O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, esta quarta-feira, que o consórcio Gazprom abasteceu os dois ramais do controverso gasoduto Nord Stream 2, que está agora pronto para fornecer gás à Europa pelo fundo do mar Báltico.
"O Nord Stream 2 está pronto para funcionar", disse Putin durante uma reunião virtual.
Depois de felicitar a Gazprom e os seus parceiros por abastecerem esta quarta-feira o segundo ramal, Putin explicou que agora "tudo depende" dos consumidores europeus e do regulador alemão, que travou o processo de certificação até que Moscovo cumpra todos os trâmites. "Assim que eles tomem a decisão sobre o início das operações, grandes volumes começarão a ser bombeados para a Europa, volumes adicionais de gás russo. Recordo que se trata de 55.000 milhões de metros cúbicos por ano", indicou.
O chefe de Estado russo sublinhou que, dada a difícil situação no continente, a Rússia tem a capacidade de "aumentar as exportações de gás", além de que o conteúdo dos dois ramais do Nord Stream 2 "contribuirá para solucionar o problema da estabilização de preços no mercado europeu".
Segundo Putin, a autorização do Nord Stream 2 repercutir-se-á "imediatamente" nos preços do gás russo para os países consumidores europeus, incluindo empresas e habitações. "E até na Ucrânia vai influenciar na queda das tarifas, já que esse volume significativo de gás de origem russa está a ser comprado a um preço bastante elevado no mercado europeu, mil dólares e mais por cada mil metros cúbicos", acrescentou.
Por seu lado, o presidente do conselho de administração da Gazprom, Alexei Miller, explicou que os depósitos subterrâneos europeus estão a 56%, ao passo que os alemães estão a 53%, o que influencia os preços dos hidrocarbonetos. Destacou também que a Gazprom cumpriu as suas obrigações constantes do contrato de trânsito de gás pela Ucrânia, ao ultrapassar os 40 mil milhões de metros cúbicos este ano (41,5 mil milhões).
Para receber a certificação, a empresa operadora do Nord Stream 2 deve criar uma subsidiária para gerir a secção alemã do gasoduto. Isso permitir-lhe-á cumprir tanto o direito alemão como o comunitário e funcionar como operador independente, o que poderá ser adiado até ao segundo semestre de 2022.
O gasoduto transporta diretamente gás russo para a Europa ocidental através da Alemanha, sem passar pela Ucrânia, e esteve rodeado de uma grande polémica, com a oposição inicial dos Estados Unidos que, em julho, deram 'luz verde' ao projeto, em troca de uma garantia do abastecimento energético da Ucrânia.
O Nord Stream 2, cujas obras terminaram em setembro, atravessa as zonas económicas e águas territoriais de cinco países: Rússia, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Alemanha.
Além dos 55 mil milhões de metros cúbicos do Nord Stream, o gasoduto permitirá à Rússia elevar até 110.000 milhões de metros cúbicos o fornecimento anual de gás à Europa. Em resposta aos receios da Ucrânia de que a Gazprom deixe de transportar gás pelo seu território quando expirar o contrato, em 2024, o vice-primeiro-ministro russo, Alexandr Novak, assegurou, esta quarta-feira, que Moscovo poderá continuar a fazê-lo se as condições económicas e o estado técnico das tubagens ucranianas forem favoráveis.
Jornal de Notícias (PT)