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sexta-feira, abril 01, 2022

A Rússia ainda não fez as contas com seu tenebroso passado soviético

 




Ao contrário da Alemanha, a Rússia nunca foi confrontada com o seu passado como União Soviética. Josef Stalin continua a ser um herói nacional. O grande equívoco do século XX continua à solta. 

Por Luís Gouveia Fernandes 

Podemos ler tudo sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Para nos protegermos contra a informação que não tem fim, vinda de todos os lados e usando todos os meios, precisamos de escolher os diversos ângulos de análise: história, política, relações internacionais, militar, humanitária.

Uma amiga enviou-me há dias um texto de um psicanalista ucraniano, Roman Kechur, sobre a personalidade de Vladimir Putin, chamando a atenção para o erro que é tentarmos colocar-nos no seu lugar, para prever o que ele pode fazer. Um erro vulgar de análise e também um erro militar.

Mas o que me prendeu nesse artigo foi uma fugaz referência histórica ao fim da Segunda Guerra Mundial e às suas consequências. Diz que a Alemanha foi reformada através do Plano Marshall e de uma desnazificação, que “(…) o mal foi claramente definido como mal. Foi identificado, chamado pelo seu nome e punido (…)”, mas que, após a desintegração da União Soviética em 1991, a Rússia não foi confrontada com nenhuma acusação, nem com o julgamento dos 72 anos de expansão internacional do comunismo e de violência sobre o próprio povo. Josef Stalin continua a ser um herói nacional.

Ou seja, a União Soviética caiu, desfez-se, perdeu a Guerra Fria e a comunidade internacional pouco ou nada fez para que a Rússia pudesse considerar fazer a sua própria reforma, a partir dos erros do passado. Não definindo o mal, nem o chamando pelo seu nome significa, afinal, que, apesar do colapso, o grande equívoco do século XX continua à solta.

Não existiu nenhuma orientação no sentido do reconhecimento, pela nova Rússia, das atrocidades cometidas sobre os seus e sobre os destinos que tentou impor ao resto do mundo, principalmente aos estados mais fracos e aos que não se podiam defender. Se essa culpa não foi assumida e enquanto não for, nada obsta a que continue a vingar publicamente na Rússia, como continua, o culto da antiga União Soviética, a continuação da violência, o desprezo total pela vida humana, pelo primado da lei e pelo respeito dos direitos fundamentais que fazem parte da nossa consciência colectiva. Sem esse reconhecimento e expiação, nada obsta a que tudo continue na mesma. Não se exige aqui o zelo com que os alemães o fizeram em relação ao nazismo, mas algo terá de ser reconhecido pelos russos, formalmente e com reflexo na história do país, para que possam seguir em frente, sem complexos de grandeza e sem medo da sua própria existência.

Para além disso, surgiram as vozes do costume, deslocalizando culpas para o outro lado, justificando Putin com a falta de senso da NATO e da sua expansão, da negligência dos Estados Unidos e outras bizarrias. Para além dos militares reformados que têm defendido estas teses nos nossos media, temos também a opinião de Henry Kissinger sobre a ocupação da Crimeia pela Rússia em 2014: a Ucrânia só tem 20 e tal anos de independência da União Soviética; não pode decidir livremente a sua estratégia; deve fazer como a Finlândia; os Estados Unidos e a Europa deviam ter deixado a Rússia confortável com as suas fronteiras, etc., etc.

Kissinger foi sempre muito claro nas suas opiniões e decisões enquanto exerceu cargos nas presidências de Richard Nixon e Gerald Ford. E assim continuou, quando se transformou num consultor político internacional a partir de 1977. Mas sempre faltou um elemento nas suas equações: as pessoas, a consideração pelas pessoas que vivem nos países alvo das suas opiniões sobre estratégia. Como se o mundo se resumisse a um mapa, ou melhor, a um globo em cima de uma secretária.

Aqui neste país tivemos, pelo menos, dois tristes exemplos do factor Kissinger. Primeiro, quando ignorou em 1975 a tentativa de tomada do poder pelo Partido Comunista Português, considerando que Portugal não era estrategicamente relevante. O que nos poderia ter transformado num satélite da União Soviética até ao seu fim, durante mais de 25 anos. Segundo, quando aceitou tacitamente a ocupação de Timor pela Indonésia. Neste caso, com alguns requintes de cinismo, mandando dizer a Suharto que podia avançar sobre Timor, mas apenas depois de o Air Force One que transportava o presidente Gerald Ford de volta a Washington tivesse saído do espaço aéreo da Indonésia.

Noutro sector, no campo das artes, tivemos uma longa e exaustiva abordagem de temas sobre a Segunda Guerra Mundial, antes e depois, retratando o regime nazi, a guerra, os campos de concentração, o Holocausto, tanto no cinema, Hollywood e Europa, como na literatura de ficção, com escritores de quase todas as nacionalidades, incluindo alemães e austríacos. Esta intensa actividade artística à volta dos temas da guerra, nazismo, fascismo, racismo, foi fundamental para levar o conhecimento às pessoas e para formar gerações. E eficaz também, com a ajuda do cinema, desde “Casablanca” até à “Lista de Schindler” e ao “Pianista”.

Pelo contrário, o período soviético não deu origem a quase nenhumas obras de ficção sobre, por exemplo, a ditadura do partido, os Gulags, as purgas, a fome, as prisões, a tortura, o atraso económico, enfim, a vida das pessoas comuns na União Soviética e o naufrágio da experiência do comunismo, na Europa e no resto do mundo. E é estranho que isso tenha acontecido, mesmo depois da queda do Muro, porque a inspiração que daí emana parece ser inesgotável.

As excepções recentes são poucas. Relembro “House of Meetings”, de Martin Amis, e “A Vida dos Outros”, do realizador alemão Florian Henckel von Donnersmarck. Mesmo não sendo ficção, há também um escritor/jornalista inglês de origem russa, Peter Pomerantsev, que deve ser realçado pelo realismo e conhecimento directo. “Nothing is true and everything is possible”, um dos seus primeiros livros, faz uma descrição brutal, mas ao mesmo tempo construtiva da época actual que se vive na Rússia. Em sentido contrário, no lado oposto à realidade, podemos citar o filme “Reds”, dirigido e interpretado por Warren Beatty, com direito a Oscar em 1982, que tenta transmitir uma visão romântica da revolução de 1917. Talvez seja preciso uma nova “Novela de Xadrez” e um novo Stefan Zweig.

Parece, de facto, que há um afastamento silencioso, uma condescendência dos autores ocidentais de ficção sobre o que se passou em grande parte do século XX, sobre um dos períodos da história em que um regime, uma ideologia, tão mal fez a tanta gente, durante tanto tempo. Nota-se uma certa cerimónia para não mexer numa realidade que esteve oculta e que agora, mesmo depois de todas as revelações, continua a assombrar-nos com estas perguntas: “como foi possível?”; “tanta violência, em nome de quê?”.

Talvez a brutal invasão da Ucrânia pela Rússia venha alterar este estado de oblivião, infelizmente com custos humanos incomensuráveis. Para memória futura.

Para ouvir ao mesmo tempo recomenda-se: “God Only Knows”, Beach Boys

Observador (PT)

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Bahia registrou maior apreensão em bebidas alcoólicas 'genéricas' desde 2017

por Mauricio Leiro

Bahia registrou maior apreensão em bebidas alcoólicas 'genéricas' desde 2017
Foto: Divulgação

O estado da Bahia registrou a maior apreensão de bebidas alcoólicas "genéricas", desde 2017, no ano de 2021. As ações foram promovidas pela Receita Federal em resposta a recursos do Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas, a Controladoria-Geral da União (CGU).

 

Segundo os dados obtidos através da Lei de Acesso à informação, a maior apreensão do período foi em agosto de 2021, quando uma carga de R$ 310.148,00 foi apreendida, contendo 5.307 unidades de bebidas alcoólicas, não divulgadas pela Receita. Em 2020, outra ação se destacou, com a apreensão de 51.560,02 litros de bebidas, em abril, gerando R$ 328.169,64 em prejuízos aos falsificadores.

 

A escalada nas apreensões foram: 2017 com R$ 146.777,03; 2018 registrou R$ 250.434,12; 2019 com R$ 396.654,92; 2020 com R$ 369.048,18 e o ano de 2021 com o ápice de R$ 449.647,82.

Bahia Notícias

Sindicato é condenado a indenizar trabalhadora por esquecer de incluir nome em ação

por Cláudia Cardozo

Sindicato é condenado a indenizar trabalhadora por esquecer de incluir nome em ação
Foto: Blog do Anderson

A 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) condenou o Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, a indenizar uma trabalhadora sindicalizada por esquecer de incluir o nome dela na lista de uma ação trabalhista coletiva. Em 1º Grau, a ação foi julgada improcedente. Após um recurso, a decisão foi reformada para condenar o sindicato a pagar indenização de R$ 15 mil.

 

Na ação, a trabalhadora afirmou que deixou de receber R$ 6,9 mil por omissão do sindicato por não incluí-la na ação trabalhista. Em audiência de conciliação, as partes não firmaram acordo. Em sua defesa, o sindicato alegou que, quando apresentou sua petição inicial, visou a representação de toda a categoria, seja bancário associado ou não, tendo em vista o teor do artigo 8º da Constituição Federal, que lhe confere amplos poderes de representação. Disse ainda que, ao fim da ação, prevaleceu a ordem de limitação do número de substituídos expostos à demanda coletiva. Ainda acrescentou que não existe responsabilidade civil  por danos à autora e que a existência de ações coletivas não impede ações individuais na Justiça do Trabalho.

 

No recurso, a relatora do caso, juíza substituta de 2º Grau, Cassinelza da Costa Santos Lopes, observa que a trabalhadora só tomou conhecimento da referida ação em meados de 2018, pela sua amiga de trabalho do mesmo ano. Com isso, foi até o sindicato e lá recebeu a informação de que teria direito aos pagamentos da ação trabalhista proporcional ao seu tempo de sindicalizada. A ação trabalhista foi movida para garantir o pagamento de gratificações semestrais aos bancários. Posteriormente, a trabalhadora ficou surpresa com o esquecimento da entidade sindical de indicar seu nome na execução trabalhista. 

 

Segundo o sindicato, foi a própria Justiça do Trabalho que excluiu os funcionários que não constavam na lista apresentada pela entidade sindical, feita de forma ilustrativa. Para a relatora, o argumento não ajuda o réu, “já que o nome na lista poderia ter assegurado o direito à apelante”. “Na verdade, tal situação reforça a tese autoral de que se seu nome estivesse no documento, poderia ter sido beneficiada. E a própria afirmação do apelado de que, quando ajuizou a ação, o fez representando toda a categoria, também fragiliza o próprio fundamento da sentença, pois demonstra a obrigatoriedade da defesa dos interesses da funcionária da categoria e sindicalizada”, reflete a magistrada.

 

A relatora pontua que, com a omissão do sindicato, a trabalhadora perdeu direitos a ela assegurados, mesmo reunindo todos os requisitos legais para tal. “Assim, entendo que cabe reparação civil no caso, sendo devida, entretanto, apenas a indenização por danos morais, e indevidos os danos materiais”, escreve a juíza no acórdão. Na condição de desembargadora, a magistrada afirma que a indenização é devida “ante ao sofrimento, angústia e frustração” em não participar da demanda da qual preenchia os requisitos para constar, “e poderia ter ganho seu benefício econômico”. “Aqui não se há de falar em mero aborrecimento, mas de perda de uma chance de ganhar um proveito econômico, bem como de não ter tido assegurado uma defesa prevista constitucionalmente, enquanto trabalhadora”, salienta.

Bahia Notícias

Em discurso, Jerônimo afirma que adversários estão do lado do bolsonarismo


Em discurso, Jerônimo afirma que adversários estão do lado do bolsonarismo
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias

O pré-candidato ao Governo do Estado pelo PT, Jerônimo Rodrigues destacou a polarização das eleições deste ano durante discurso no ato com o ex-presidente Lula nesta quinta-feira (31), em Salvador. Para o petista, há uma divisão entre dois grupos na disputa ao Palácio de Ondina.

 

De um lado, está o "time de Lula", que é "do sonho, da esperança" e "trabalha para cuidar de gente" Do outro lado, na opinião de Jerônimo, está o grupo do atraso, formado por "pessoas que trabalham com ódio, que não têm coragem de assumir o presidente deles. Eles estão do lado do bolsonarismo".

 

Ao lado de Lula, do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner, Jerônimo afirmou que a Bahia não pode recuar: "não vamos deixar que na Bahia aconteça o que aconteceu no Brasil. Os nossos sonhos não podem andar para trás". No ato político, definido pelo pré-candidato como "festa da esperança, do sonho, da utopia", Jerônimo afirmou que "o povo brasileiro vai saber separar o joio do trigo".

 

Ainda durante o evento, o  pré-candidato a governador ainda ressaltou que “o povo brasileiro vai saber separar o joio do trigo” e afirmou que, assim como Rui Costa e Jaques Wagner, ele será “o governador da surpresa, da vitória e do sucesso”.

Bahia Notícias

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