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quinta-feira, maio 31, 2007

Caetano fala sobre prisão e reafirma inocência

Após passar sete dias na carceragem da Polícia Federal, em Brasília, sob acusação de integrar uma quadrilha que fraudava licitações, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), volta a reiterar que é inocente e garante que, embora se sinta injustiçado, continuará trabalhando firme pelo município que o elegeu. Entretanto, a partir de agora, com duas frentes: dar continuidade a boa administração realizada, buscando melhorar cada vez mais e provar que nada tem a ver com as fraudes constatadas na Operação Navalha e muito menos com Zuleido Veras, o dono da Gautama, principal alvo das acusações. Entre as metas, a reeleição não foi descartada. “Obviamente que é uma idéia central, mas eu sou um homem de partido, que deve analisar esta hipótese mais na frente. Contudo, as demonstrações de carinho que eu tenho tido em Camaçari, me fizeram crer que não perderia votos”, disse. Ao descrever os dias difíceis que passou na prisão, Caetano declara que durante o banho de sol, único momento em que ele podia sair da cela de cerca de 18 metros, em que dividia com seis pessoas, Veras o pediu perdão e prometeu inocentá-lo. “Você não tem nada a ver com isso. A Gautama é p... com você, mas darei meu depoimento a seu favor”, relatou o que Zuleido lhe disse. Além disso, o prefeito de Camaçari, que em visita à Tribuna da Bahia, foi recebido pelo diretor presidente Walter Pinheiro e pelo diretor de redação, Paulo Sampaio, elogiou e agradeceu a cobertura realizada pelo jornal, de “equilíbrio, isenção e responsabilidade”, afirmou que a própria ministra do Superior Tribunal de Justiça que está conduzindo o caso, Eliana Calmon, somente ao tomar seu depoimento soube que não havia nenhum contrato e, consequentemente, obras sendo realizadas com o dinheiro federal. “Daí, ela me perguntou o que eu tinha a dizer das gravações. E eu respondi que apenas o que estava ali. Veras perguntando ao filho o que eu havia dito e recebendo como resposta a palavra nada e que por conta disso, não teve o que me dizer”, explicou, ressaltando que antes mesmo do parecer quanto aos pedidos de habeas corpus, a ministra já havia concedido o relaxamento da sua prisão. Quanto ao famoso Zaqueu, segundo palavras do próprio Caetano, que seria funcionário da prefeitura, a princípio na sua cabeça tudo não passava de uma armação, já que não se lembrava de ter nenhum funcionário com esse nome. “Estão querendo armar contra mim. Era só o que eu pensava. Mas, fui surpreendido com o meu suposto funcionário gritando da grade da sua cela para todos que quisessem ouvir: Caetano eu sou o Zaqueu, mas não sou seu funcionário e muito menos te pedi passagens aéreas”, destacou. (Por Fernanda Chagas)
Pressões da construtora por obra
Segundo Caetano, de fato não faltaram pressões para que o contrato de licitação feito na gestão anterior não fosse cancelado. “Contrato este, que apesar de estar respaldado pelo Ministério Público, resolvi não utilizar, como se estivesse prevendo que algo de errado estava por vir. Decidi então fazer outra licitação com o mesmo objetivo, o que levou a JLA, empresa fruto de uma briga entre os proprietários da Gautama, entrar na Justiça pelo sonhado contrato, revogado, para minha sorte, no final do ano passado”, destacou. “Eles queriam a todo custo manter o contrato, mas eu desde o início me opus. Se quisesse usaria o contrato do prefeito anterior, já que tinha respaldo para isso. Na verdade me considero um exemplo nesta história, pois o meu único contato com Zuleido foi parar negar-lhe às inúmeras pressões”, orgulhou-se. Questionado se após todo o constrangimento passado ele não pretendia buscar junto à Polícia Federal os seus direitos, Caetano respondeu que: “essa é a pergunta que todos me fazem, quando relato a verdadeira história e tudo que passei, mas a minha preocupação é provar a minha inocência, seguir em frente”. Em relação ao dinheiro encontrado na sua residência (R$ 142 mil e mais US$ 3 mil), o prefeito continua sem a certeza se o declarou à Receita Federal, mas afirma já ter reivindicado-o de volta, mesmo que tenha que pagar pelo imposto. “Estava fazendo as contas com minha esposa e só de mandatos seriam cento e poucos meses. Se a gente conseguiu tirar R$ 1.400 por mês daria essa quantia. A nossa idéia era comprar uma casa mais ampla, pois quem nos conhece sabe que vivemos de forma modesta. O porquê de não colocar em banco, como já havia dito, pelo simples fato de não ver nenhum crime em guardar dinheiro em casa”, ponderou. O afastamento de Iran César de Araújo e Silva e Everaldo José de Siqueira Alves, secretário e subsecretário da pasta de Infra-Estrutura, respectivamente, além do assessor especial do órgão, Edílio Pereira Neto, que foi exonerado, todos presos juntos com Caetano, se deu para facilitar a defesa dos funcionários de forma transparente e ter a apuração com clareza e lisura. “Vou esperar a defesa deles, mas tenho certeza que assim como eu, eles provarão a sua inocência. Inclusive, encaminhei um ofício para a Controladoria Geral da União solicitando uma auditoria em todo o processo, desde a gestão anterior até agora”, enfatizou. (Por Fernanda Chagas)
PF se reúne com superintendentes
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, se reuniu ontem com os 27 superintendentes do órgão. A reunião ocorreu logo depois da PF informar que vai instaurar procedimento administrativo contra três delegados afastados da instituição por determinação da ministra Eliana Calmon, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Foram afastados Zulmar Pimentel (diretor-executivo da PF, considerado o segundo homem dentro da instituição), César Nunes (superintendente da PF na Bahia) e Paulo Bezerra (afastado da PF para comandar a Secretaria de Segurança Pública da Bahia). A PF confirma a reunião, mas não informa o teor do que foi discutido. A expectativa era que o afastamento e vazamentos de informações tenham sido discutidos. Os delegados afastados são acusados de ter relação com Operação Octopus (polvo), que não chegou a ser detonada por conta de vazamento de informações sigilosas. Essa operação seria uma ramificação da Navalha, que investiga um suposto esquema de fraude em licitações para realização de obras na Bahia. Segundo investigações da PF, Pimentel teria avisado João Batista Paiva Santana, ex-superintendente da Polícia Federal no Ceará, que ele estava sendo investigado pela Operação Octopus (polvo). Nunes e Bezerra, por sua vez, teriam ligação com a suposta quadrilha que fraudava licitações na Bahia. Os dois também teriam sido avisados por Pimentel das investigações e teriam mandado prender agentes que investigavam o caso.
OAB diz que operações ferem direitos
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, disse ontem, no Acre, que os direitos dos acusados não foram respeitados “em boa parte das ações da Polícia Federal”. “A OAB não apóia investigações sem limites”, afirmou. Britto disse que todo cidadão brasileiro tem de saber do que está sendo acusado, direito a um advogado e a preservação de sua imagem enquanto não for condenado judicialmente. Ele negou que o OAB seja complacente com os corruptos. Ele ressaltou que a instituição defende a criação de uma CPI para investigar a relação de deputados com todas as empreiteiras e não apenas com a Gautama —empresa apontada pela PF como líder do esquema de fraudes em licitações públicas. “É preciso acabar no Brasil com a sensação de que só pobre vai pra cadeia”, disse. A Operação Navalha, que envolveu nove Estados e o Distrito Federal, revelou esquema de fraude em licitações de obras públicas. Segundo a PF, a construtora Gautama funcionava como centro da quadrilha, direcionando editais através dos contatos que mantinha no governo federal, estadual e municipal. O inquérito provocou afastamento do ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) e a prisão de empresários, prefeitos, um deputado distrital, um ex-governador e um ex-deputado federal. A Justiça Federal expediu 48 mandados de prisão. A ministra Eliana Calmon, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), decidiu quebrar o sigilo do inquérito. Com isso, o processo resultante da Operação Navalha deixa de tramitar em segredo de Justiça.
Fonte: Tribuna da Bahia

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