Merval Pereira
O Globo
Bolsonaristas não querem confusão com ministro do STF e Cristiano Zanin deve ser aprovado no Senado sem problemas. Até Sérgio Moro desistiu de ser agressivo. Acredito estar tudo resolvido, mesmo além da suposta base do governo.
O documento encontrado na casa de Anderson Torres, a respeito de um golpe militar, é uma consequência do que foi encontrado no celular de Mauro Cid. O que me parece claro é que nunca houve adesão do Alto Comando a uma tentativa de golpe.
CONSTRANGIMENTO – Houve um posicionamento constrangedor de alguns militares, e outras autoridades preferiram não se declarar contra Bolsonaro abertamente, porque abriria uma crise institucional, e aí sim, haveria necessidade de tirar o presidente se algum general de quatro estrelas assumisse que estava havendo uma tentativa de golpe.
O que fizeram foi não dar trela. No 8 de janeiro não apareceu nenhum militar, graduado ou não, para se aproveitar daquele caos e declarar estado de sítio, argumentando que o país estava ingovernável.
Houve só baderna, que os golpistas esperavam que se transformasse numa justificativa para estado de sítio. O Alto Comando em nenhum momento aderiu.
HOUVE ERROS – Os comandantes militares cometeram erros, como deixar os acampamentos em frente ao quartel do Exército em Brasília – e em outros estados. Alegam que estavam em via pública, e não podiam tirar os acampados de lá. Tecnicamente pode ser isso, mas na prática, o entendimento da população era que estavam sendo apoiados pelo Exército. Foi um erro de compreensão da realidade.
Mas ficou provado que não havia adesão ao golpismo quando não tentaram se aproveitar da baderna. E as Forças Armadas estão trabalhando normalmente com o atual presidente.
Houve um ou outro caso de militar que teve que ser retirado do governo porque não gostava do Lula, mas de maneira geral, está tudo normal. Acredito que esse episódio será superado com a democracia mantida.