacto negativo que a festa poderia trazer ao seu governo. Com a redução da violência, que é um dos principais problemas da sua administração, Wagner comemorou e espera mudar o quadro desfavorável que se lhe apresenta até o momento.
Convencido de que o prefeito João Henrique possa ser seu concorrente em 2010, o governador parece ter estabelecido uma medição de espaço com ele neste Carnaval. Por isso os dois reacenderam desde o inicio da festa a velha pendenga do período eleitoral sobre quem fez ou deixou de fazer mais pela capital baiana. De olho em 2010, Jaques Wagner assumiu o discurso de candidato, o que foi confirmado através da sua movimentada agenda. (Por Evandro Matos)
Com Geddel à frente, o PMDB desfilou com outras opções
Acomodado no Campo Grande no mesmo camarote do prefeito João Henrique, ou visitando o circuito Barra-Ondina, o ministro Geddel Vieira Lima também não se descuidou do fazer política. Bastante cumprimentado por aliados e foliões, Geddel pôde testar neste Carnaval as suas potencialidades sobre uma provável disputa ao governo do Estado em 2010. Sempre disposto, o ministro confirmou que será mesmo candidato, embora deixasse para o jogo das imaginações qual será o seu papel na futura eleição. Com vaga assegurada para disputar o Senado, Geddel aguarda “as consequências da conjuntura nacional” para definir o seu rumo. Ostentando as condições que ele próprio defende “como uma conquista do esforço pessoal e fruto do crescimento do PMDB na Bahia”, o ministro tanto pode disputar o governo do Estado quanto a ser o vice da ministra Dilma Rousseff, provável candidata do PT à Presidência da República. Provando a sua importância como “jogador” na futura eleição, o ministro pode ser considerado também uma carta na manga da candidatura tucana ao Palácio do Planalto em 2010.
Mas o PMDB tem outra carta na manga caso queira mesmo disputar o governo do Estado em 2010. Ao colocar-se como “o próximo da fila” dentro do PMDB, o prefeito João Henrique demonstrou durante o Carnaval ser mais uma opção para o seu partido. A disputa de espaço com o governador Jaques Wagner durante o Carnaval mostrou que ele não está brincando. Como anfitrião, João Henrique fez uma jogada arriscada ao subir num trio e discursar para agradecer aos foliões e funcionários da prefeitura pela qualidade da festa.
Aplaudido, João mostrou mais uma vez que sabe lidar com as massas. (Por Evandro Matos)
Paulo Souto pode mudar rumo da sucessão indo para o PSDB
A transferência do ex-governador Paulo Souto do DEM para o PSDB ainda está no campo das especulações, mas o fato pode se concretizar a qualquer momento. Recolhido para descanso nas praias do Litoral Norte durante o Carnaval, Souto nada acrescenta sobre o assunto, mas é tudo por conta da delicada operação que o assunto envolve. Há resistência nacional do DEM, principalmente do presidente Rodrigo Maia. Contudo, na Bahia, embora também exista alguma resistência, a posição dos que são favoráveis é majoritária.
Lideranças como os deputados federais Jutahy Júnior e João Almeida e o ex-prefeito Antônio Imbassahy não se opõem à decisão, principalmente se for para o bem do partido. Apenas o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, tem se mostrado contrário à ideia. Aliado do PT no Estado, a Nilo não parece interessante porque o partido certamente passaria a fazer oposição ao governador Jaques Wagner, com quem ele pretende marchar em 2010. Mas é justamente aí onde está o “X” da questão. Sem um palanque forte para os seus candidatos nas últimas eleições presidenciais, a direção nacional do PSDB trabalha desde já os problemas existentes nos estados. Por isso, a entrada do ex-governador Paulo Souto é considerada estratégica para fortalecer o palanque baiano, colocando lado a lado tucanos e democratas, como deve acontecer no resto do País.
Caso a decisão de Paulo Souto seja favorável a entrar no ninho tucano, inevitavelmente mexerá no tabuleiro sucessório de 2010. Souto pode se tornar o principal nome da oposição para disputar o governo do Estado, mas a possibilidade de o PMDB lançar um candidato, provavelmente o ministro Geddel Vieira Lima, pode haver uma recomposição, com o futuro tucano disputando o Senado. Mas como tudo vai depender da conjuntura nacional, alguns passos dados no Carnaval foram apenas ensaios para 2010. Por fim, o fim do Carnaval baiano também trouxe um sinal de paz dentro do PPS, com a possibilidade de mudança no comando estadual da legenda. Vivendo o mesmo drama do PSDB, que no plano local é governo e no nacional é oposição, os dirigentes do PPS baiano ensaiam um acordo, sinalizando a eleição de um nome que contemple o desejo das duas facções que dominam o partido. (Por Evandro Matos)
Polêmica entre Meirelles e Caldas acaba na AL
Mesmo após encerrado o Carnaval, permanece a polêmica envolvendo o cantor e compositor Luiz Caldas e o secretátio estadual da Cultura, Márcio Meireles. Ontem foi a vez da oposição na Assembleia Legislativa criticar abertamente Meirelles. Em comunicado oficial, o líder do bloco, Heraldo Rocha (DEM), disse que o episódio envolvendo o criador da Axé Music não é o primeiro em que Meirelles tenta “destruir” a cultura do Estado. “Não é a primeira e infelizmente acredito que não vai ser a última ação deste secretário tentando acabar com o que temos de bom na nossa Bahia. Primeiro tentou destruir o Solar do Unhão, depois acabou com o Balé Folclórico e o Balé do Teatro Castro Alves, a Fundação Casa de Jorge Amado vive em crise, que também atinge o Teatro XVIII e já ameaçou fechar o Teatro Vila Velha, casa do próprio secretário. A crise também chega no Pelourinho, que está completamente abandonado”, disparou. Por tabela, Heraldo Rocha pede ainda que Jaques Wagner tome uma atitude e demita imediatamente o secretário do cargo.
A polêmica girou por conta de o cantor e compositor Luiz Caldas, destacado como criador da Axé Music, ter acusado o secretário estadual durante a folia de ter boicotado o trio independente do qual o multiinstrumentista seria a estrela maior. Pelo projeto, Luiz Caldas tocaria por três dias nas ruas de Salvador para o folião pipoca. Mas, segundo Caldas, mesmo com a orientação da primeira-dama Fátima Mendonça e com o aval do governador do Estado, Márcio Meirelles engavetou o projeto. Pelo que se sabe, até o secretário Domingos Leonelli (Turismo) tentou intervir, mas não teve sucesso. Indignado com o descaso e a falta de respeito por parte do gestor da pasta da Cultura, Luiz Caldas escreveu um manifesto contra o secretário. O texto foi lido em pleno Carnaval , mostrando o que Caldas classificou como “política anti-cultural”. Meirelles, por sua vez, na ocasião declarou em nota que a respeito do manifesto divulgado pelo compositor jamais promoveu qualquer perseguição ou boicote à sua participação no Carnaval de Salvador.
“Ao contrário, Luiz Caldas foi um dos primeiros artistas a serem convidados pela Secretaria de Cultura a participar do programa Carnaval Pipoca, que em 2009 patrocinou 20 desfiles, em trios sem cordas, nos dois circuitos da festa”. No documento constava ainda que “a Secult-BA apoia o Carnaval 2009 através de programas, com regras transparentes. (Por Fernanda chagas)
Fonte: Tribuna da Bahia
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