Tiago Aguiar
Estadão
Uma postagem viral no Facebook usa uma foto de 2014 para acusar “ONGs e militantes de esquerda” de serem os responsáveis pelos incêndios no Pantanal. Na realidade, a fotografia que mostra um indígena com um galho em chamas foi publicada originalmente na revista “Ciência Hoje”, em uma reportagem sobre o uso de fogo controlado no cerrado.
Além disso, ao contrário do que alega a peça de desinformação, não há denúncias sobre queimadas criminosas iniciadas por ativistas no Mato Grosso, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
REVISTA CIÊNCIA HOJE – O primeiro registro da foto encontrado por mecanismos de busca reversa de imagem é de junho de 2014, na revista “Ciência Hoje, que não está mais em circulação.
Apesar de não haver informação sobre a autoria da fotografia, é possível saber que a imagem ilustra uma reportagem sobre queimas controladas utilizadas pelos índios xavantes de Mato Grosso. Na técnica, indígenas ateiam um círculo de fogo para tratar a terra de plantio.
A postagem ainda cita uma lei que classifica como crime a prática de incêndios “com o fim de atentar contra a segurança do Estado”. Ao contrário do que o texto menciona, a pena é de 3 a 8 anos de reclusão, e não de 15 a 30 anos.
INSTITUTO CHICO MENDES – Em meio à repercussão sobre os incêndios que consomem o Pantanal, o Estadão Verifica checou vários conteúdos enganosos sobre as queimadas. Por exemplo, um vídeo que mostrava uma queima controlada com o objetivo de combater o fogo foi tirado de contexto para responsabilizar o Instituto Chico Mendes (ICMBio) pelo desastre ecológico. Fotos de animais feridos e outras imagens antigas também foram compartilhadas fora de seu contexto original.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social.
APOIO DO FACEBOOK – Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É muito importante esse trabalho da grande mídia na identificação de fake news, que abundam na internet brasileira. Porém, enquanto não houver severa punição , esses criminosos continuarão agindo e influenciando os eleitores. (C.N.)