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sexta-feira, abril 13, 2007

“Ordi é ordi”

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão
(Brasília) Evidente que não foi surpreso que assisti a mais um ato de verborragia explícita do presidente Lula, ao falar para os prefeitos brasileiros que se encontravam esta semana na capital federal em encontro para pressionar o governo a ter mais generosidade com os sofridos cofres municipalistas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cedeu aos apelos dos 3.000 prefeitos e anunciou que iria autorizar a base aliada a votar a favor do aumento de 1 ponto percentual no FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Foram estas, textualmente as palavras de Lula: “O governo decidiu que a reforma tributária que está no Congresso não nos interessa mais. Foi dada a ordem para a base para votar separadamente”.
Estavam presentes ao ato, além dos prefeitos, ministros, senadores deputados e lideranças empresariais. Todos ouviram as aberrações verbais do presidente. A imprensa registrou, mas comentou muito pouco.
Para mim pareceu mais fita de porno-chanchada, em republiqueta de quinta categoria, onde o ditador estupra a democracia, dando ordens a parlamentares vassalos, ao impor sua vontade ensandecida. É na verdade o despreparo para o governo, o deslumbramento com poder, a insignificância do ser. E é ai que mora o perigo.
Recordei-me de um pronunciamento do senador Álvaro Dias, aqui em Brasília, no Congresso Nacional, em 5 de agosto de 2004, quando afirmava: “O autoritarismo é uma manifestação degenerativa da autoridade, segundo Norberto Bobbio. Nas lições desse pensador italiano, onde há o autoritarismo a Oposição é reduzida à sua expressão mínima, aniquilada, substancialmente esvaziada.Compareço a esta tribuna no dia de hoje, Sr. Presidente, para deplorar essa manifestação de autoritarismo que eclode de quando em vez na postura do Presidente Lula.
No recente e grotesco episódio apenas ouvi a voz isolada da senadora Lucia Vânia (PSDB/GO) que fez uso da tribuna para protestar contra o ato de autoritarismo do presidente Lula, que ofendeu a independência e a harmonia necessária entre o Executivo e o Congresso Nacional.
- Não poderia deixar de registrar o episódio, que julgo da maior gravidade para o Congresso Nacional - disse a senadora.
Optar pelo autoritarismo chulo é a evidência da necessária falta de preparo para o comando de uma Nação livre e soberana.Talvez Lula nem saiba o que é isso. Não estudou, não é dado à leitura, talvez nem saiba quem é Norberto Bobbio, ou qualquer cientista ou pensador da ciência política.
Uma pena que um Congresso anestesiado polos cargos e pelos “negócios” com o governo nada veja ou sinta.Lamentável que a sociedade apática não esteja nem ai,para a gravidade dos fatos.Como diz o grande Arnaldo Jabor: “Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte”.
Não pensem Lula e seu governo que a imprensa responsável e consciente deste país se dobrará às bravatas, seus arroubos de ditador bufão e sua incapacidade de liderar . Enquanto existirem Jabor, Carlos Chagas, Cláudio Humberto, Mainardi, Sebastião Nery e tantos outros bravos companheiros, estará presente a resistência em defesa da legalidade e da moralidade pública e privada.
Fonte: prosa & politica

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