20 de Jul de 2022, 23h17
Albano Franco: “Não me sinto seguro de realizar atos negociais relacionados ao meu patrimônio imobiliário”
Depois de chegar à velhice e de ver seu patrimônio quase que integralmente pulverizado, derruído e desaparecido, ao ponto de estar passando por perrengues para custear sua própria sobrevivência, o ex-governador de Sergipe por dois mandatos - 1995-1998 / 1999-2002 -, e ex-senador Albano Franco, 81 anos, foi à Justiça no último dia 2 de junho pedir preservação e segurança patrimonialista para três últimos imóveis que ainda lhe restam.
De acordo com um Termo de Declaração que Albano Franco fez registrar no Cartório do Terceiro Ofício e é de conhecimento público, nenhum negócio pode ser feito desfazendo os três bens que ele dispõe se não houver as assinaturas, em conjunto e uníssono, do filho Ricardo Barreto Franco e da filha Adélia Barreto Franco.
No documento, o ex-governador se declara inseguro e incapaz de decidir sozinho, apesar “de lúcido”, sobre a migração e a mobilidade patrimonial de qualquer um desses seus bens imóveis.
“Considerando a minha idade avançada e o meu estado de saúde, que se encontra agravado, conforme os últimos diagnósticos, declaro que, embora me sinta capaz e consciente dos meus atos civis, não me sinto seguro de realizar atos negociais relacionados ao meu patrimônio imobiliário sem o aconselhamento, participação e expressa assinatura ratificadora dos meus filhos Ricardo Barreto Franco e Adélia Barreto Franco”, disse a declaração do ex-governador registrada em cartório.
E os termos da declaração dizem mais, em reforço. “Neste sentido, declaro, de livre e espontânea vontade, também, que doravante todos os atos negociais relacionados ao meu patrimônio imobiliário devem contar, necessariamente, com o exame e assinatura dos meus filhos, Ricardo e Adélia, para que nem eu venha me prejudicar, nem eles, por consequência. Desejo ainda que esta declaração venha a constar nas matrículas de registro dos imóveis descritos abaixo”, diz o documento, e arrola os imóveis.
São um apartamento no Rio de Janeiro, que ele ficou como herança dos pais, um apartamento na Avenida Beira Mar, em Aracaju, em que mora, e um terreno de 80 mil metros quadrados na Rodovia Inácio Barbosa (antiga José Sarney), vizinho ao antigo Clube Social da extinta Energipe.
Segundo um parente de Albano Franco, a medida do ex-governador é expressamente para evitar que qualquer um desses bens de repente seja vendido, trocado, repassado de mão, incorporado ao patrimônio de qualquer um dos filhos, ou envolvido em qualquer transação empresarial tendo somente a assinatura dele, ou a de um dos filhos unilateralmente.
Na verdade, de acordo com esse parente, o registro em cartório visa salvaguardar Albano Franco e seu patrimônio bem mais da ação do filho Ricardo, a quem ele sempre teve como gestor efetivo, em prejuízo da filha Adélia, com quem hoje o irmão está em pé de guerra na Justiça pelo fato de que muito do que era dos três esteja atualmente quase que unilateralmente em nome dele.
Segundo esta fonte, um enorme prédio de Albano que abrigava em aluguel uma famosa faculdade em Aracaju, na Avenida João Ribeiro, na subida da Ladeira do Santo Antônio, consta hoje como sendo 95% de propriedade exclusiva de Ricardo, em prejuízo aberto à irmã Adélia.
Neste mês de julho, a Sabe Alimentos, indústria da família, foi vendida a uma empresa de laticínios do Espírito Santo. Estava fechada desde 2019 e a transação não teria deixado nenhum centavo para a família - foi tudo usado para pagar dívidas existentes. Enquanto isso, Albano tem recebido ajudas generosas de amigos próximos para custear a sobrevivência pessoal. Pela figura que sempre foi, seguramente ele não era merecedor desse estágio.
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