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terça-feira, abril 01, 2008

Polícia e Samu participam de saque de carga na BR-381

Bobinas se soltam de carroceria de carreta, em Caeté, e esmagam motorista de caminhão e motociclista. Alimentos são disputados, inclusive por funcionários de ambulância e de rabecão
Pedro Ferreira - Estado de Minas
Fábio Fabrini - Estado de Minas

Renato Weil/EM
Policial civil pega peças de embutidos e confere o produto.
Um acidente na BR-381, em Caeté, na Grande BH, expôs na segunda-feira a desonestidade de dois servidores públicos. Três bobinas de aço, de 35,8 toneladas, se soltaram da carroceria de um caminhão, esmagando um motociclista e o motorista de um caminhão-baú, que vinha carregado de alimentos no sentido contrário. A carga de salsichas, almôndegas, manteiga e outros congelados se espalhou pela pista e os vizinhos a saquearam. Logo um policial civil, funcionário do rabecão, e um integrante da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), chamados para o resgate das vítimas, se juntaram a eles. As cenas foram flagradas pelo Estado de Minas e condenadas pelo secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior. O Samu informou, à noite, à Secretaria Municipal de Saúde que um responsável pela carga autorizou a população e os servidores a recolher os alimentos espalhados na rodovia.
Renato Weil/EM
Servidor guarda carga saqueada na cabine do rabecão e um funcionário do Samu, sorridente, leva duas caixas de alimentos para a ambulânciaA batida foi no km 408, perto do distrito de Roças Novas. Houve congestionamento de mais de 15 quilômetros, em cada sentido, e os motoristas ficaram impacientes com o atraso de mais de quatro horas. No meio da confusão, o policial civil, que estava no local aguardando para transportar os corpos, se encarregou de fazer a feira. Na cabine do rabecão, de placa GTM 9109, empilhou vários pacotes de alimentos. O mesmo fez um servidor do Samu, que estocou mercadorias na ambulância placa HMN 7073. O tumulto foi tanto que atrapalhou os bombeiros na retirada do corpo do motorista do caminhão-baú, Ronildo Noronha, de 47 anos, ainda preso nas ferragens, mais de quatro horas depois do acidente. A mercadoria se espalhou na pista e também numa ribanceira, na qual o caminhão-baú foi jogado. Funcionários de um reboque tentaram recolher os produtos, pondo-os na carroceira, mas, diante da disputa, desistiram e os saqueadores, com o auxílio dos servidores, tomaram conta de tudo. “Com tanta comida, vou fazer até uma festa na minha casa”, disse a dona-de-casa Jucelma Rosimeire da Silva, de 35, que convocou a família para encher a despensa. A dupla de servidores públicos não foi identificada pela Polícia Civil e pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), que responde pelo Samu. Mas o caso provocou reação até no alto escalão do governo do estado. O secretário de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, disse que o saque deve ser apurado com rigor. “É inadmissível que haja subtração de bens ou produtos por agentes de polícia. Se isso ocorreu, deve ser apurado pela corregedoria”, afirmou. O delegado Wagner Pinto de Souza, da Divisão de Crimes contra a Vida da Polícia Civil, classificou de grave a participação do servidor no saque, crime contra o patrimônio, segundo o Código Penal. Ele informou que aguardará a publicação das fotos para identificá-lo e tomar providências. Adiantou que será aberto inquérito para que responda pelo delito na esfera criminal. Cabe ainda sindicância, para puni-lo administrativamente. A SMSA divulgou nota, informando que vai apurar o caso e, se for constatado o envolvimento do funcionário, também tomará as medidas necessárias. As bobinas de aço eram transportadas no caminhão Scânia placa IMK 3511, de Lajeado (RS). A carga ia de Ipatinga, no Vale do Aço, para Caxias do Sul (RS). O motorista, César Luís Marquetto, de 37 anos, que saiu ileso, trancou-se na cabine e não quis comentar o acidente. A informação é de que estaria dirigindo a 80 km/h, quando a velocidade máxima permitida na curva do acidente, que também é uma descida, é de 60km/h. Seis discos semanais do tacógrafo foram recolhidos para perícia. “A princípio, as bobinas estavam sendo transportadas corretamente, mas somente a perícia vai constatar uma possível falha”, informou Roberto Miranda, da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As bobinas, uma de 13,2 toneladas e duas de 11,3 toneladas, estavam acomodadas no meio da carroceira, que tem um leve afundamento no meio, para maior apoio delas. A carga estava amarrada com faixas de lona, que arrebentaram, quando o caminhão fez a curva. Placas de aço, de pouco mais de 15cm de altura, também escoravam as bobinas e algumas ajudaram a esmagar o motociclista Carlos Aparecido da Silva, de 38 anos, que transportava Marinalva Aparecida de Oliveira, que completou 21 anos domingo, na garupa da motocicleta CG 125 Titan, placa HAF 2895, de BH. A mulher sofreu fraturas nos braços e foi socorrida no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital, onde está internada. Para a polícia, ela se salvou por sorte. A parte dianteira da moto foi arrancada e esmagada. O segundo veículo atingido pelas bobinas foi o caminhão-baú Volvo placa GYS 9373, de Ibirité, carregado de alimentos e que ficou reduzido a um monte de ferros retorcidos. Ronildo Noronha morreu esmagado entre as ferragens. Seu passageiro, Civani Rodrigues dos Santos, de 37, sobreviveu e também foi socorrido no HPS, com ferimentos leves, e recebeu alta no fim da tarde. As investigações para apurar as causas do acidente são feitas pela Polícia Civil de Caeté. O acidente põe em alerta a fiscalização de cargas transportadas na malha rodoviária do país. No trecho da tragédia, o perigo é redobrado. A BR-381, entre BH e o Vale do Aço, tem pista estreita, com curvas, aclives e declives acentuados, devido à topografia acidentada. Vários caminhões trafegam pondo em risco a vida de todos. Sacos de cereais empilhados nas carrocerias ameaçam tombar em curvas, sem proteção nem de lona. Chapas de aço também ultrapassam as dimensões dos veículos e podem cair sobre os veículos. (Colaborou Thiago Herdy)
Fonte: Estado de Minas

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