Por: helio fernandes
Quando Sergio Cabral filho se eternizou na presidência da Alerj, critiquei-o com total isenção, mas sem abrandar na acusação. Nunca trabalhou a não ser na vida pública, mas acumulou enorme patrimônio.
Amicíssimo do governador Marcelo Alencar, inesperada e insensatamente acusou o filho Marco Aurelio. A represália veio violenta e indefensável, num dossiê que todo o estado conhece. Agora, novamente inesperada e insensatamente, critica Jarbas Vasconcellos (para fazer média) e toca num assunto que deveria ser proibido para ele: C-O-R-R-U-P-Ç-Ã-O.
O deputado e ex-secretário de Segurança, Marcelo Itagiba, da tribuna da Câmara, alinhou fatos que deixam o governador desesperado, mas sem jeito de responder. Como muitas dessas acusações são notórias, vou repeti-las aqui. Como Itagiba fez três discursos, tenho que cortar muita coisa.
O escândalo Silveirinha
Muitas testemunhas de que, durante esta semana e a semana passada, procurei informar ao governador do Estado do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, algumas graves denúncias que chegaram a esta Câmara. Talvez Sua Excelência não soubesse dos fatos, pois não passa muito tempo no estado.
Basta Sua Excelência sair às ruas e olhar nas esquinas, para ver a milícia da contravenção e do crime organizado em cada esquina. Procurei informá-lo, ainda, sobre denúncias apontando esquemas estranhos de prestação de serviços por empresas terceirizadas no estado.
Para que Sua Excelência saiba melhor quais são as empresas, tenho aqui uma relação delas, que pertencem a uma única pessoa. O dono delas é o senhor Arthur Cesar. Aliás, me parece que Sua Excelência conhece muito bem o senhor Arthur Cesar.
Estranhei a resposta da assessoria do governador postada no blog de Lauro Jardim na revista "Veja", de que não responderia a um secretário do governo anterior. Ora, senhor governador Sérgio Cabral, pergunte ao seu secretário Régis Fichtner se Tereza Porto, hoje secretária de Educação, não integrou o governo anterior; presidindo o PRODERJ? E Wagner Victer, Christiano Áureo, Fernando Avelino, Claudio Mendonça e o vice-governador Pezão, sempre em exercício, também não fizeram parte do governo anterior?
Portanto, se Vossa Excelência não quiser investigar, eu o farei e solicitarei o apoio da Polícia Federal, que tem hoje como Superintendente no Rio de Janeiro um dos que investigaram o esquema Silveirinha, cuja esposa, aliás, esteve lotada em seu gabinete na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Lembra?
Senhor governador, dizia o ditado: "Tem que ser sério e parecer sério". E eu direi a Vossa Excelência: "Não basta parecer ser sério".
Poder das milícias
Tenho que lamentar, mais uma vez, as declarações impróprias do sr. governador do Estado do Rio de Janeiro, do meu partido, o PMDB, que diz que agora está sanando a omissão dos últimos 30 anos na área de segurança pública. Parece que S. Exa. esqueceu seu passado, sua vinculação com os governos que passaram e atuaram constantemente no combate à criminalidade.
Parece que esqueceu o trabalho realizado pelo governador Marcello Alencar, integrante do partido ao qual S. Exa. pertenceu. Parece que esqueceu o trabalho realizado durante a administração da governadora Benedita da Silva, hoje secretária de Estado do próprio Sergio Cabral. Parece que esqueceu o trabalho realizado pelo governador Anthony Garotinho e pela governadora Rosinha Garotinho, que, aliás, apoiaram a possibilidade de o sr. Sergio Cabral vir a se tornar governador do Estado do Rio de Janeiro.
Portanto, acho que o governador se equivoca ao dizer que, agora, ele está restabelecendo uma política de segurança pública, quando, na verdade, está dando apenas continuidade a uma política de segurança pública de combate ferrenho e veemente à criminalidade.
Mas não a uma política assassina, como uns e outros hoje a chamam, de uma política que mata indiscriminadamente, independentemente de quem seja as pessoas que estejam na linha de frente do tiroteio entre policiais e criminosos.
Portanto, alto, lá, senhor governador! É preciso ter cuidado com as palavras. As palavras são muito perigosas, porque, no futuro, elas poderão vir a incriminá-lo. Então, é muito bom lembrá-lo de que a vida não pode ser aquilo que Agripino Grieco definia: "Muitas vezes as pessoas têm uma diarreia de palavras numa prisão de ventre de ideias".
Não é isso que nós desejamos do governador do Estado do Rio de Janeiro. Nós queremos um governador que faça trabalho consequente de combate à criminalidade, como foi feito à época em que fui secretário de Segurança Pública. Que dê continuidade a esse trabalho e não venha dizer que está reinventando a roda, porque o trabalho foi feito, foi bem-feito e deve continuar a ser feito. Não queira ser aquele que inventou o mundo, que criou o combate ao crime e que vem, única e exclusivamente, fazendo esse trabalho, porque o que se diz não é bem isso. É só olhar nas ruas da cidade do Rio de Janeiro para verificar a contravenção funcionando.
A primeira milícia que existe na cidade do Rio de Janeiro é a milícia da contravenção. E se ela está funcionando em todas as esquinas, em todas as ruas, alguém deve estar recebendo o dinheiro para que ela funcione. É bom que o sr. governador investigue quem é, porque sabemos que as duas polícias estão trabalhando.
PS - Ainda há muito a contar, deixa passar o Carnaval. Um conselho ao governador: não devia e não deve conjugar o verbo corrupção. Ué, corrupção não é verbo? Pode não ser e na verdade, para Serginho Cabralzinho Filhinho, não é mesmo verbo, é apenas C-O-N-V-I-C-Ç-Ã-O.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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