"Tem que saber que eu tô em live, tá certo?!", disse o presidente enquanto falava algo sobre o MST para os espectadores. O chanceler brasileiro Carlos França foi avisado que precisaria esperar
O presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma bronca no ministro da Educação, Milton Ribeiro, e no chanceler brasileiro, Carlos França, durante a live desta quinta-feira (30/12). França tentava se comunicar com o mandatário do Brasil para dizer que o governo da Argentina não negociaria auxílio humanitário diretamente com o estado da Bahia, apenas com o governo federal.
Mas Bolsonaro, que já está sendo criticado pelas férias em Santa Catarina no momento de calamidade no estado nordestino, não quis escutar o chanceler e disparou: “Desliga aí, desliga aí. Ó, quem tá ligando para o meu celular, faça o favor de não ligar, eu peço para não ligar. Tem o nome do cara para divulgar aqui, não?! Quem é, sabe quem é?!”, ao que um assessor responde “É o chanceler”.
Em seguida, o presidente continua a repreender o membro do corpo diplomático brasileiro. “Está ligando 19h para mim quinta-feira, pô, tem que saber que eu estou em live”, disse. O político seguiu a transmissão ao vivo para apoiadores comentando sobre os posicionamentos do Movimento Sem Terra (MST) durante os últimos anos, quando França tentou novo contato telefônico.
“Alguém liga para o França aí, por favor, para não ligar para mim”, emendou. Pouco mais de três minutos depois, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, também tentou se comunicar com o presidente. Ele falava sobre o jogo ao qual foi convidado pelos cantores Bruno e Marrone e também não atendeu à ligação.
Mais de dez minutos após a primeira tentativa, a mensagem do chanceler Carlos França chegou ao presidente Jair Bolsonaro por um assessor dele. “O ministro França estava ligando para mim, até pedir desculpa aqui para o ministro França, ele acabou de falar com o chanceler Santiago Cafiero e ele garantiu que qualquer ajuda da Argentina será prestada pelo governo Federal”, explicou.
Críticas por resposta ao desastre
A informação de que a Bahia poderia receber diretamente a ajuda humanitária da Argentina veio depois que o presidente do Brasil recusou a oferta de auxílio feita pelos vizinhos. Segundo Bolsonaro, seriam dez pessoas para fazer o que os “cabeças brancas” brasileiros já estão fazendo na região afetada pelas chuvas.
Entretanto, o governador do estado, Rui Costa, tem outra opinião. Ainda nesta quinta-feira (30/12), ele disse que aceitará “diretamente qualquer ajuda neste momento”. A bancada do estado no Congresso Nacional vem fazendo coro com o governador para dizer que os recursos enviados pela União são insuficientes. Bolsonaro também é criticado por tirar férias enquanto milhares de pessoas estão desabrigadas pela tragédia ambiental no Brasil. O presidente está em Santa Catarina e, inclusive, fez uma visita a um parque temático nesta quinta.
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