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quarta-feira, setembro 30, 2020

Arquivamento da investigação sobre a ligação da família Bolsonaro com as fake news não adiantou nada

 

TSE presta homenagem ao vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros — Tribunal Superior Eleitoral

Procurador diz que os assessores da família agiram sozinhos…

Carlos Newton

Parece Piada do Ano, mas a coisa é séria. Reportagem de Márcio Falcão e Fernanda Vivas, no G1, mostra que a Procuradoria-Geral da República mandou arquivar uma apuração preliminar da maior importância e gravidade, que relaciona ao esquema de criação de fake news em redes sociais o presidente Jair Bolsonaro e dois de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Em obediência ao rito processual nesse tipo de representação ao Supremo, uma notícia-crime, feita pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), o relator Alexandre de Moraes pediu que a Procuradoria se manifestasse sobre a investigação preliminar, que chegara a espantosas conclusões.

ACUSAÇÕES MUITO FORTES – Ao representar ao Supremo, a parlamentar afirmou haver fortes indícios de inúmeras ações delitivas supostamente cometidas pela família Bolsonaro e aliados, utilizando-se da rede mundial de computadores para a prática de crimes como calúnia, difamação e injúria, assim como ameaças contra o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, além de agressões ao Poder Legislativo da União e aos presidentes da Câmara [Rodrigo Maia] e do Senado [Davi Alcolumbre]”.

Ao cobrar providências, a parlamentar pediu também que a notícia-crime fosse incluída no inquérito das fake news, que desde o ano passado investiga a disseminação de notícias falsas e ataques a ministros do Supremo.

AUTORES ESTÃO IDENTIFICADOS – Apesar de os responsáveis pelas fake news terem tentando ocultar suas verdadeiras identidades, as investigações levadas a efeito pelo Facebook (que inclui o Instragan) encontraram não somente ligações de pessoas associadas ao PSL, mas também a participação direta de funcionários dos gabinetes de Eduardo Bolsonaro na Câmara e de seu irmão Flávio no Senado, além de assessores funcionais de Anderson Moraes e Alana Passos, ambos deputados estaduais pelo PSL no Rio de Janeiro.

O mais importante e estarrecedor foi que a investigação Identificou também no Facebook a atuação direta do perfil “Bolsonaro News”, registrado no nome de Tercio Arnaud Tomaz, especialista em informática e considerado o líder do “Gabinete do Ódio”.

Ex-assessor de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, Tomaz trabalhou na campanha de Bolsonaro e se tornou assessor especial da Presidência da República, com gabinete no Planalto, salário de R$ 14 mil por mês e apartamento funcional.

PROCURADOR NÃO VIU NADA – Apesar dessas ligações diretas da família Bolsonaro com a criação de fake news, o vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros, em parecer ao Supremo, afirmou não haver elementos que justifiquem o prosseguimento da investigação contra Bolsonaro e seus filhos por estes fatos.

Com essa decisão, a notícia-crime da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) foi arquivada. Mas a família Bolsonaro ainda não escapou ilesa, porque o relator Alexandre de Moraes conhece em profundidade essa investigação, pois o Facebook e o Instagram já removeram 73 contas, 14 páginas e um grupo, todos ligados ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro.

Empresa responsável pelas duas redes sociais, o Facebook, afirmou ter identificado perfis falsos e com “comportamento inautêntico” — quando um grupo de páginas e pessoas atuam em conjunto para enganar outros usuários sobre quem são e o que estão fazendo. Mas o vice-procurador-geral não viu nada, não soube de nada…

DECISÃO TAMBÉM É FAKE – Embora muito bem-intencionada, digamos assim, a decisão do vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros também foi fake, porque a principal pretensão da deputada acreana acabou atendida, porque no dia 9 de julho o material produzido pelo Facebook, que incrimina a família Bolsonaro, realmente foi juntado ao inquérito que apura ataques ao STF e a disseminação de notícias falsas.

Em tradução simultânea, a Procuradoria-Geral da República pretende que se acredite que as fakes news foram criadas espontaneamente pelos assessores do presidente e de seus três filhos, mas sem o conhecimento deles. Como dizia o saudoso jornalista Carlos Chagas, é mais uma estória da série “Me engana que eu gosto”.

É claro que o relator Alexandre de Moraes não vai cair nessa esparrela. Assim, o destino político da família Bolsonaro continua nas mãos dele.

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P.S.
 – O vice-procurador-geral deveria ter pensado três vezes antes de assinar esse parecer teratológico, como se diz no linguajar jurídico. Deveria ter mais cuidado com a biografia. Mas quem se interessa? (C.N.)

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