Denise Rothenburg
Correio Braziliense
Nesta temporada de convenções para oficialização de candidaturas, o eleitor verá que nenhum partido está complemente fechado, seja com o seu candidato a governador ou ao Planalto. No Distrito Federal, por exemplo, o mesmo governador Ibaneis Rocha (MDB), que assinou o manifesto em apoio à candidatura presidencial da correligionária Simone Tebet, já estava posando para fotos, na mesma semana, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Assim, que ninguém se surpreenda se Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) tiverem alguma conversa definitiva antes do primeiro turno. O pedetista é, agora, oficialmente candidato, mas tem uma ala do partido disposta a balançar a candidatura e apoiar o petista Lula da Silva. A senadora tem o mesmo problema na sua legenda, com a diferença que os emedebistas são mais explícitos. Juntando as candidaturas, terão mais chances.
REAÇÃO DA BASE – Os políticos aliados de Bolsonaro estão tentando ocupar mais espaço na agenda presidencial a fim de evitar que a turma mais radical, os bolsonaristas-raiz, faça prosperar ideias como a reunião com os embaixadores.
Entre aliados mais radicais do presidente, porém, há a certeza que o encontro com os embaixadores pelo menos “ajudou” Bolsonaro a conclamar sua turma a questionar as urnas.
O conceito, muito usado por Donald Trump no passado, é chamado de “dog whistle” (apito usado em treinamento de cachorro, numa frequência que o ouvido humano não capta).
No caso, o cidadão comum talvez não tenha atentado que o presidente comentou que as eleições de 2020 nem deveriam ter ocorrido. Mas a turma radical registrou o recado.
QUADROS CONFUSOS – No Rio de Janeiro, André Ceciliano, pré-candidato ao Senado pelo PT, tem reunião com o governador Cláudio Castro (PL), lançado oficialmente candidato à reeleição, e com o pré-candidato a vice, Washington Reis (MDB), na quadra da escola de samba Estácio de Sá, daqui a oito dias. O encontro foi marcado por Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral.
Por fim, a operação da Polícia Federal que investiga fraudes em licitação da Codevasf assustou parte do Centrão.
Nas áreas técnicas do Parlamento, há quem diga que se a polícia seguir passo a passo as emendas enviadas à autarquia, vai ter muita gente obrigada a se explicar em plena campanha eleitoral.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Quanto mais rápida a união entre Ciro Gomes e Simone Tebet, melhor. Se demorarem muito, estarão ajudando a eleger Lula da Silva, com toda certeza. (C.N.)