Vizinhas - uma até nasceu “da costela” da outra -, Salvador e Lauro de Freitas abrem essa incursão pela política municipal baiana. Na capital, surge não mais que de repente o nome do deputado João Carlos Bacelar, representante solitário do PTN na Assembléia, mas que pode ser a opção do DEM, ex-PFL. Em Lauro de Freitas, tudo indica que é pule de dez a candidatura do deputado e ex-prefeito Roberto Muniz (PP), que lidera o bloco independente no Legislativo. O nome de Muniz brota naturalmente no meio político quando se questiona sobre deputados prefeituráveis, mas nunca de sua própria boca. Experientes deputados asseguram: “É a mais certa”. Sem querer aprofundar o assunto, o que sugere a veracidade do projeto, o deputado descon-versa: “Estamos avaliando”. Provocado sobre um choque eleitoral com a prefeita atual, Moema Gramacho (PT), alfineta: “Eleição é um desejo pessoal. Reeleição é um desejo do povo”. Entre jornalistas, circula a tese de que um macro-acordo político está em curso na Bahia, encabeçado pelo governador Jaques Wagner (PT) e pelo ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), sendo objetivo principal a chapa Wagner presidente e Geddel governador. O plano B seria a reeleição do governador e uma das vagas do Senado para o ministro. A movimentação do prefeito para o PMDB seria parte da estratégia, sacrificando o PT em Salvador. Muniz integra na Assembléia a bancada independente. Nem maioria, nem minoria, apoiando um lado ou outro a depender do assunto. E nessa condição foi incluído no imbróglio, na perspectiva de deixar o caminho livre para Moema em Lauro de Freitas, como uma compensação ao petismo, e ser agraciado no futuro. Ele reage: “Tenho ouvido falar de acordos mirabolantes, de candidaturas de gabinete e de decisões de cúpula. Mas quem manda é o povo. Acima de manobras e desejo de poder, está a avaliação que o eleitor faz dos candidatos”. Para referir-se ao eleitorado com toda essa intimidade, o parlamentar respalda-se na sua trajetória. Prefeito de Lauro de Freitas de 1997 a 2000, este é o seu segundo mandato de deputado estadual, sempre com boa votação no município. No último pleito, teve 12.300 votos num colégio de cerca de 70 mil, disputado por muitos candidatos. Quando seu grupo perdeu a prefeitura para o PT, o nome dele era tido como imbatível, mas prevaleceu a vontade do deputado federal João Leão, que impôs o nome do filho Cacá.
Bacelar aventura-se em Salvador
Vereador por quatro mandatos em Salvador, tendo sido presidente da Câmara Municipal, João Carlos Bacelar chegou ao seu primeiro mandato de deputado estadual e em pouco tempo tornou-se uma das estrelas da oposição. Seu partido, o PTN, aliou-se ao PR e ambos integram o bloco da minoria, do qual o parlamentar é um dos vice-líderes. Como os nomes fortes do DEM - os deputados federais ACM Neto e José Carlos Aleluia e mesmo o ex-governador Paulo Souto - não parecem dispostos ao risco, Bacelar pode dar-se ao luxo da aventura. O discurso é típico do livre-atirador: “Acho que há um espaço em nosso grupo e meu nome está à disposição. Conheço muito bem a cidade com meus quatro mandatos de vereador e acho que reúno as condições para ser prefeito”. Empolgado com a possibilidade, Bacelar diz que tem conversado com seus “colegas vereadores” e que também encontrou “grande receptividade” nas bancadas aliadas na Assembléia, do DEM ao PR. As linhas mestras da campanha ele define com clareza: “Salvador vem sofrendo muito nos últimos anos. A cidade perdeu em investimentos e experimentou grande queda no turismo, que é uma de suas principais fontes econômicas. A cidade não tem obras e o desemprego aqui voltou a ser o maior do Brasil. Precisamos de uma administração competente para mudar esse estado de coisas”. Bacelar elegeu-se vereador pela primeira vez em 1992. Em 2006, quando chegou a deputado estadual, conseguiu 13 mil votos na capital. (LAG)
João comunica ao PDT que se filiará ao PMDB
O prefeito João Henrique selou, ontem, definitivamente a sua saída do PDT ao comunicar o presidente estadual da legenda, em Brasília, deputado federal Severiano Alves, que enviará a sua carta de desfiliação no final deste mês. No entanto, mesmo com o ingresso do prefeito no PMDB, a bancada do PDT decidiu continuar na base de aliança que elegeu João Henrique em 2004 a prefeito de Salvador. “Tivemos uma conversa com toda a bancada estadual, deputados, vereadores, prefeitos na quinta-feira em Salvador e eles fizeram um apelo para que o partido continuasse na base aliada”, esclareceu Severiano. De acordo com o dirigente, a bancada também definiu que irá apoiar o projeto de reeleição do prefeito. “O PDT, por enquanto, não tem candidato. Portanto, decidimos continuar na base, vamos esperar o espaço que o partido terá na nova reforma administrativa municipal e, com isto, estaríamos apoiando o projeto do prefeito em se tentar a reeleição”, declarou o presidente estadual que fez questão de mais uma vez lamentar a decisão do prefeito em deixar o PDT. “Ele alegou vários motivos, entre eles a estrutura partidária e o tempo de TV, mas foi uma conversa muito boa. O PMDB pode ter mais espaço, o que poderia ajudar em seu novo projeto, mas achamos que ele deveria ficar no PDT, onde se tornou conhecido e se elegeu a prefeito”. A informação da saída do prefeito colocou por água abaixo os rumores de que João Henrique poderia continuar no PDT para tentar manter o atual secretário municipal de Transporte e Infra-estrutura, Nestor Duarte (PSDB) - atual desafeto do ministro Geddel Vieira Lima - depois da reforma administrativa. “Ao contrário (da permanência de João Henrique no partido), o prefeito esteve aqui em Brasília justamente para tratar de sua desfiliação. Ele me pediu um prazo até o final do mês porque ainda falta fazer os últimos acertos com o PMDB”, declarou Severiano.
Oposição na Câmara fecha cerco contra Luís Eugênio
No que depender da bancada oposicionista na Câmara Municipal de Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), terá muito o que explicar. A pretensão é que hoje seja votada em regime de urgência-urgentíssima, a tão adiada instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI), que visa apurar as denúncias de irregularidade no âmbito da secretaria, e em especial a morte do servidor Neylton da Silveira, morto no dia 6 de janeiro, dentro da própria instituição. Aliado a isso, os parlamentares querem ainda a votação do projeto de lei que reestrutura o Conselho Municipal de Saúde, com o objetivo principal de retirar a presidência do colegiado das mãos do secretário de Saúde, Luís Eugênio Portela. De acordo com o autor do documento, Jorge Jambeiro (PSDB), o Conselho, que tem como finalidade gerir e fiscalizar o Fundo Municipal de Saúde, não pode ser presidido pelo próprio titular da pasta. “O secretário não pode se auto-examinar, se autofis-calizar e ficar responsável pela aprovação das contas da Saúde”, explicou. Com a solicitação da preferência para esses dois projetos, segundo Jambeiro, ficará difícil não se votar a CEI. “Acredito que amanhã (hoje) a Comissão deva sair do papel, pois a grande maioria aprova a reestruturação do Conselho e não vai ter como se opor à CEI, pois ficará evidente quem é a favor ou contra”, ressaltou. São necessários 28 votos para aprová-la. Entretanto, conforme o tucano, apenas o PT e o PC do B sinalizam contra. “Eles se dizem favoráveis, mas na hora da votação não comparecem, com isso, de 41 possibilidades de votos (soma dos vereadores na Casa), cairia para 35, já que o presidente Valdenor Cardoso não vota, mas ainda assim estamos tranqüilos”, reforçou. De acordo com os cálculos de Jambeiro, existem 26 votos favoráveis garantidos e cerca de nove indecisos. “Acreditamos que de hoje não passe, pois essa é a hora de votar. Ou se vota agora ou não se vota mais”, enfatizou. Assim como ele, o peemedebista Sandoval Guimarães, autor do requerimento, se diz bastante confiante. Conforme ele, do ponto de vista da pauta de votação da Casa, há apenas alguns requerimentos e algumas indicações. “Acho que a prioridade deveria ser a do requerimento da CEI da Saúde”, assegurou. O líder da oposição Téo Senna (PTC), foi mais além. Ontem em plenário, ele questionou as declarações do secretário de Saúde à imprensa no último dia 29, em que afirmou que Salvador é a capital brasileira da fratura, custando aos cofres públicos R$ 19 milhões ao mês. Segundo Senna, como formas de pressão, ele denunciou ainda alguns nomes de clínicas, pertencentes a vereadores da Câmara. “O intuito dessas declarações, sem dúvida, é desviar a atenção no que diz respeito à morte de Neylton. Mais uma forma de pressionar os vereadores, em especial da área médica a não votar a CEI. Isso sem falar que se trata de crime de prevaricação, já que se implantou a gestão plena de saúde em março de 2006 e deve ter sido feito um estudo amplo da saúde em Salvador, contudo, os convênios e contratos foram mantidos”, destacou, ressaltando que enquanto Luís Eugênio critica o gasto de R$ 19 milhões ao mês em convênios com as clínicas ortopédicas da capital baiana, a secretaria destinou mais de R$ 10 milhões em contratos, como o de verticalização no Carnaval
Fonte: Tribuna da Bahia
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