Necessidade de reconstituir a cena do crime é apontada como prioridade para encerrar o caso
A polícia tirou o pé do acelerador. A expectativa de concluir ontem o inquérito policial sobre a assassinato de Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi substituída pela decisão da polícia de anexar os laudos da perícia ao inquérito. A decisão permitirá que os advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - pai e madrasta da menina e indiciados pelo crime - tenham acesso aos documentos, em resposta à ameaça da defesa de recorrer à Corregedoria da Polícia Civil.
Além disso, a polícia pretende fazer, no próximo dia 27, a reconstituição do crime e a acareação entre os dois indiciados e ouvir os depoimentos de quatro testemunhas - o pai e a irmã de Alexandre e dois moradores do Edifício Residencial London, onde o crime ocorreu. Isabella morreu após ser jogada do 6º andar em 29 de março.
Assim, o inquérito só deve ser relatado pelos delegados do 9º Distrito Policial (Carandiru) na próxima semana, quando, além de apontarem o casal como autor do crime, eles deverão pedir à Justiça a decretação da prisão preventiva de Alexandre e de Anna Carolina. A decisão de prorrogar as investigações foi tomada em uma reunião realizada na Secretaria da Segurança Pública. Delegados, peritos e um médico-legista se reuniram com o secretário Ronaldo Bretas Marzagão.
Depois de ouvir o que todos tinham a dizer, Marzagão julgou conveniente manter a cautela e prosseguir com a apuração do crime antes de a polícia e a perícia divulgarem os resultados Para isso, foi decisivo o fato de a polícia temer que a defesa do casal usasse suas conclusões para preparar seus clientes para a acareação e para a reconstituição do crime.
Concluída a reunião, o diretor do departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), delegado Aldo Galiano Junior, foi incumbido de explicar à imprensa por que a polícia ia adiar a entrevista coletiva na qual deveria anunciar suas conclusões. Galiano deixou claro que uma das razões era não instruir a defesa. "Nós não queremos instruir, não. Eu acho que a defesa tem de ter acesso ao laudo e ela tomar um posicionamento, mas não ter acesso ao que a polícia pensa e ao que a polícia vai perguntar", afirmou.
O delegado disse que o inquérito do caso já tem seis volumes e que os laudos do Instituto de Criminalística (IC) sobre o local do crime e o do Instituto Médico-Legal (IML) sobre a causa da morte de Isabella foram anexados ao inquérito ontem, apesar de a polícia ter tomado conhecimento dos dois documentos na sexta-feira passada.
A ausência dos laudos do inquérito provocou polêmica. A defesa de Alexandre e de Anna Carolina afirmava que a polícia não podia ter questionado o casal durante os interrogatórios da última sexta-feira com base em laudos que não constavam no inquérito. Galiano respondeu a essa crítica dizendo que "as perguntas inerentes aos laudos foram feitas aos indiciados com base nas informações obtidas pelos delegados no local do crime e nas reuniões mantidas com os peritos".
A Secretaria da Segurança Pública afirmou na noite de ontem que os advogados do casal não entraram com representação na Corregedoria, questionando os métodos de investigação e para "apontar uma série de irregularidades que foram cometidas na condução da investigação". O trio de advogados, por sua vez, não quis informar se ainda planeja oficializar a reclamação à Corregedoria.
Segundo o delegado Galiano, a defesa terá pleno conhecimento e "plena possibilidade de tomar conhecimento do laudo". O delegado afirmou que os policiais do 9º DP pretendem ouvir mais quatro testemunhas do caso - Antônio Nardoni, pai de Alexandre, e Cristiane, irmã do pai de Isabella. Além deles, a polícia vai inquirir duas testemunhas, vizinhos do casal.
Estes serão ouvidos às 14 horas de hoje e o pai e a irmã de Alexandre, às 16 horas. "Esses depoimentos são imprescindíveis para a conclusão do inquérito e para que possa ser feito relatório bem substanciado", disse Galiano.
A intenção da polícia é evitar ainda a necessidade de investigações complementares a pedido do Ministério Público Estadual (MPE). "Eu acho que estamos fazendo um trabalho técnico e responsável. A cautela é a melhor arma que a polícia tem. Chegou num momento em que a defesa parte para um confronto. Nós agimos eticamente", afirmou o delegado. "Nós não achamos prudente um confronto. Não é salutar para a defesa, não é salutar para a polícia", completou Galiano.
O delegado voltou a negar que Anna Carolina tenha sido agredida durante o tempo em que esteve detida no 89º Distrito Policial. Ela e o marido ficaram presos durante uma semana por ordem da Justiça durante as investigações do caso.
A polícia pretende fazer a reconstituição do crime no próximo domingo, e estuda a possibilidade de evacuar o Edifício London durante os trabalhos. O casal pode participar da reconstituição, mas não é obrigado, pois nenhum acusado pode ser forçado a fazer prova contra si. A polícia quer mostrar com a reconstituição que seria impossível alguém invadir o apartamento, jogar a menina pela janela e sair sem ser visto do prédio.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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