Publicado em 31 de dezembro de 2021 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Nessa época do ano, sempre aumenta o fervor religioso nos países ocidentais, embora a existência de Deus continue a ser um enigma indecifrável. Desde a Antiguidade, quando se criou a escrita há 6 mil anos, os filósofos estudam temas religiosos, como a espiritualidade e a possibilidade de vida após a morte. No entanto, não há certeza de nada.
As dúvidas persistem e talvez nem possam ser resolvidas no plano terráqueo. Como bem pontuou aqui na Tribuna o sempre lembrado comentarista Francisco Bendl ao discorrer sobre o assunto, ”quem morrer verá”.
DISTANCIAMENTO – A maioria das religiões ocidentais, como vejo hoje, vem se distanciando do estudo da espiritualidade, por conta das suas lideranças se afastarem dos ensinamentos bíblicos e dedicarem sua atuação a bens materiais, com templos cada vez mais suntuosos, em meio a uma exploração acintosa da crença dos fiéis, como ocorre nas seitas evangélicas pentecostais, que se diferenciam negativamente das tradicionais correntes cristãs do protestantismo e do próprio catolicismo.
Não espanta que muitos fieis comecem a deixar de frequentar os templos, quando percebem seus “guias espirituais” adentrarem no jogo da política e do enriquecimento ilícito.
Assim, foram oportunos os artigos recentemente publicados pela Tribuna da Internet sobre temas religiosos, especialmente a menção ao grego Sócrates, considerado o maior filósofo da História, que deixou importante legado para a humanidade, quatro séculos antes de Cristo.
SÓCRATES, ATUALÍSSIMO – O mais impressionante é destacar que nenhum dos grandes líderes religiosos deixou registrados seus pensamentos. Todos eles transmitiam seus conhecimentos oralmente.
No caso de Sócrates, que deixou ensinamentos atualíssimos, muito bem descritos nos artigos do editor da TI, foram seus discípulos Platão e Xenofonte que se encarregaram de divulgar as ideias socráticas. Aristóteles, outra sumidade da Filosofia, discípulo de Platão, completou essa sucessão do impressionante saber dos gregos.
Com importância crucial no estudo da Filosofia, cito também Zenão de Eleia e Heráclito de Efeso. E no tocante à Filosofia essencialmente cristã, dois sábios são referência: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
REIS E FILÓSOFOS – Platão já ensinava que “uma nação só prosperará realmente no dia em que os filósofos forem reis e os reis passarem a ser filósofos”.
Somente os estudos filosóficos, pela sua universalidade, podem ilustrar o mandatário de um país, garantindo-lhe conhecimento amplo sobre o que importa para a sociedade sob seu comando, prescindindo das influências negativas de seus auxiliares. O filósofo por excelência saberia de quase tudo de antemão.
Vejam bem o que acontece ao redor do mundo hoje, com a maioria dos habitantes enfrentando dificuldades de sobrevivência, por culpa exclusiva de governantes completamente despreparados.
IGNORANTES NO PODER – No caso do Brasil, já tivemos um presidente que se gabava de não ter lido um único livro durante toda a existência. Aliás, o governante atual também se mostra completamente despreparado para funções administrativas de tal magnitude. Há dúvidas se realmente leu algum livro.
Como pode um governante ter sucesso, se não acumula conhecimentos? Como respeitar um rei, um presidente ou um primeiro-ministro que não sabe quem foi Sócrates, Platão ou Aristóteles, que nunca leu Kant, Spinoza e Hegel? Seria demais da conta especular sobre conhecimentos acerca de Homero, Virgílio e Dante?
Uma existência sem o conhecimento da Filosofia e das Artes, a meu ver, é pura perda de tempo.