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sábado, abril 07, 2007

Hospitais sem médicos

Profissionais ligados a Coopamed, que não renovará contrato com governo, faltam no feriado e deixam atendimento caótico


Flávio Novaes
As recentes decisões da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) continua atingindo a população. Ontem, na Sexta-feira Santa, considerada um dos dias mais violentos do ano, o atendimento estava prejudicado na emergência do Hospital Geral Roberto Santos, na região do Cabula. O quadro de médicos escalados para o feriado estava incompleto e apenas um anestesista trabalhava. As salas estavam lotadas e diversos pacientes aguardavam em macas nos corredores.
A situação vem piorando no hospital desde o anúncio do rompimento do contrato firmado entre o governo do estado e a Cooperativa de Assistência Médica do Estado da Bahia (Coopamed), que reúne aproximadamente três mil profissionais.
De acordo com um médico que não quis se identificar, o último pagamento aos cooperados foi realizado em fevereiro e, de lá para cá, houve uma redução drástica do número de profissionais da cooperativa no local. “Além disso, existem situações que só podem ser atendidas no Hospital Geral do Estado (HGE) e lá o número de cooperados é menor”, afirma.
O clima é tenso no Roberto Santos. Médicos que trabalham no local estão estressados com a pressão. Ontem à tarde, um deles, de prenome Jorge, chegou a ser ríspido com a reportagem do Correio da Bahia, mesmo sem ter sido abordado para responder qualquer pergunta. Durante 40 minutos em que a reportagem se encontrou no hospital, um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o parente de um enfermo estavam em busca de notícias e cobrando soluções imediatas. “Existem, sim, momentos de dificuldades, mas a emergência continua funcionando e não pode parar”, afirma Mário Raffaelli, diretor-médico do HRS.
Os problemas atingem o outro hospital público da cidade que também oferece o atendimento a situações de emergência. No HGE, ambulâncias de Maragojipe, Camaçari, Jacobina, Conde, Euclides da Cunha, Tucano, Ubaíra, Pojuca e Candeias praticamente faziam fila na porta da emergência. “Só conseguimos ser recebidos aqui depois de ter tentado o Clériston Andrade, em Feira de Santana, e o Roberto Santos”, afirmava Francisco Santos, motorista da prefeitura de Tucano, a 250km de Salvador. Ele trazia José Pires de Souza, com várias lesões após um acidente de moto.Maria Luciene Andrade também estava desesperada com a situação do irmão, Wellington Andrade, mais uma vítima de acidente de moto no distrito de Fazenda Cachoeirinha, em Maragojipe. “Não conseguimos lugar em outros hospitais, vamos ver o que acontece aqui”, dizia aflita enquanto aguardava para acompanhar o irmão.
As ocorrências – a maior parte delas relacionadas com o alto consumo de bebidas alcoolicas durante o feriado – não surpreendiam Conceição Gonzalez, coordenadora médica do hospital. De acordo com ela, o grande entrave enfrentado pelo HGE é a superlotação. “Com todos esses problemas que acontecem nos outros hospitais, inclusive os do interior do estado que não realizam o atendimento, a situação vai se complicando aqui”, dizia para logo se assustar com mais uma ambulância que acabava de chegar cantando pneu. “Mas estamos com a equipe completa, com cinco cirurgiões, cinco ortopedistas, quatro clínicos, três pediatras e quatro anestesistas”. Segundo Gonzalez, o HGE atendia ainda com com seis residentes e 15 estagiários.
Desolada, anotando informações de mais um acidentado que chegava, Aliete Ribeiro, responsável pelo setor de registros, já se preparava para o final do dia, quando o movimento aumenta no HGE. Com 15 anos de serviço no hospital, ela sabe que, ao lado do Dia das Mães, a Sexta-feira da Paixão é um dia muito triste. “É um dos piores do ano. O pessoal começa a beber na quinta e nas reuniões de família muita coisa ruim costuma acontecer”, dizia. E mais uma sirene que se ouvia ao fundo não a deixava mentir.
Fonte: Correio da Bahia

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