Publicado em 19 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Laryssa Borges
Veja
Desde o início do ano, uma presença constante tem chamado a atenção de funcionários do bloco R da Esplanada dos Ministérios. Trata-se de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pivô de um escândalo de corrupção que culminou na primeira grande onda de demissões do governo Dilma Rousseff.
Pagot já se reuniu pelo menos três vezes com o chefe da pasta dos Transportes, Renan Filho (MDB).
VOLTA AO PASSADO – A poucos meses do início do governo, os encontros alimentaram rumores de que Pagot se articulava para tentar voltar ao Dnit, autarquia responsável pela construção e manutenção das estradas da qual foi defenestrado após reportagem de Veja ter revelado a cobrança institucionalizada de propina no ministério durante o primeiro mandato de Dilma.
Renan Filho negou à Veja que a presença de Pagot tivesse relação com o preenchimento de cargos no Dnit.
Disse que, como consultor privado na área de logística, o ex-homem forte do governo na área dos transportes tem defendido a criação de um plano rodoviário emergencial para a recuperação de rodovias em estado precário de conservação.
INTERINAMENTE – Desde o início do governo, o Dnit é comandado interinamente pelo ex-superintendente do órgão em Alagoas, Fabrício Galvão, do esquema da família Calheiros e que deve ser efetivado no posto.
Durante o governo Dilma, Veja revelou que o Ministério dos Transportes, na época comandado pelo atual PL de Valdemar Costa Neto, montou um esquema de recolhimento de propina em que empreiteiros eram obrigados a pagar 4% de “pedágio político” em troca de contratos e liberação de faturas.
O então Partido da República, nome anterior do PL, exigia um ponto porcentual a mais para o caixa da legenda. Com a reportagem, a cúpula do Ministério dos Transportes, do Dnit e da antiga Valec, empresa responsável por ferrovias no governo, foi demitida.
CORRUPÇÃO DESLAVADA – O esquema de corrupção também permitiu que a empreiteira Delta, do empresário Fernando Cavendish, se tornasse a maior prestadora de serviços do governo, com faturamento superior a 3 bilhões de reais em contratos.
Pagot estava na lista de demissionários e, em uma cartada final, chegou a mandar recados ao governo de que poderia se tornar um homem-bomba e revelar esquemas corruptos no governo petista.
Meses depois o então chefe da pasta dos Transportes Alfredo Nascimento também acabou exonerado no que ficou conhecido como “faxina ética” – no primeiro ano do mandato de Dilma, seis ministros foram demitidos por suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nada mudou. Como diz o velho ditado, “mudam-se os cavalos, mas o cocho é o mesmo”. E o mais deprimente e ver um corrupto de carteira assinada sendo recebido pelo ministro e chamado de “consultor em logística”. A desfaçatez dessa gente é uma arte, como diria mestre Ataulfo Alves. (C.N.)