Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, abril 21, 2008

"Somos totalmente inocentes", diz Ana Carolina Jatobá

SÃO PAULO - Dois dias após terem sido exaustivamente interrogados no 9º Distrito Policial (Carandiru) - foram 17 horas, que renderam 20 páginas de depoimento dele e 13 dela - e de terem sido indiciados por homicídio triplamente qualificado (doloso, com os agravantes de motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima), Alexandre Nardoni, de 29 anos, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24, pai e madrasta da menina Isabella, deram ontem uma entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. Eles estavam na casa dos pais dela, em Guarulhos.
Alexandre e Anna Carolina responderam todas as perguntas da reportagem, segundo a Globo. A única exigência feita foi que a entrevista fosse gravada em DVD e que ficassem com uma cópia.
Eles alegaram inocência repetidas vezes. "Nós somos totalmente inocentes", disse Anna Carolina, chorando, agarrada a um terço na mão esquerda. Por vezes, os dois falaram ao mesmo tempo - Anna Carolina se manifestava enquanto o marido respondia a alguma pergunta. Em alguns momentos, Alexandre desviava o olhar. Anna Carolina, ao contrário, respondia olhando fixamente para o repórter.
Na primeira declaração à imprensa após a morte da menina, em 29 de março, o casal disse que acredita que uma terceira pessoa matou Isabella. Questionada sobre isso, Anna Carolina respondeu, assertiva: "Com certeza."
Eles falaram ainda da vida com e sem Isabella e do drama que viveram na cadeia. No início das investigações, a polícia pediu a prisão temporária do casal, que ficou oito dias preso. Anna Carolina disse que tem medo de voltar para a cadeia.
Sobre a relação com a filha, Alexandre afirmou, pausadamente: "Eu nunca encostei um dedo da minha filha." Anna Carolina emendou: "Eu também nunca encostei nela, nunca, nunca na minha vida." Segundo os dois, Isabella nunca deu trabalho para ninguém
Chorando muito, Anna falou do carinho que Isabella tinha por ela. "Ela fazia coraçãozinho no vapor do box", disse, contando que tomavam banho juntas.
Alexandre repetiu pelo menos três vezes que os cinco (ele, Anna Carolina, Isabella, e os filhos do casal, Cauã e Pietro, de 1 e 3 anos) sempre foram muito unidos. "Ela (Isabella) era tudo pro Cauã e pro Pietro. Ela era a segunda mãe pro Cauã, ele queria ir só com ela", afirmou Alexandre. "Ela estudava com o Pietro na mesma escola. O Cauã trocava a gente para ficar com ela", completou Anna.
"Não temos nem como ir ao cemitério. As pessoas estão prejulgando a gente sem nem nos conhecer", disse Alexandre, culpando a mídia pela exposição do caso. "Tinham de conhecer ao menos um pouquinho para fazer qualquer julgamento."
Sobre o relacionamento em família, só falaram de harmonia. "Estávamos sempre brincando. Ela adorava que eu brincasse com ela", disse Anna Carolina. Sobre eventuais brigas, disseram que eram apenas discussões normais, coisas de casal. E que nunca havia ocorrido discussão no apartamento de onde Isabella foi jogada.
"A Isabella sempre chamava Anna de 'tia Carol'", contou Alexandre. "Quando ela estava em casa, onde um ia, iam todos. Não nos separávamos. A gente se programava em relação a quando ela estaria em casa", contou Anna Carolina.
"Isso dói. Isso acaba com a nossa vida. Destruíram nossa vida em segundos", concordaram os dois. "Para a polícia só existíamos nós dois no apartamento", desabafou Anna Carolina. Questionados sobre o que teria levado alguém a matar Isabella, afirmaram: "É o que a gente se pergunta também. Todos os dias, todas as noites " E Alexandre emendou: "Como alguém pôde fazer isso com a Isabella, uma criança dócil, uma criança que sempre estava sorrindo?"
Sonho
"Eu tinha Isabella como minha filha. Era minha filha postiça", revelou Anna Carolina. A jovem conta que a menina tinha vergonha, mas por duas vezes a chamou de "mamãe". Uma vez, estavam brincando no apartamento e ela teria dito: "Ai, papai, não bate na mamãe." E o casal ainda fez uma revelação: "O sonho dela era morar com a gente."
Anna Carolina disse que nunca teve ciúmes da menina. "Meu amor por ela é inexplicável. Meus filhos são tudo na minha vida. Se eu pudesse não trabalhava para ficar com eles o tempo todo", contou Alexandre.
"Estamos pagando por uma coisa que não fizemos", afirmou Anna Carolina. "Eu não consigo explicar o que estão fazendo com a gente", repetiu Alexandre. Alexandre se descontrolou e chorou ao lembrar de coisas que Isabella gostava de fazer. "Pai, papai, vamos de 'motinha' (elétrica)? Sempre queria estar na piscina. Amava água. Chamava ela de golfinho."
"Quando a médica falou 'sua filha faleceu', eu não tinha mais chão", contou Alexandre.
Perguntados sobre indícios de sangue apontados pela perícia, Anna respondeu: "Ninguém se machucou aqui em Guarulhos, ninguém agrediu ninguém no caminho. Não aconteceu nada. Não existe isso. Foram os três dormindo. Isabella ainda perguntou: 'Tia Carol, posso dormir um pouquinho?' Foi a última vez que ela falou comigo."
E Alexandre volta a chorar. "No dia que teve o velório da minha filha... Eu fiz uma promessa em cima do caixãozinho dela. Eu não ia ficar sossegado enquanto não achasse o assassino que fez essa brutalidade. Essa promessa eu fiz: 'filha, papai vai prometer uma coisa. Papai não vai sossegar enquanto não encontrar o assassino que fez essa brutalidade. Eu queria entrar junto com ela quando ela foi enterrada, eu queria morrer junto com ela. Vê-la entrar no necrotério, ver no chão, e ela sendo enterrada.. Não conseguia entender aquilo. Filha, o papai não vai sossegar até encontrar quem fez isso com você. Papai não vai sossegar. Prometi também que ia fazer uma tatuagem com o rostinho dela. Ali minha vida se acabou completamente. Eu vendo ela sendo enterrada, as pessoas jogando areia. No sábado, estávamos na piscina brincando. Depois ela estava no necrotério.. Minha vida acabou sem a minha filha, minha princesinha..."
"Vamos até o final para encontrar essa pessoa. Nossa fé em Deus é inabalável. Deus é nossa maior testemunha. Ele é o único que pode provar nossa inocência", completou Alexandre, enxugando as lágrimas.
Ao longo da entrevista, Alexandre pediu que as pessoas que souberem de qualquer detalhe sobre o crime, que possa levar ao assassino de Isabella, liguem para o Disque-Denúncia (181). "Digo porque isso pode acontecer com qualquer outra pessoa. Estou falando isso para as pessoas tomarem cuidado."
Pai de Alexandre critica investigações do caso Isabella
Antônio Nardoni, avô da menina Isabella, criticou ontem o trabalho da Polícia Civil. Ao sair da sua casa, na manhã de ontem, o advogado tributarista disse que a polícia desconsidera provas que são importantes e pesariam a favor da inocência de seu filho Alexandre Nardoni e sua nora Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, indiciados pela morte de Isabella.
Segundo ele, a polícia também não deu importância a alguns depoimentos relevantes. Antônio Nardoni visitou, no final da noite de sábado, o filho e a mulher. O casal está na casa de Alexandre Peixoto Jatobá, pai de Anna Carolina, em Guarulhos, onde também estão seus dois filhos, Pietro, de 3 anos, e Cauã, de 1 ano.
Após prestar depoimento na última sexta-feira no 9º Distrito Policial (Carandiru), em São Paulo, Alexandre e Ana Carolina foram indiciados por homicídio doloso triplamente qualificado. Peritos e legistas do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal (IML) disseram que vão conceder uma entrevista coletiva amanhã para explicar todo o processo de elaboração dos laudos sobre a morte de Isabella que serão apresentados na semana que vem.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

Bolsonaro tenta jogar trama golpista para Heleno e Braga Netto, e militares reagem

  Foto: Pedro França/Arquivo/Agência Senado O ex-presidente Jair Bolsonaro 30 de novembro de 2024 | 06:59 Bolsonaro tenta jogar trama golpis...

Mais visitadas