por Fernando Duarte
Urnas são imprevisíveis. Todo político experiente sabe que o resultado das eleições é algo tão complexo que dificilmente alguém prevê com uma certeza absoluta sobre o que sairá da apuração. Na Bahia então, com a histórica virada de Jaques Wagner (PT) contra Paulo Souto (DEM), após as pesquisas sinalizarem uma vitória do então ex-governador, qualquer projeção passa também por um exercício de futurologia, ainda que algumas tendências possam ser percebidas. Porém duas características de certas candidaturas ultrapassam qualquer limite do “sobrenatural”: os candidatos teflon e aqueles que são “massa de pão”.
E tem alguns candidatos que conseguem ter ambas as “qualidades”. As listas de contas rejeitadas dos tribunais de contas são exemplos disso. A cada dois anos o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) recepciona essa listagem, mas guarda com carinho na gaveta. A imensa maioria dos candidatos eleitos consegue empurrar com a barriga eventuais irregularidades e, em determinadas situações, termina o mandato sem que seja responsabilizado por elas. Mesmo constando nessa lista de “fichas-sujas”, esses candidatos são como panelas com teflon. Nada, absolutamente nada, parece “grudar” na infame reputação.
Cuma? Basta olhar a grande quantidade de políticos que se perpetuam no poder - ou que retornam - ainda que as respectivas administrações tenham sido péssimas e que eles acabem enrolados com a Justiça. Parece que o povo gosta de sofrer. Aí, entre um conhecido ruim e uma interrogação, por que optar pelo desconhecido? Eu poderia listar alguns exemplos, mas posso ser acusado de providenciar um linchamento público dessas personas. Quem sou eu para julgar, se a voz do povo é a voz de Deus?
Esses candidatos teflon, quando alinhados ao padrão “massa de pão”, mostram que não faz sentido tecer críticas, ainda que elas tenham amparo na realidade. Se pegarmos exemplos nacionais, são pelo menos dois grandes nomes que, quanto mais apanhavam, mais tinham avaliação positiva em crescimento pela população. Não vou entrar no mérito de citá-los para não entrar no ringue que se tornou o espaço “público” de debate - também conhecido como “terra sem lei da Internet”.
Como vidência e bola de cristal não fazem parte do repertório de um jornalista que se preze, o jeito é esperar o desenrolar da campanha eleitoral que está apenas no começo. Até aqui, existem caminhos bem estruturados sobre o que deve acontecer em Salvador e em algumas cidades do interior da Bahia. Não apostaria muitas fichas por não gostar de apostas. Porém não me surpreenderia se houver surpresas como no passado.
Este texto integra o comentário desta quarta-feira (30) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.