Publicado em 28 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Alice Cravo
O Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou nesta sexta-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro de “genocida” e “golpista”. Na ocasião, Lula criticava a postura de parte da população de enxergar todos os políticos como corruptos e afirmou que a postura levou à eleição de “Jânio Quadros com uma vassourinha” e a de Bolsonaro.
— A mania que a sociedade brasileira tem de ser convencida a não gostar de política, a não acreditar em política, a achar que todo político é corrupto, que todo mundo que não é político é honesto, é o que leva esse país a ter eleito Jânio Quadros com uma vassourinha, é que leva o Bolsonaro a ser eleito pescando marajá. É que leva esse genocida, golpista, ser eleito presidente da República.
SALÁRIOS FEDERAIS – Lula deu as declarações durante evento para sancionar o reajuste de 9% para os servidores públicos federais, incluindo aposentados e pensionistas. O novo valor começa a contar na folha a partir de 1° de maio, sendo pago no salário de 1° de junho.
Esta não é a primeira vez que Lula usa seus discursos oficiais para fazer críticas ao ex-presidente e a sua gestão. Mais cedo, na mesma ocasião, afirmou que o ex-chefe do Executivo fazia uma gestão de “monólogo” e governava apenas para um grupo restrito e que “esquecia que a sociedade era composta por mais gente, com mais interesse”. Lula afirmou ainda que Bolsonaro fez com que a população passasse a valorizar a democracia.
– Se tem uma coisa que a sociedade brasileira aprendeu com a passagem do desgoverno que saiu, se tem uma coisa que aprendemos é valorizar a democracia, a negociação, o diálogo. Esse país passou quase seis anos em que não se teve uma reunião com sindicato, governador, prefeito. Era um país do monólogo, de um governante que falava com ele e apenas com os seus, e esquecia que a sociedade era composta de muito mais gente, com muito mais interesse do que a turma do presidente da República – afirmou Lula durante o evento.
COM OS ÍNDIOS – Pela manhã, Lula participou de um ato no Acampamento Terra Livre, em Brasília, onde anunciou a demarcação de seis terras indígenas, paradas desde 2018. Na ocasião, Lula citou a crise humanitária Ianomâmi e afirmou que o povo foi vítima de “esquecimento” e “refém de garimpeiros”. O presidente fez críticas também à política ambiental do seu antecessor e ao garimpo, facilitado por Bolsonaro.
— Eu jamais imaginei que existisse um governo que deixasse crianças e pessoas adultas chegarem aquelas condições. Pessoas que quase não podiam levantar de fome. Crianças com o braço com a grossura de um dedo por falta de comida em um país que é o terceiro produtor de alimento no mundo. Aquele povo estava no esquecimento, estava sendo refém de garimpeiros — disse Lula ao discursar.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Para evitar a alta produtividade em asneiras, a cúpula do PT decidiu que Lula passaria a ler discursos previamente escritos para ele. Bem, qualquer pessoa com mais de dois neurônios sabe que o tema corrupção não deveria constar em nenhum discurso de Lula, por motivos óbvios. Mas o novo redator do PT pensa (?) o contrário. Antigamente, os discursos eram feitos por Luiz Dulci, mas dona Janja da Silva fez questão de afastá-lo do convívio com Lula, assim como outros amigos do marido, entre os quais Franklin Martins, Paulo Okamoto e Aloizio Mercadante, todos hoje distantes do Planalto. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C.N.)