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quarta-feira, maio 30, 2007

Em 1978, um Fusca foi o patrimônio declarado por senador à Justiça Eleitoral

FÁBIO GUIBUda Agência Folha, em MaceióMARIA APARECIDA DE OLIVEIRAcolaboração para a Agência Folha
Em 1978, aos 23 anos, o então estudante de direito Renan Calheiros iniciava sua carreira política elegendo-se deputado estadual em Alagoas. Na época, ele declarou à Justiça Eleitoral possuir apenas um Fusca. Hoje presidente do Senado, com salário bruto de R$ 12.720 mensais, Renan (PMDB-AL) informa que é dono de uma fazenda e diz que seus rendimentos o permitem pagar, além de despesas próprias, pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de dois anos e 10 meses.
Em seu discurso, anteontem, o senador disse ainda que constituiu, com recursos próprios, um fundo de R$ 100 mil para custear a educação da criança. Disse que, antes de a filha nascer, pagou à jornalista R$ 8.000 mensais, a título de "assistência à gestante", além do aluguel, cujo valor não especificou.
A partir do Fusca de 1978, o patrimônio de Renan sempre evoluiu. Teve casas financiadas, carros da moda, como Opala e Passat, investiu em linhas telefônicas, mas, segundo suas declarações entregues à Justiça Eleitoral, foi a partir de 1994, após ser eleito senador pela primeira vez, que esse crescimento acelerou. Antes de tomar posse, Renan declarou naquele ano possuir três casas (duas em Maceió e uma em Brasília) e seis linhas telefônicas (somando as de Alagoas e Brasília), além de um Uno Mille.
Em 2002, reeleito, informou possuir uma casa e um apartamento em Brasília, uma Toyota Hillux sr5 e um Mitsubishi L200 GLS, além de um apartamento, de 240 m2 à beira-mar, em área nobre de Maceió. Sua participação nominal no setor agropecuário, que teria melhorado ainda mais seus rendimentos nos últimos anos, só estaria presente nas declarações de renda posteriores a 2002. Esses documentos, porém, não foram disponibilizados pelo senador à imprensa. Pouco se sabe sobre a evolução patrimonial de Renan desde então. Em 2004, ele adquiriu uma casa no balneário de Barra de São Miguel (AL), conforme reportagem da Folha publicada em 2005.
Procurado ontem pela reportagem para explicar a origem de sua renda e como pagou os benefícios à jornalista, Renan não se pronunciou. Sua assessoria informou que um advogado convocará os jornalistas para tirar as dúvidas que permanecem sobre o caso.
Citado em gravações telefônicas da Operação Navalha, Renan nega ligações com a empreiteira Gautama, suspeita de comandar esquema de fraudes em licitações. Também nega que a construtora Mendes Júnior esteja envolvida no pagamento da pensão à jornalista.

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