Por Odilia Martins
Nos três primeiros meses de 2008, o número de casos de dengue na Bahia dobrou em relação ao ano passado. Até final de março, segundo dados da Sesab, foram registrados 8.343 casos no Estado, contra 3.263 notificações no mesmo período, em 2007. Na corrida contra a epidemia que se manifesta através de um surto na região Norte da Bahia, secretarias estadual e municipal montam um exército na luta a favor da vida. A veiculação de uma campanha de combate à dengue em rádio e TV, a ampliação do trabalho onde existe foco do mosquito, a participação de 170 homens do Corpo de Bombeiro, a recuperação de 74 veículos, além da compra de materiais utilizados pelos agentes como pulverizador costal e inseticida são as medidas adotadas para conter a infestação do mosquito aedes aegypti. Um balanço dos três primeiros meses desse ano apontou um aumento de 71,67% dos casos de dengue na Bahia e uma queda de 64,2% na capital em comparação ao trimestre de 2007, cálculo feito baseado nos dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) em coletiva à imprensa ontem. De acordo com o órgão foram registrados de janeiro a março de 2007, exatamente 4.860 casos enquanto agora no mesmo período 8.343 casos identificados. Grande parte dos 71,67% estão no Norte da Bahia, segundo o gestor da pasta Jorge Solla. “Concentram o maior número de casos e na Bahia Irecê, Presidente Dultra, João Dourado, Ibipeba, Cafarnaum, Mulungu do Morro, Uibai, Barro Alto e Ibititá. Considero as localidades em surto no curso de uma epidemia”. Entretanto vale ressaltar a atenção de outros municípios onde não houve aumento de casos devido a ocorrência de pessoas com dengue hemorrágica como: Sebastião Laranjeiras (1), Barreiras(1), Juazeiro (2), Guanambi (1), Irecê (1) e Itagibá (2). Somando os citados contabilizam oito, mais quatro casos graves da doença em Salvador apesar da baixa em relação a estatística do ano passado e uma morte em Lauro de Freitas, dá um total de 13 registros de formas graves. Solla fala que a situação está sob controle apesar de ‘armar’ (no sentido figurado da palavra) um exército na guerra em que o mosquito insiste em travar no Brasil. “A dengue é um problema nacional e permanente. É uma doença que já se manifestou em várias capitais brasileiras e reincide a exemplo da atual epidemia assola o Rio de Janeiro”. Das 67 mortes por dengue até ontem no Brasil, sendo 44 somente no Rio de Janeiro motivo ao qual solicitou a todos os Estados para enviar pediatras para atender crianças. “Na próxima quinta-feira, secretários da Saúde de todo o Brasil se reúnem com o ministro José Temporão, no Rio para fazer um balanço das ações. Quanto a possibilidade de enviar médicos para colaborar no atendimento às crianças estamos mobilizando representantes da área para contactar médicos residentes na especialidade que estejam disponíveis, sem desfalcar a Bahia. Não dá para quantificar um número, mas não deve ser muito, uma vez que há um déficit em virtude do pouco número de pós graduados na área”, explicou Solla.
Agentes voltam ao trabalho
Para tranqüilidade da população soteropolitana, os agentes de combate a doenças endêmicas, entre as quais a dengue, voltaram ontem a trabalhar após o pagamento do salário de fevereiro. Além do retomada do efetivo existente, atuam desde o ano passado 230 homens da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e em breve mais 170 homens do Corpo de Bombeiro devem incorporar a batalha. “Os bombeiros passaram por um treinamento mas, estimo que até o final da outra semana entre em campo. Aliado a isso, devem entrar 1.909 agentes em no máximo em 60 dias, já que o concurso está na segunda fase de seleção”, acrescentou o secretário Jorge Solla. A superintendente da Vigilância e Proteção da Saúde da Sesab, Lorene Pinto também presente na coletiva sobre a papel fundamental da sociedade e da mídia. “A dengue é uma doença tipicamente urbana, o que significa dizer que incide onde há um contingente populacional maior. Ou seja, os bairros mais populosos. Por isso precisamos da colaboração de todos quanto aos cuidados necessários. Não só com vasos de planta que armazenam água, tanques descobertos e tonéis assim como guardar materiais inservíveis e lixo dentro de casa”. O maior período de risco é após o verão, segundo Lorene. “Por isso é indispensável a continuidade do trabalho nos demais meses correntes do ano, para minimizar a infestação no período em que o mosquito mais age. É isso que faz a diferença, desde que com o apoio da comunidade, de todos. O combate não depende só do agente que visita as casas, se fosse assim seria necessário que o agente estivesse todo dia em cada residência”. O alerta é essencial para todos os habitantes de Salvador, que apesar ter havido uma baixa em relação a estatística do ano passado registrou em alguns bairros uma infestação do mosquito alta para o percentual de –1%, estipulado como permitido pelo Ministério da Saúde. “Os percentuais variam na cidade de –1% a pouco mais de 10%. Tem o maior percentual 10,8% Lobato e São João do Cabrito, 10,3% Plataforma, seguidos de 9,6% os bairros de Alto do Cabrito, Boa Vista do Lobato e Bela Vista do Lobato”, citou a coordenadora municipal do programa da dengue, Eliaci Couto. Lorene Pinto ainda desmitificou o uso do fumacê como a eliminação do foco do mosquito da dengue. “As pessoas têm uma idéia de que o carro que pulveriza inseticida seja a solução quando na verdade, o combate consiste na conduta individual de todos os residentes da cidade. Atuação do inseticida é superficial, tendo em vista a resistência do mosquito e a atitude de alguns em fechar a janela. O principal é a vigilância de todos para vasilhas sem tampas e outros utensílios capazes de armazenar água da chuva, vindo a servir de foco da doença”. A união das secretarias estadual e municipal reconhece a obrigação do poder público, mas reiterou a participação popular. “ A responsabilidade é das autoridades, mas o sucesso das tarefas exercidas por nós envolve outros fatores como a comunicação dos veículos e os cuidados que devem ser adotados pela população”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Carlos Trindade.
Praça Nossa Senhora da Luz é adotada
A Praça Nossa Senhora da Luz, na Pituba, receberá manutenção das empresas OAS Empreendimentos e Gafisa S/A, dentro do Programa Nossa Praça, desenvolvido pela Superintendência de Parques e Jardins (SPJ). O equipamento público foi entregue à população no domingo com uma animada programação de atividades lúdicas para adultos e crianças das 15 às 17 horas. A recuperação faz parte do Programa Nossa Praça que envolve ainda a adoção de outros equipamentos. O espaço havia sido recuperado no ano passado pela Prefeitura e teve que ser requalificado por causa do vandalismo e do roubo de peças da fonte cibernética totalizando um prejuízo de R$ 300 mil. A medida propiciou ainda a recuperação do piso, a recomposição vegetal dos canteiros e da grama sintética do parque infantil, pintura do gradil e restauração da vigilância. O sistema de iluminação foi recuperado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp). O programa contempla ainda outros espaços de lazer da cidade, como as praças Nelson Mandela, na Liberdade, pela Construtora Sertenge; Leopoldo Miguez, no Stiep, pela Construtora Segura, a da Rua Ceará, na Pituba, pela Construtora Serrana e Praça da Inglaterra, no Comércio, pela Faculdade da Cidade. O ano de 2007 fechou com a adesão de 30 parceiros que já assinaram termos de compromisso. Algumas intervenções ainda estão em processo de planejamento e adaptação do projeto.
Fonte: Tribuna da Bahia
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