por Erem Carla
Parece que não existe tempo ruim o suficiente para os soteropolitanos irem à praia. Mesmo com Salvador oferecendo um verão de muita chuva, ao menor sinal de estiagem, e ainda que no “mormaço”, a orla da capital baiana continua sendo tomada por banhistas.
O problema é que chuva combinada com praia é uma mistura perfeita para a incidência de micoses de pele e unha. As micoses são doenças causadas por fungos onde existem condições ideais de calor e umidade.
A dermatologista Ana Lísia Giudice, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Bahia (SBD-Ba), alerta para o aumento de casos de micoses no verão.
“Por conta do aumento da temperatura, esses fungos têm predileção por áreas mais quentes e úmidas. As pessoas estão mais sujeitas a ficar com roupa de praia molhada, roupa de banho molhada, tendo mais contato com a areia da praia que é uma grande fonte também de fungos”, explica Ana Lisia.
A especialista afirma que a umidade e o calor são o ambiente propício para o desenvolvimento de micoses e que elas podem se apresentar de várias maneiras.
Pitiríase versicolor: apresenta-se clinicamente como manchas brancas, descamativas, que podem estar agrupadas ou isoladas. Normalmente surgem na parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. Ocasionalmente, podem se apresentar como manchas escuras ou avermelhadas, daí o nome versicolor.
Tineas (tinhas): manifestam-se como manchas vermelhas de superfície escamosa, crescem de dentro para fora, com bordas bem delimitadas, apresentando pequenas bolhas e crostas. O principal sintoma é coceira.
Candidíase: pode se manifestar de diversas formas, como placas esbranquiçadas na mucosa oral, comum em recém-nascidos (“sapinho”); lesões fissuradas no canto da boca (queilite angular), mais comum no idoso; placas vermelhas e fissuras localizadas nas dobras naturais (inframamária, axilar e inguinal), ou envolver a região genital feminina (vaginite) ou masculina (balanite), provocando coceira, manchas vermelhas e secreção vaginal esbranquiçada.
Onicomicoses: geralmente a unha se descola do leito e se torna mais espessa. Pode também haver mudança na coloração e na forma.
“Quando há um aumento de chuvas e tempestades e o indivíduo frequenta a praia nesse período, o risco é maior de adquirir essas doenças na pele, exatamente porque aumenta as condições propícias para esses fungos que são umidade e calor”, diz a dermatologista.
Quanto à prevenção, a SBD recomenda secar-se sempre muito bem após o banho, principalmente nas dobras, como as axilas, as virilhas e os dedos dos pés; evitar o contato prolongado com água e sabão; evitar andar descalço em locais que sempre estão úmidos, como vestiários, saunas e lava-pés de piscinas; não ficar com roupas molhadas por muito tempo; não compartilhar toalhas, roupas, escovas de cabelo e bonés, pois esses objetos podem transmitir doenças; não usar calçados fechados por longos períodos e optar pelos mais largos e ventilados; e evitar roupas muito quentes e justas e aquelas feitas em tecidos sintéticos, pois não absorvem o suor, prejudicando a transpiração da pele.
Na suspeita ou constatação de micoses, deve-se procurar auxílio médico, pois cada tipo possui um tratamento.