O prefeito João Henrique decidiu: vai mesmo para o PMDB. O anúncio foi feito ontem durante entrevista coletiva, quando ele fez questão de destacar a continuidade do governo de coalizão e fazer um agradecimento especial ao PT, partido que discutia a sua filiação. Seu ingresso no PMDB deve ocorrer na próxima semana. Será um amplo ato político com as presenças de dirigentes e militantes das legendas que o apóiam. Deverá contar também com a presença de lideranças nacionais da sigla. O prefeito, no entanto, evitou emitir opinião acerca de agressões desferidas pelo deputado federal e ex-presidente do PSDB baiano, Jutahy Magalhães Júnior. Mesmo provocado, João Henrique limitou-se a dizer que defende a unidade, conforme demonstrou o eleitor do pleito de 2004, quando o colocou no Palácio Thomé de Souza e agora mais recentemente, em 2006, com a vitória de Jaques Wagner para o governo do Estado. Ele justificou sua saída do PDT, a cujos dirigentes agradeceu a “ acolhida de anos”, e ida para o PMDB como um fato natural. “ Há um novo momento político”, afirmou, ao considerar que esse novo realinhamento de forças vai possibilitar a construção de uma Salvador mais receptiva no contexto nacional, disputando grandes investimentos inclusive internacionais. Para o prefeito, a cidade ainda sofre com o desemprego e há a necessidade de fazê-la crescer e aquecer o mercado de trabalho. São cerca de 400 mil desempregados. Isso significa, completou, que a economia precisa ser alavancada. Um dos fatores que trará esse desenvolvimento socio-econômico, na sua opinião, será o funcionamento do metrô, que será inaugurado no próximo ano. Nesse ponto, João Henrique voltou a destacar os esforços de todos os setores políticos baianos, lembrando da ajuda do ex-ministro Jaques Wagner e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na coletiva, João Henrique garantiu que não deve haver mudanças no seu secretariado com a sua ida para o PMDB. No entanto, admitiu novas conversas e entendimentos com os aliados. Disse ainda que o peemedebista Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Regional, não impôs qualquer condição para recebê-lo no partido, exceto que assinasse a ficha de filiação. Candidato a reeleição “se assim for a vontade do povo de Salvador”, o prefeito optou por não adiantar os nomes dos políticos que o seguirão para a nova legenda. Mas deu uma pista importante: a primeira-dama e deputada estadual Maria Luíza e o seu pai, o senador João Durval, “são simpáticos” ao PMDB. A mesma simpatia - o prefeito não disse na coletiva - nutre também o deputado federal Sérgio Brito. Nos bastidores acredita-se que haverá um esvaziamento completo do PDT, com a desfiliação de João Henrique. A cúpula pedetista, porém, acha esse movimento normal. Lastimou a decisão do prefeito, mas está confiante, como já informou o secretário-geral Alexandre Brust, que o dano é passageiro e logo o PDT voltará a crescer ainda mais. Não apenas o PDT tende a murchar com a saída do prefeito João Henrique. O PSDB baiano atravessa um período crítico e a expectativa é de que se encolha de modo a ter apenas dois representantes com certo destaque político no cenário local e nacional: os deputados federais Jutahy Magalhães Jr. e João Almeida, que andaram às turras recentemente. Jutahy Jr. comanda o partido a mão de ferro. Ouve todos, mas toma a decisão sozinho. Há críticas internas quanto ao comportamento tido como autoritário do parlamentar. Por determinação atribuída ao próprio Jutahy, um seu aliado Ernesto Ribeiro, solicitou ontem pela manhã sua exoneração da subsecretaria de Esportes e Lazer. A interlocutores, o tucano chegou a admitir que há uma questão pessoal com João Henrique. Daí defender o rompimento do partido com a administração municipal, o que desagradou alguns dos seus integrantes. Há segmentos do tucanato que acreditam que os secretários Nestor Duarte (Transportes e Infra-estrutura) e Arnando Lessa (Esporte e Lazer) deixem o PSDB muito em breve. Devem ir para o PT ou mesmo para o PMDB, embora ambos prefiram não entrar em detalhes. O ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, embora nunca revelasse, tinha uma certa certeza de que o prefeito acabaria por se filiar ao PMDB. Por diversas vezes, Geddel, que é presidente licenciado do partido na Bahia, se disse confiante na filiação de João Henrique, assim como a do senador João Durval e dos deputados Maria Luíza (estadual) e Sérgio Brito (federal). O prefeito tinha também uma pré-disposição de ir para o PT. O assunto chegou a ser debatido com o governador Jaques Wagner, que se entusiasmou pela idéia, mas disse que teria de submetê-la à Executiva Estado petista. O PT não disse - e nem precisava - que estava protelando qualquer definição. Parcelas da legenda não admitiam que a filiação de João Henrique significasse, efetivamente, o apoio do partido à sua reeleição. Os deputados Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro lutam pela indicação partidária para concorrer ao pleito no próximo ano. A filiação de João Henrique seria um saco no estômago de ambos. De qualquer forma, a intenção do prefeito é de evitar, no futuro próximo, que a atual coalizão venha a sofrer baixas por conta do processo eleitoral. Daí toda a insistência, ontem, durante a coletiva à imprensa, de reconhecer a importância do leque de apoios e dos partidos, em especial o PT, um seu parceiro hoje nas esfera estadual e federal.(Janio Lopo - Editor de Política)
Baixa tucana na equipe do prefeito
A preocupação com a saúde mental levou o deputado Carlos Ubaldino (PSC), da bancada governista, a propor na Assembléia Legislativa a ampliação da rede de Centros de Atenção Psiquiátrica (CAPs), visando à “melhoria da qualidade de vida dos deficientes mentais, que em geral são abandonados e marginalizados”. O parlamentar, que é pastor evangélico, destacou “o estresse e a depressão” que as pessoas sofrem no mundo atual, “onde se criam aspirações não satisfeitas”. Os hospitais, segundo ele, oferecem tratamentos que levam à chamada “institucionalização”. Os pacientes são isolados e submetidos a medicamentos, “podendo entrar com uma simples depressão e sair com transtornos mais graves”. Ao contrário, os CAPs são unidades abertas, sem grades, em que as pessoas podem exercer uma série de atividades que ajudam na reintegração à sociedade. O problema, diz Ubaldino, é que, além de serem poucos, não vêm funcionando como deveriam. Um exemplo está em Lauro de Freitas, onde há um CAP nível II, capaz de fazer 200 atendimentos, quando a demanda é de 485. Em Salvador, existem cinco unidades, que não contam com especialistas no seu quadro de servidores, fazendo com que, por falta de atividades, os pacientes deixem de freqüentá-los. O deputado ressaltou que uma portaria do Ministério da Saúde baixada com base em lei federal atribui aos municípios a instalação de CAPs, mas muitos prefeitos não as cumprem. (Por Luis Augusto Gomes)
Deputado Jutahy Jr. defende rompimento
O deputado federal Jutahy Jr. defendeu ontem a saída de seu partido, o PSDB, do governo municipal, sob a alegação de que a administração do prefeito João Henrique (PDT) perdeu o rumo político e administrativo de forma irreversível. “Tenho 51 anos e não aceito ultimato. Nem eu nem meu partido”, afirmou o líder tucano, referindo-se a notícia publicada na Tribuna da Bahia de que o prefeito teria enviado carta a ele cobrando uma decisão do partido sobre a permanência no governo até o dia hoje. Até ontem à tarde, Jutahy não havia recebido nenhum documento. Segundo Jutahy, sua posição está tomada e cabe ao PSDB, no momento em que achar conveniente, reunir-se para decidir o que fazer. O tucano acusou João Henrique de ter se descomprometi-do com a cidade e a questão político-partidária para preocupar-se apenas com a política eleitoral. Jutahy considerou um con-trasenso o fato de o prefeito elogiar publicamente os secretários tucanos Nestor Duarte Neto (Transportes e Infra-Estrutura) e Arnando Lessa (Esportes e Lazer) e depois questionar o PSDB sobre se deve mantê-los. “Ora, se eles são bons gestores, reconhecidos pelo próprio prefeito, ele não sabe se deve mantê-los ou não?”,
Oposição exige mandatos de quem trocou de partido
Os partidos de oposição prometem ingressar na semana que vem com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter o ato da Mesa Diretora da Câmara que recusou devolver aos partidos os mandatos dos deputados que trocaram de legenda este ano. PSDB, DEM e PPS vão argumentar que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou que as legendas são detentoras dos mandatos parlamentares, por isso têm direito de convocar suplentes para substituir os deputados que saíram dos partidos. O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse que o TSE legitimou o direito constitucional das legendas sobre os mandatos parlamentares. “Quem perdeu foi o partido, com a cooptação de deputados pelas legendas da base. Então o parlamentar não pode alegar que perderá o mandato, já que este não o pertence”, disse Freire. O partido perdeu oito deputados este ano, que migraram para legendas da base aliada do governo. O líder da minoria na Câmara, deputado Julio Redecker (PSDB-RS), disse que os tucanos devem acompanhar o PPS para reconquistarem os mandatos dos deputados que deixaram o partido. “O caminho natural é levar o caso ao Supremo. Foi a própria Justiça que decidiu sobre a norma, então é normal que recorramos a ela para restituir esses mandatos”, disse. Segundo o líder, a decisão da Mesa Diretora da Câmara foi tomada sob a influência do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que integra a base aliada do governo. “Além de ser presidente da Casa, Chinaglia representa a base do governo. Então, é melhor para o governo receber mais deputados para reforçar sua estrutura de apoio”, disse. A Mesa Diretora decidiu ontem arquivar o pedido do PSDB, DEM e PPS que reivindicavam a convocação imediata dos suplentes para substituir os deputados que deixaram os três partidos. Chinaglia argumentou que não é sua prerrogativa decidir sobre a transferência de mandato —e sim da Justiça. Em março, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que o mandato pertence ao partido ou à coligação e não ao candidato eleito.
Fonte: Tribuna da Bahia
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