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domingo, abril 01, 2007

Relatório: polícia do Rio prendeu menos e matou mais

A polícia do Rio prendeu menos e matou mais sob o comando do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). As estatísticas de criminalidade de janeiro, divulgadas ontem com quase dois meses de atraso, mostram que 117 pessoas morreram em supostos confrontos com policiais. É o maior número de mortes já registrado em janeiro desde 1998, último ano com números disponíveis para esta modalidade. São quase quatro (3,77) por dia e 51 casos a mais que no mesmo período do ano passado, quando policiais mataram 66 pessoas.
O crime é identificado pelo governo como auto de resistência. Os registros no mês de janeiro aumentaram sucessivamente de 1998 a 2003, mas desde então mantinham uma leve queda: foram 20 em 1998, 29 em 1999, 37 em 2000, 43 em 2001, 83 em 2002, 90 em 2003, 77 em 2004 e 72 em 2005.Os homicídios dolosos (intencionais) também aumentaram 9,6% com Cabral: de 480 para 526, no mesmo período. Só na capital, o aumento foi de 26,1%. E a polícia prendeu 288 pessoas a menos no estado em comparação com janeiro de 2006 (total de 1.394 presos), fechando o primeiro mês de governo com 1.106 prisões.
A apreensão de drogas caiu de 1.019 para 838 quilos, e a de armas, de 1.003 para 858. O índice que mais subiu na comparação com janeiro do ano passado foi o de roubo a pedestres: 24,8% (de 3.421 registros para 4.270). A análise por áreas específicas feita pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostra que o roubo a residências cresceu 92,6% no interior do estado.
"Os dados de janeiro não são bons", admitiu o secretário da Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que reuniu-se ontem com todos os delegados e comandantes de batalhões. Ele ressalvou, porém, que o mês foi "totalmente atípico": segundo Beltrame, além da transição de governo, a polícia estava "desarrumada" por causa dos ataques criminosos do fim de 2006. Sobre o aumento dos autos de resistência, ele declarou: "Quando a polícia vai cumprir sua missão, existe confronto. É uma solução que não é boa, é traumática. Saímos de uma polícia reativa para uma polícia ativa". "Vamos ver os resultados, tem coisas que eu espero que vocês observem mais para a frente."
Segundo o sociólogo Ignacio Cano, é preciso levar em consideração a instabilidade provocada por um novo governo, mas de qualquer forma o crescimento dos autos é "bastante preocupante". "Se o governo se projetar com base nesse número de janeiro, a estimativa do ano vai ser escandalosa. Embora esteja investindo em inteligência, é preciso algo específico e urgente para reduzir a letalidade."
Bala perdida
Pelo primeira vez foram divulgadas estatísticas de balas perdidas, um pedido de Beltrame. Em 2006 elas mataram 19 pessoas no estado (17 na capital, 2 na Baixada Fluminense) e deixaram 205 feridas. Em janeiro deste ano três pessoas morreram vítimas de balas perdidas, um caso a mais que no mesmo mês do ano passado. Os três casos ocorreram na capital. O relatório de balas perdidas não será divulgado todo mês, e será atualizado trimestralmente.
Fontë: Tribuna da Imprensa

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