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terça-feira, junho 20, 2023

Entenda como o Alto-Comando impediu que o país entrasse numa nova ditadura


21/02/2017 Encontro com o Alto Comando do Exército | Flickr

Alto-Comando do Exército se posicionou na forma da lei

Roberto Nascimento

O Alto-Comando do Exército só não deu a ordem para desmobilizar os acampamentos diante dos quartéis, porque não lhe cabia fazê-lo, pois a determinação de manter os militantes partiu do comandante do Exército, em atenção ao ministro da Defesa e ao próprio comandante-em-chefe das Forças Armadas, o presidente da República.

Por muito menos, Bolsonaro já havia demitido o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E o Comando Militar do Planalto teve de aceitar o acampamento em sua área de segurança.

QUESTÃO DE CONFIANÇA – O tenente coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do presidente da República, apanhado pela apreensão do celular, respondeu ao coronel golpista Jean Lawand Jr. que Bolsonaro não confiava no Alto-Comando do Exército. Correto. Porém, em contrapartida, a maioria do Alto-Comando do Exército também não confiava no presidente da República.

Há informações de que, dos 16 generais de quatro estrelas, 12 deles não embarcaram na aventura golpista. Mesmo raciocínio para os Altos Comandos da Marinha e da Aeronáutica.

O mais incrível é que o apoio ao golpe já contaminara a grande maioria dos oficiais, circunstância que motivou os inacreditáveis diálogos entre o ajudante de ordens Mauro Cid e diversos coronéis, especialmente Jean Lawand Jr., um golpista vocacional, que desonra o Exército Brasileiro.

PRIMEIROS COLOCADOS – Sempre se classificando como número 1 nos cursos da carreira militar, exatamente como o tenente-coronel Mauro Cid, também o coronel Lawand Jr. demonstrou ser um péssimo estrategista, fato que joga por terra a falsa competência atribuída aos esses dois oficiais do EB. Ambos se empenharam para ser os primeiros colocados nos cursos, porém jamais poderiam ser considerados os melhores.

Assim, destruíram suas carreiras por uma aventura golpista. Não foram capazes de entender que os generais de quatro estrelas do Alto-Comando jamais iriam colocar os tanques nas ruas para Bolsonaro assumir como ditador e eles continuarem a bater continência para um mau militar, no dizer do general-presidente Ernesto Geisel e do general-ministro Leonidas Pires Gonçalves.

Falso defensor da Constituição, Bolsonaro parecia ter prazer de humilhar generais, como fez com Santos Cruz, Azevedo e Silva e Edson Pujol.

ESCAPAMOS POR POUCO – O fato concreto é que escapamos por pouco, muito pouco, mesmo. Bolsonaro e seus fanáticos estrategistas esperavam uma desordem generalizada, uma comoção nacional, se a bomba explodisse no aeroporto de Brasília, às vésperas do Natal.

Se isso tivesse acontecido, as tropas militares, sem alternativa, teriam invadido as ruas e o povo aceitar Bolsonaro como Interventor, com plenos poderes imperiais. Seria um desastre interplanetário, com potencial para dividir o país de Norte a Sul.

Assim, tivemos sorte, muita sorte. No entanto, não se pode deixar de reconhecer o comportamento isento e legalista do Alto-Comando, que hoje nos permite dizer que vivemos numa verdadeira democracia. É isso que interessa.

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