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domingo, maio 21, 2006

Lula não é vítima, diz Tasso

Por: Nalu Fernandes (Tribuna da Imprensa)

Campanha tucana vai tentar ligar presidente a escândalos

NOVA YORK - A campanha presidencial do PSDB deve ter como diretriz o que o presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), classificou como "mostrar a verdade sobre Lula". Em entrevista coletiva, após evento para investidores em Nova York, Tasso disse que o partido pretende mostrar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi vítima de seus amigos e assessores nos recentes escândalos de corrupção.
"Lula não foi marcado pelos enormes escândalos de corrupção. O PT foi atingido, o governo dele foi atingido e ele (Lula) tem sido hábil em se colocar como vítima", afirmou. "Ele derrubou Dirceu (ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu), derrubou Palocci (ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci), derrubou Delúbio (ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares), que era um de seus principais amigos, e derrubou o pobre do Silvinho Pereira (ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira), como (se fosse) um maluco." O PSDB, segundo Tasso, deverá "mostrar que é impossível (Lula) ser vítima e ter sido traído por todos os seus amigos e assessores".
PCC
Tasso reconheceu que os ataques criminosos em São Paulo causaram abalo na candidatura do ex-governador do Estado Geraldo Alckmin à Presidência da República. "Em um primeiro momento", ressalvou. Mas acrescentou que a questão da segurança é um problema de todas as cidades grandes. "Não é só um problema de São Paulo", afirmou. Assim, a campanha do PSDB deverá tratar de proposta da sigla para promover o que chamou de "legislação mais realista para combater as organizações criminosas, a partir do desmantelamento delas". Tasso avaliou a existência de duas polícias trabalhando separadamente nos estados como um sistema antiquado e ineficiente.
"Às vezes, (as polícias) competem (entre si) e, às vezes, são antagônicas. Assim, reduzem eficiência e são mais caras", argumentou, ao reconhecer que qualquer mudança na área irá enfrentar resistências das corporações.
O presidente do PSDB também destacou a necessidade de maior policiamento nas fronteira para impedir a entrada de drogas e armas. Segundo ele, o que está ocorrendo em São Paulo não é apenas um problema social, é "crime organizado pesado". Para Tasso, os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) não decorrem da miséria, decorrem do narcotráfico. Ele vê necessidade de "mudança profunda na legislação e de atuação firme do governo nas fronteiras".
Para o senador, é hora de todos fazerem mea-culpa sobre a escalada da violência. "Essa legislação (que foi aprovada na terça-feira pelo Senado e ainda precisa ser aprovada pela Câmara) está dormindo no Senado há três anos. O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) tem de fazer mea-culpa também, pois não deixava a legislação ir para frente, dizendo que era 'legislação de pânico'".
Tasso afirmou que é particularmente importante a alteração da legislação porque ela está voltada para o preso político, protegendo-o contra o Estado. "Agora, que não existe mais preso político, temos de mudá-la. Penitenciárias e presos têm de ser vistos de forma diferente do que no período da Constituinte, por exemplo", afirmou.

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