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segunda-feira, maio 07, 2007

País altera mapa da fé, mas não a sua religiosidade



Pesquisa Datafolha publicada em um caderno especial na edição da Folha de ontem mostra que o catolicismo continua a perder fiéis, especialmente para os protestantes pentecostais, porém a religiosidade do brasileiro permanece alta. A religiosidade brasileira, aponta a pesquisa, é resultado, em grande parte, do trabalho de séculos de evan-gelização empreendido pela Igreja Católica no país. A pesquisa sobre “os brasileiros e a religião” revela que, em 2007, 64% dos entrevistados se declararam católicos, contra 70% em 2002, 72% em 1998 e 74% em 1996. O papa Bento 16, que chega na quarta-feira a São Paulo, encontrará um país com uma fatia menor de católicos do que aquelas que acolheram seu antecessor, João Paulo 2º, em suas três visitas ao Brasil (1980, 1991 e 1997). Mas a velocidade de queda da fração de católicos na população brasileira tem diminuído, mostra a pesquisa. De acordo com Mauro Paulino, diretor do Datafolha, houve uma queda mais acentuada nos anos 90 na proporção de católicos (de um patamar de 75%, em 94, para outro de 70%, no final do decênio). De acordo com o Datafolha —que realiza a pesquisa somente com pessoas maiores de 16 anos— 17% dos brasileiros dizem pertencer a uma religião “evangélica pentecostal”, 5% a “evangélica não-pentecostal”, 3% se declaram espíritas kardecistas, 1% diz pertencer à umbanda, e 7% declaram não ter religião. A pesquisa foi realizada em março deste ano. Ao menos 97% dos entrevistados dizem acreditar totalmente que Deus existe. Do total, 86% acredita totalmente que “Maria deu a luz a Jesus, sendo virgem” (o índice é de 88% entre os católicos). E 93% de todos os entrevistados (95% dos que se dizem católicos) disseram crer que “Jesus ressuscitou após morrer na cruz”.
Evangélicos avançam na periferia
Um cinturão protestante envolve as capitais do país. É o que aponta a pesquisa Datafolha publicada em caderno especial na edição da Folha de ontem. A pesquisa mostra que os evangélicos representam 29% da população das regiões metropolitanas (sete pontos acima da média nacional). Nelas, a proporção de católicos (55%) fica nove pontos abaixo da média nacional. O avanço evangélico nas periferias metropolitanas pode ser explicado pelo perfil dessas regiões —carentes de serviços públicos e submetidas a altas taxas de criminali-dade— que abrigam populações de baixa renda e baixa escolaridade, conforme mostra a pesquisa. “As igrejas pentecostais chegam aonde a Igreja Católica não entra. E estimulam a incorporação de pessoas à sociedade através de diferentes redes de sociabilidade”, diz Edlaine de Campos Gomes, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Corais, grupos de teatro e de oração estão entre essas redes, mas o resultado que os fiéis mais exaltam é a suposta melhoria das finanças e a obtenção de serviços e empregos por meio do convívio com outras pessoas —ou graças às orações, como crêem. “Ao parar de beber, fumar, já há um regramento do orçamento”, diz Ronaldo de Almei-da, professor da Unicamp e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Fonte:Tribuna da Bahia

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