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quarta-feira, setembro 23, 2020

PF deflagra 75ª fase da Lava Jato e cumpre mandados em investigação de compra de navios da Petrobras


A atual fase investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro

Adriana Justi e José Vianna
G1

A Polícia Federal (PF) cumpre 25 mandados de busca e apreensão referentes a 75ª fase da Operação Lava Jato, na manhã desta quarta-feira, dia 23, no Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Não há ordens de prisão expedidas. A atual fase investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos firmados por empresas do Grupo Seadrill com a Petrobras para o fornecimento de três navios lançadores de linha.

Para a construção e o posterior uso em regime de afretamento por oito anos, os contratos totalizaram US$ 2,7 bilhões, segundo o Ministério Público Federal (MPF).Esses navios são chamados de PLSVs e são criados para atuar em alto-mar, em águas com profundidade de até 3 mil metros.

PROPINAS – Conforme as investigações, em relação a esses contratos, que foram celebrados pela Diretoria de exploração e produção da Petrobras, há indícios de que a empresa de navegação marítima Sapura contratou intermediários e operadores financeiros que, mediante o pagamento de 1,5% do valor em propinas, eram responsáveis por viabilizar a inclusão da empresa em certame da Petrobras e obter informações privilegiadas de dentro da estatal .

Após receberem seus pagamentos em contas bancárias mantidas em nome de offshores, os operadores financeiros transferiram parte dos valores a dois altos executivos da Sapura, um então vinculado à Sapura no Brasil e outro à Sapura Energy, sediada na Malásia, ainda conforme o MPF. Os procuradores afirmam que os valores repassados aos operadores circularam por diversas contas mantidas em nome de offshores em, pelo menos, seis países diferentes.

CONTAS EM SEIS PAÍSES – Além disso, também foram identificadas suspeitas de que a atuação ilícita dos investigados tenha abrangido outros contratos da Petrobras, também em favor dos interesses do Grupo Seadrill, segundo o MPF. Segundo apurado, os valores repassados aos operadores financeiros circularam por diversas contas mantidas em nome de offshores, tendo sido identificadas contas controladas pelos investigados em, pelo menos, seis países diferentes.

Os fatos vieram à tona, ainda conforme a PF, após depoimentos de colaboração premiada de lobistas que atuavam junto a funcionários da Petrobras e agentes políticos com influência na estatal. A operação foi batizada de Boeman.

Paralelamente às investigações, através de uma ajuda jurídica internacional, a Polícia Federal obteve informações de que autoridades holandesas também conduziam investigações de fatos envolvendo os atos ilícitos para o fornecimento dos navios lançadores de linha.

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