Publicado em 15 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Antonio Carlos Rocha
O texto a seguir foi inspirado em um trecho do livro “Os Ensinamentos da Homon Butsuryu Shu”, de Nisso R. Fukuoka, que acaba de sair uma segunda edição. O autor é professor da Escola de Formação de Sacerdotes do Budismo Primordial HBS e vice-presidente do Instituto de Pesquisas da referida linhagem, no Japão.
A HBS foi a primeira escola budista a chegar ao Brasil, um missionário veio no primeiro navio que trazia imigrantes japoneses em 1908. Fundada em Kioto pelo escritor, poeta e monge Nissen Shounin, uma das características da linhagem é que sacerdotes e sacerdotisas podem casar, constituir família. Está presente em vários países.
GRANDE MESTRE – O patrono é o Grande Mestre Nichiren (1222-1282), filho de pescadores. Ficou órfão de pai e mãe aos 11 e foi adotado por um Templo local, onde foi educado. Nichiren é tão importante na cultura nipônica que um verso do Hino Nacional Japonês é inspirado nele,
A oração básica é o mantra “Namu Myouhou Rengue Kyou” (Eu me Refugio no Sutra Lótus).
São várias escolas budistas que têm esta prece como lema e tanto a grafia como a tradução e/ou adaptação tem pequenas variantes. O Sutra Lótus é uma escritura budista do chamado Mahayana, Grande Veículo, por ser mais aberta em muitos aspectos, amoldando-se em vários países onde chega. A melhor edição deste sutra tem 624 páginas e foi publicada em português nos EUA. Ou seja, é um manancial de ensinamentos e por isso nos “refugiamos” nesta Literatura Sagrada.
REPETIÇÃO DE MANTRAS – A questão da repetição de mantras tem levantado ao longo do tempo muitos estudos de pesquisadores sobre esta sonorização que acalma as pessoas com seus efeitos terapêuticos. E há outras implicações que abordaremos mais adiante em artigos posteriores.
Respeitosamente podemos dizer que Jesus também usava mantras. No monte da Transfiguração a Bíblia diz em Mt 26:44: “foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras”.
O ideal e recitar o Odaimoku, a repetição do mantra citado todo dia, numa mesma hora em um local silencioso. Calcula-se que em 20 minutos repetiremos mil vezes. Com uma intenção, por exemplo, saúde para si ou para outros, visualiza-se a pessoa e envia mentalmente as mil repetições para fins de tratamento médico. É um excelente remédio.
RELATO MÉDICO – E por falar em tratamento médico, o autor do livro em questão faz referência ao Dr. Tomio Shirai, Chefe do Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Tókyo, e relata:
“Respirando lenta e profundamente, o sangue se torna menos alcalino, o que aumenta o movimento dos vasos sanguíneos, melhorando o fluxo do sangue. Isso alivia o coração e deixa os músculos mais relaxados. Consequentemente a saúde melhora”.
Geralmente respiramos de 15 a 16 vezes por minuto, diz ele. Quando sentamos em frente ao Gohouzen (altar) entoamos o ‘Odaimoku’ aproximadamente 35 vezes por minuto, durante cerca de trinta minutos a uma hora. Nesse período, respiramos de 5 a 6 vezes por minuto. Isso significa que estamos inconscientemente respirando lenta e profundamente, durante a prática da Oração Sagrada.
É UMA BENÇÃO – É muito bom saber que, no primeiro mundo, a Medicina está estudando os efeitos benéficos da recitação contínua deste maravilhoso mantra. O “Namu Myouhou Rengue Kyou” é realmente uma bênção para a humanidade e quanto mais praticarmos, melhor.
Odaimoku é a recitação contínua do citado mantra que traduzimos por “Louvado seja o Sutra Lótus e seus ensinamentos sobre o Adhi-Buddha (Buda Primordial)”. Há traduções e adaptações parecidas. O importante é ter uma experiência de Fé com esta sonorização mântrica.
Por fim, esclarecemos que tais experiências não são iguais, porque o Budismo é plural.