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sexta-feira, dezembro 03, 2021

Da detecção aos sintomas, o que já sabemos sobre a ômicron




Ao redor do mundo, governos reintroduziram restrições de viagem para evitar propagação da ômicron

Por Philippa Roxby

Casos da nova variante do coronavírus, a ômicron, já foram detectados em todo o mundo.

Descoberta por cientistas na África do Sul liderados pelo brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação do país, ela foi descrita como potencialmente preocupante por seu número de mutações — 50 no total.

Desde então, a ômicron se espalhou para mais de uma dúzia de países, muitos dos quais impuseram restrições de viagem para tentar reduzir sua propagação.

Quais testes são usados ​​para detectar a ômicron?

Testes PCR (reação em cadeia por polimerase) são capazes de detectar infecções por coronavírus.

Dependendo do laboratório para o qual os swabs (cotonetes usados para a coleta de secreção oral e nasal para testagem de covid-19) são enviados, alguns também podem ajudar a identificar variantes específicas, como delta ou ômicron.

Foi o que aconteceu com os primeiros casos da ômicron identificados no Brasil, em São Paulo: após o resultado positivo das amostras no teste de PCR, elas foram encaminhadas para uma análise de sequenciamento genético no laboratório do Hospital Albert Einstein, que confirmou se tratar da variante nova.

Apenas alguns laboratórios possuem a tecnologia necessária para fazer isso.

Os Estados Unidos lideram o mundo em números de testes PCR, à frente do Reino Unido, Rússia, Alemanha, Itália e Coreia do Sul, nessa ordem. O Brasil está na 11ª posição nesse ranking.

Na Índia, no entanto, apenas 1% de todas as amostras enviadas para laboratórios podem ser testadas para encontrar variantes como delta ou ômicron.

Como sabemos que a ômicron se espalhou pelo mundo?

Os swabs que deram resultado positivo para o que parece ser a variante ômicron foram enviados a um laboratório para uma análise genética completa, usando uma técnica conhecida como sequenciamento genômico.

Isso confirmou que algumas pessoas foram de fato infectadas com a variante mais recente do coronavírus.

Essa análise laboratorial do material genético do vírus é a chave para detectar variantes e descobrir como elas atuam.

Muitos casos de infecção pela ômicron não são detectados porque pode levar algumas semanas para que o processo seja concluído.

Segundo autoridades de saúde da África do Sul, a ômicron alimentou um aumento "preocupante" de casos de coronavírus no país e já se tornou a variante dominante.

Michelle Groome, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD, na sigla em inglês), disse que houve um "aumento exponencial" nas infecções nas últimas duas semanas, de uma média semanal de cerca de 300 novos casos por dia para mil na semana passada, e mais recentemente 3,5 mil. Na quarta-feira (1/12), a África do Sul registrou 8.561 casos. Uma semana antes, a contagem diária era de 1.275.

"O grau de aumento é preocupante", disse Groome.

Segundo o NICD, 74% de todos os genomas de vírus sequenciados no mês passado eram da ômicron, encontrada pela primeira vez em uma amostra coletada em 8 de novembro em Gauteng, a província mais populosa da África do Sul e onde fica a principal cidade do país, Johannesburgo.

Desde então, a variante já foi detectada em diversos países de todos os continentes, incluindo o Brasil.

No entanto, não sabemos quais países têm a maioria das infecções pela ômicron, mas sim quais a detectaram mais cedo.

Os testes rápidos detectam a ômicron?

Os testes rápidos não mostram com qual variante você está infectado — mas eles ainda detectam a presença do coronavírus, incluindo a ômicron.

Quais são os sintomas da ômicron?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não há informações que indiquem que os sintomas da ômicron sejam diferentes dos de outras variantes — portanto, fique atento para uma nova tosse, febre e perda do paladar ou do olfato.

Casos de pessoas totalmente vacinadas na África do Sul infectadas pela ômicron foram notificados, mas com um quadro leve. A Organização Mundial da Saúde (OMS) de fato informou que, segundo dados preliminares, a ômicron parece causar mais casos de reinfecção por covid-19. Isso, junto a seu grande número de mutações e sua aparente facilidade ainda maior em se espalhar, estão entre os fatores que tornaram a ômicron uma "variante de preocupação".

Angelique Coetzee, a médica sul-africana que primeiro identificou a nova variante ômicron do coronavírus, diz que os pacientes infectados até o momento mostram "sintomas extremamente leves" — mas mais tempo ainda é necessário para avaliar o efeito em pessoas vulneráveis.

Recentemente, hospitais na África do Sul têm visto mais jovens serem admitidos com sintomas mais graves — mas muitos não foram vacinados ou tomaram apenas uma dose.

Isso sugere que receber duas doses e uma dose de reforço é uma boa maneira de proteger contra doenças causadas pela nova variante, bem como todas as outras.

Qual é a diferença entre a ômicron e outras variantes?

A principal diferença é o número de mutações novas — 50, no total.

Um grande número delas — 32 — está na chamada proteína S (spike ou espícula) do vírus, chave para o patógeno invadir as células e alvo da maioria das vacinas.

Essa é a principal preocupação dos cientistas.

Eles verificaram que a ômicron tem o que é conhecido como "falha do alvo do gene S", o que torna muito fácil rastrear casos positivos relacionados à nova variante.

Mas nem todas as "falhas do alvo do gene S" estarão necessariamente associadas à ômicron — o sequenciamento genômico completo é necessário para ter certeza disso.

Qual o papel do sequenciamento genômico?

Analisar a composição genética do vírus é uma parte crucial para entender qual variante está envolvida na infecção.

Observando em detalhes o material genético, pode-se confirmar se alguém foi infectado pela ômicron ou com outra variante, como a delta, amplamente circulante.

Esse método fornece apenas informações sobre os swabs que são analisados ​​— mas, usando esses resultados, os cientistas conseguem estimar qual proporção de novos casos poderiam estar ligados à nova variante.

Cientistas do Reino Unido e da África do Sul estão na vanguarda dessa tecnologia, e é por isso que a maioria das novas variantes foi detectada nesses países. Mas isso nem sempre significa que elas se originaram ali.

O que sabemos sobre a ômicron?

Muito pouco se sabe sobre como a variante atua ou quão ameaçadora ela é.

Por exemplo, não está claro se a ômicron se espalha mais facilmente (embora haja suspeitas de que sim), se causa casos mais graves da doença em comparação com outras variantes ou se a proteção contra vacinas será menor do que se pensava anteriormente.

BBC Brasil

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